terça-feira, 29 de maio de 2007

Igreja Católica reage contra projeto de oferta de contraceptivos

Folha Online / LS

A Igreja Católica reagiu nesta segunda-feira ao projeto do governo federal de aumentar a oferta de métodos contraceptivos à população.


Porta-voz dos bispos que estão reunidos na 5ª Conferência do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano), em Aparecida (SP), o arcebispo de Belém (PA), d. Orani João Tempesta, criticou o programa. Disse que a saúde brasileira tem prioridades mais urgentes e que a decisão é motivada por interesses comerciais.


"O Brasil tem exigências mais importantes e necessárias na saúde do que gastar com isso [aumento da oferta de métodos contraceptivos]", disse d. Orani, durante entrevista coletiva no início da noite desta segunda.


Segundo ele, a Igreja continuará a pregar a "paternidade responsável", ou seja, o prática do sexo apenas após o casamento e com fins reprodutivos.


Para o religioso, que ressalvou que não falava em nome do Celam ou da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), os recursos que o governo federal investirá no programa deveriam ser usados para "ajudar os pobres e as Santas Casas" do país, que passam por dificuldades financeiras.


D. Orani, que é responsável pela comissão de comunicação da CNBB, disse ainda que a decisão do governo atende a interesses de "empresas que querem vender os seus produtos."


Temporão


O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, rebateu as críticas de D.Orani. Disse que a posição da Igreja Católica é "um equívoco" e que a opinião pública brasileira, inclusive dos católicos, é favorável à distribuição de anticoncepcionais como política de planejamento familiar.


"Eu te digo, com toda a franqueza, do que conheço da opinião pública, que o apoio da opinião pública brasileira a essas políticas [de planejamento familiar] é maciço. Não vejo na sociedade nenhuma posição significativa de resistência. Até porque as mulheres todas de classe média usam, os casais usam largamente, de qualquer religião. Essa questão não me preocupa", disse o ministro.


"Como toda visão na democracia brasileira, [a posição da Igreja Católica] tem que ser ouvida. Mas eu acho um equívoco total [a posição contra o uso de contraceptivos]", declarou.



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