quarta-feira, 28 de maio de 2008

Publicada uma instrução vaticana sobre obediência religiosa

Da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 28 de maio de 2008 (ZENIT.org).- A Congregação vaticana para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica publicou a Instrução «O serviço da autoridade e a obediência» nesta quarta-feira, ao mesmo tempo em que se apresentou em uma assembléia dos superiores e superioras gerais no «Salesianum» de Roma.

«O texto – diz um comunicado do dicastério, do qual se faz uma síntese o V.I.S., Vatican Information Service – enfrenta antes de tudo a temática da obediência religiosa (...) enquadrada como uma busca de Deus e de sua vontade, própria do crente.»

«A obediência cristã e religiosa não se configura, antes de tudo ou simplesmente, como uma execução de leis ou de disposições eclesiásticas ou religiosas, mas como uma etapa do caminho na busca de Deus – prossegue a Congregação –, que passa através da escuta de sua Palavra, a conscientização de seu projeto de amor, a experiência fundamental de Cristo, o obediente por amor até a morte de cruz.»

«A autoridade na vida religiosa se caracteriza, portanto, como ajuda à comunidade (ou ao instituto) para buscar e cumprir a vontade de Deus. A obediência não se justifica, portanto, a partir da autoridade religiosa, já que todos na comunidade religiosa, em primeiro lugar a autoridade, estão chamados a obedecer. A autoridade se põe ao serviço da comunidade para buscar e realizar junto a vontade de Deus.»

«O tema da autoridade religiosa – especifica o comunicado – se enquadra dentro do compromisso comum da obediência, (...) o tema que abre e fecha o documento.»

A Instrução aborda também «a delicada questão das ‘obediências difíceis’, ou seja, aquelas nas quais o que se pede ao religioso ou à religiosa resulta particularmente grave ou aquelas onde o que deve obedecer pensa que há ‘coisas melhores e mais úteis para sua alma das que lhe ordena o superior’. (...) O documento menciona também a possível ‘objeção de consciência’ em quem deve obedecer, avaliando-se um texto ainda atual de Paulo VI».

«A Instrução pretende recordar, sobretudo, que a obediência na vida religiosa pode também dar lugar a momentos difíceis e situações de sofrimento nas quais é necessário pensar no Obediente por excelência, Cristo.» (...) Por outro lado, afirma-se que também «a autoridade pode ser ‘difícil’ e levar a momentos de desalento ou cansaço que podem desembocar em comportamentos de renúncia ou descuido na hora de exercer uma guia adequada (...) da comunidade».

«A referência à consciência ajuda a conceber a obediência não meramente como uma execução de ordens passiva e sem responsabilidade, mas como um assumir de forma responsável compromissos que (...) são atuação concreta da vontade de Deus.»

«Se o documento contém uma exortação à obediência, serena e motivada na fé, também oferece um amplo e articulado conjunto de indicações para o exercício da autoridade», como «o convite à escuta, a favorecer o diálogo, a divisão, a co-responsabilidade, (...) a tratar com misericórdia as pessoas confiadas».

A Instrução «outorga um destaque particular à comunidade religiosa como lugar onde, sob a guia do superior ou da superiora, se exerce um ‘discernimento comunitário’ com relação às decisões a tomar. Esta práxis, para a qual se oferecem importantes indicações, não elimina, contudo, a tarefa própria da autoridade (...) Não se deve esquecer, por outro lado, que a autoridade mais alta dentro dos Institutos religiosos – aponta o comunicado do dicastério – reside por tradição no Capítulo Geral (ou reuniões análogas), que é um organismo de caráter colegial».

terça-feira, 27 de maio de 2008

Na véspera de julgamento, militantes atuam contra pesquisas com embriões no Brasil

Supremo Tribunal Federal decide esta quarta-feira sobre a matéria

Por Alexandre Ribeiro

BRASÍLIA, terça-feira, 27 de maio de 2008 (ZENIT.org).- Diferentes representantes pró-vida no Brasil atuaram esta terça-feira em Brasília junto do Supremo Tribunal Federal para se manifestar contra a pesquisa com células-tronco embrionárias.

O Supremo dá prosseguimento esta quarta-feira ao julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3.510. Proposta há três anos pelo então procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, a ADI contesta o artigo 5º da Lei de Biossegurança, que liberou a pesquisa com células-tronco embrionárias no país.

O julgamento da matéria foi iniciado no dia 5 de março. Na ocasião, após os votos contra a ADI e favoráveis à pesquisa com embriões por parte dos ministros Carlos Ayres Britto (relator) e Ellen Gracie (então presidente), a sessão foi suspensa por pedido de vista do ministro Menezes Direito.

Esta terça-feira, um grupo de cientistas, juristas e militantes pró-vida entregou aos ministros do Supremo uma declaração que apresenta as razões para se votar contra as pesquisas com embriões.

No texto, assinado, entre outros, pelo próprio Cláudio Fonteles, atualmente subprocurador geral da República, explica-se que «o conhecimento científico, consolidado internacionalmente, apresenta vasta bibliografia da ciência médica, especialmente da embriologia, expressando claramente que a vida de cada indivíduo humano se inicia com a fecundação».

«A natureza e a indissociável dignidade humanas ou estarão presentes desde o início, ou seja, desde a fecundação, ou não estarão presentes nunca.»

«É necessário reconhecê-las desde o primeiro instante, e que permanecem até a morte do indivíduo ou pessoa, que, como confirma o ensinamento da ciência médica, tem um desenvolvimento gradual, progressivo, sem saltos nem “metamorfoses”», afirma.

De acordo com a declaração, «pretender classificar os seres humanos, desconsiderando sua realidade biológica e humanidade, adotando critérios utilitaristas ou de “investimento acumulado”, parece contrariar não só os dados da natureza, como também os da cultura nacional, incluído o Direito, que desde os primeiros projetos de codificação civil pátrios, no século XIX, reconhece e protege o nascituro e seus direitos “desde a concepção”».

«O direito à vida é o primeiro e o pressuposto de exercício de todos os demais direitos», enfatiza o texto.

Ainda na tarde de hoje, os representantes pró-vida reunidos em Brasília para acompanhar a votação de amanhã no Supremo participariam de uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir o tema.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Papa alerta sobre «cinismo relativista» que substitui verdade na comunicação

Ao receber representantes de Faculdades de Comunicação de Universidades Católicas

Por Marta Lago

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 23 de maio de 2008 (ZENIT.org).- O Papa exorta a que a tarefa formativa dos futuros profissionais da comunicação desterre o relativismo que rejeita ou ignora apelar à verdade.

Bento XVI comentou isso ao receber em audiência, nesta sexta-feira, os participantes do Congresso de Faculdades de Comunicação Social das Universidades Católicas.

A convocação, promovida pelo Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, reúne em Roma, de 22 a 24 de maio, especialistas de 43 países em representação de 45 universidades e 13 instituições e organismos do âmbito da mídia.

No contexto de reflexão sobre a identidade e missão desses centros de formação, os participantes no encontro levam a cabo um diálogo amplo sobre a complexidade atual da comunicação.

E esta, «enquanto prefigura horizontes futuros e potencialidades sempre novas, propõe delicados problemas no campo ético», reconheceu o presidente do dicastério, o arcebispo Claudio Maria Celli, em suas palavras de saudação ao Santo Padre.

Daí que o Congresso – acrescentou o prelado – siga o conceito de «info-ética» que Bento XVI indicou – em sua mensagem para a recente Jornada Mundial das Comunicações Sociais –, orientado a assinalar a decisiva incidência dos aspectos morais na utilização dos meios de comunicação.

De fato, o Santo Padre exortou nesta sexta-feira a dar «maior atenção aos programas acadêmicos do âmbito dos meios de comunicação social, em especial nas dimensões éticas da comunicação entre as pessoas».

«É importante que esta formação jamais seja considerada como um simples exercício técnico ou como mero desejo de dar informações», advertiu; «é oportuno que seja muito mais um convite a promover a verdade na informação e a fazer nossos contemporâneos refletirem sobre os acontecimentos».

O «compromisso com as questões da verdade» deve centrar toda reflexão sobre a comunicação humana; «um comunicador pode tentar informar, educar, entreter, convencer, consolar, mas o valor final de qualquer comunicação reside em sua veracidade», afirmou o Papa.

Longe de «promover os objetivos e os propósitos do comunicador ou daqueles para quem trabalha sem considerar a verdade», «a arte da comunicação está por natureza ligada a um valor ético, às virtudes que são o fundamento da moral», refletiu.

Professor universitário durante um longo tempo, o Papa Joseph Ratzinger falou aos docentes animando-os a alimentar e recompensar «a paixão pela verdade e a bondade que sempre é forte nos jovens».

«Mas ensinai-os também que a própria paixão pela verdade, que igualmente pode ajudar-se de certo ceticismo metodológico, em particular em questões de interesse público, não deve distorcer-se nem converter-se em um cinismo relativista – acrescentou –, segundo o qual toda apelação à verdade e à beleza é habitualmente rejeitada ou ignorada.»

Quanto à identidade de uma universidade católica, não é o número de estudantes de tal fé o que a determina, recordou Bento XVI, mas sua «convicção»: «crer verdadeiramente que só no mistério do Verbo feito carne se esclarece o mistério do homem».

Desta forma, a fé permite uma aproximação mais ampla do campo da comunicação humana, que «não é um simples produto de uma mera e fortuita casualidade ou de nossas capacidades», apontou.

Da revelação bíblica se desprende – exemplificou – que a comunicação «reflete mais nossa participação no Amor trinitário criativo, comunicativo e unificador que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo».

domingo, 25 de maio de 2008

Adoração eucarística é o mais forte convívio com a divindade, afirma cardeal

Dom José Policarpo explicou sentido da adoração na missa de Corpus Christi

LISBOA, domingo, 25 de maio de 2008 (ZENIT.org).- O Cardeal-Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, considera que a adoração eucarística «é o mais forte convívio com a divindade».

Na missa da Solenidade de Corpus Christi, quinta-feira passada, o cardeal explicou que, na adoração, «sentimos que Deus é Deus para nós e nós somos d’Ele, somos suas criaturas e seus Filhos».

«Adorar é reconhecer Deus no que Ele é, na transcendência do Seu mistério, e aceitarmo-nos na nossa pequenez e fragilidade, sentindo que a nossa grandeza nos vem de Jesus Cristo e que só n’Ele venceremos o nosso pecado.»

O cardeal afirma que «as expressões tradicionais da adoração, que envolvem todo o nosso ser, corpo e espírito, exprimem essa verdade de Deus perante nós e de nós perante Deus: a prostração, o dobrar os joelhos, o abandono de todo o nosso ser à majestade de Deus».

«Nesse abandono confiante, reconhecemos nessa presença real a exclusividade do nosso Deus, como único Deus verdadeiro.»

Dom José Policarpo considera que a adoração eucarística «é, antes de mais, a manifestação da nossa fé na presença real e pessoal de Cristo nas espécies eucarísticas».

«A presença real de Cristo na Eucaristia é a expressão mais completa daquilo que Cristo é na totalidade do Seu mistério: Deus connosco, Deus ao nosso alcance a propor intimidade na proximidade dessa presença.»

«Nessa proximidade, Ele é Deus, exprime-Se na Palavra que nos toca o coração, no amor que nos atrai e nos transforma, na força que nos permite vencer dificuldades e ousar viver de modo a sermos semelhantes a Jesus», afirma.

Na adoração --afirma Dom José Policarpo--, «a Eucaristia continua a ser o nosso alimento e prolonga aquela união misteriosa com Cristo ao comungarmos o Seu corpo e sangue».

«Adorar Cristo na Eucaristia é, realmente, continuar a recebê-l’O como alimento e como experiência de eternidade», destaca.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Mercado da Fé

Roteiro e Arte: Emerson H. de Oliveira

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Como e por que Igreja reconhece aparições de Nossa Senhora

Declaração após a aprovação oficial das aparições de Laus (França)

ROMA, quarta-feira, 14 de maio de 2008 (ZENIT.org).- Em 4 de maio passado, durante uma missa celebrada na cidade dos Alpes franceses de Laus, o bispo de Gap, Dom Jean-Michel di Falco, notificou a aprovação oficial da Igreja das aparições da Virgem Maria a Benôite Rencurel, de 17 anos, entre 1664 e 1718.

Entre os assistentes, estava o cardeal mexicano Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde, o cardeal Sergio Sebastiani, presidente da Prefeitura de Assuntos Econômicos da Santa Sé, o cardeal Jorge Maria Mejía, arquivista e bibliotecário emérito do Estado da Cidade do Vaticano, o bispo Renato Boccardo, secretário-geral do Estado da Cidade do Vaticano, e outros cardeais, bispos e abades franceses, e o núncio apostólico na França, o arcebispo Fortunato Baldelli.

Dom di Falco recordou que estas são as primeiras aparições marianas reconhecidas oficialmente no século XXI pela Igreja na França e pela Santa Sé. É a primeira vez que um acontecimento tão singular ocorre desde as aparições de Lourdes, em 1862.

Dom di Falco recordou que «ninguém está obrigado a crer nas aparições, inclusive naquelas reconhecidas oficialmente; mas se são uma ajuda em nossa fé e em nossa vida diária, por que rejeitá-las?».

O santuário de Nossa Senhora de Laus atrai cerca de 120 mil peregrinos por ano.

A partir do reconhecimento das aparições, o Pe. Salvatore M. Perrella, especialista professor de Dogmática e Mariologia na Pontifícia Faculdade Teológica Marianum, em Roma, declarou os critérios que a Igreja utiliza para determinar a legitimidade das aparições marianas.

Em um artigo publicado em «L’Osservatore Romano», explica a diferença entre visão e aparição. A primeira é de índole espiritual, enquanto que a segunda é de ordem física, ou seja, que existe a experiência real e sensível de quem aparece.

Atualmente, pede-se «ao bispo diocesano, ao arcebispo metropolitano – em tempos mais recentes às conferências episcopais do território – e ao Papa o discernimento sobre a veracidade dos fatos apresentados».

Indicou que «a Congregação para a Doutrina da Fé, depois de quatro anos de estudo desde novembro de 1974, redigiu, em 25 de fevereiro de 1978, um documento interno e super secreto, com a assinatura do cardeal prefeito Franjo Seper, para ser utilizado pelas autoridades eclesiásticas competentes que leva por título Normae S. Congregationis pro Doctrina Fidei de modo procedendi in iudicandis praesumptis apparitionibus ac revelationibus (Normas da Congregação para a Doutrina da Fé sobre o modo de proceder para julgar as supostas aparições e revelações)».

O especialista assinalou que este dicastério vaticano estabelece que para proceder com a verificação, é preciso obter «informação precisa sobre os fatos sob observação e a reunião de testemunhas dos sinais de fé, exame da mensagem sujeita no fato sobrenatural, que não deve estar contra a fé cristã, diagnóstico médico-psicológico para garantir a saúde e a normalidade do vidente, e também para descartar a possibilidade de fenômenos alucinatórios; nível de educação do vidente, seu conhecimento da doutrina, sua vida espiritual, seu grau de comunhão eclesial, frutos espirituais, como o retorno da fé dos afastados; moralidade e eclesialidade da existência, cooperação na evangelização do mundo, cultura e costume, eventuais curas milagrosas que se recebem em razão da referida revelação privada, o juízo da Igreja».

Após minuciosos exames dos fatos referidos a uma aparição, disse o sacerdote, a Igreja «aprovou, durante o curso da história, aparições de 295 propostas para sua indagação, entre as quais a 12ª é a referida a Nossa Senhora de Laus».

«Uma vez verificadas e autenticadas pela autoridade eclesiástica, as manifestações extraordinárias consentem a liberdade de adesão, porque a fé se presta só à revelação pública de Deus concluída com a morte do último dos Apóstolos», precisou o especialista italiano.

Após explicar que as aparições são uma graça «dada gratuitamente do Céu», o Pe. Perrella recordou que se estas ajudam a aumentar a fé das pessoas, «não amplificam a Revelação dada com a Sagrada Escritura à Igreja, mas ajudam a torná-la atual em um determinado momento».

terça-feira, 13 de maio de 2008

Bento XVI faz balanço das relações entre Santa Sé e Israel

No discurso ao novo embaixador desse país

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 12 de maio de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos o discurso que Bento XVI dirigiu nesta segunda-feira ao novo embaixador de Israel ante a Santa Sé, Mordechay Lewy.

* * *

Excelência:

Com alegria dou-lhe as boas-vindas no início de sua missão e apresentação das cartas que o acreditam como embaixador extraordinário e plenipotenciário do Estado de Israel na Santa Sé. Agradeço-o por suas amáveis palavras e peço-lhe que transmita ao presidente Shimon Peres minhas respeitosas saudações e minhas orações pelas pessoas de seu país.

Mais uma vez, transmito meus melhores desejos por ocasião da celebração dos 60 anos do estabelecimento do Estado de Israel. A Santa Sé se une ao senhor na ação de graças ao Senhor pelo fato de que se tenham cumprido as aspirações do povo judeu a ter uma casa na terra de seus pais, e espera poder ver logo um tempo de maior regozijo, quando uma paz justa resolva finalmente o conflito com os palestinos. A Santa Sé valoriza particularmente suas relações com Israel, estabelecidas há 15 anos, busca desenvolvê-las, fortalecendo o respeito, a estima e a colaboração que nos une.

Entre o Estado de Israel e a Santa Sé há numerosas áreas de interesses mútuo que podem ser exploradas com proveito. Como o senhor assinalou, a herança judaico-cristã deverá inspirar-nos para promover múltiplas formas de atividades sociais e humanitárias em todo o mundo, entre outras, lutando contra toda forma de discriminação étnica. Compartilho o entusiasmo de sua excelência pelos intercâmbios culturais e acadêmicos levados a cabo entre as instituições católicas de todo o mundo e as da Terra Santa, e eu também desejo que estas iniciativas se desenvolvam ainda mais nos próximos anos.

O diálogo fraterno que acontece no âmbito internacional entre judeus e cristãos está dando muito fruto e tem de continuar com compromisso e generosidade. As cidades santas de Roma e Jerusalém são importantíssimas fontes de fé e sabedoria para a civilização ocidental e, por conseguinte, os laços entre Israel e a Santa Sé têm uma ressonância mais profunda que os derivados formalmente da dimensão jurídica dos mesmos.

Excelência, sei que o senhor compartilha minha preocupação pela alarmante diminuição da população cristã no Oriente Médio, incluindo Israel, por causa da emigração. Certamente, os cristãos não são os únicos que sofrem os efeitos da insegurança e da violência como resultado dos diferentes conflitos na região, mas em muitos aspectos são particularmente vulneráveis nestes momentos.

Rezo para que, como conseqüência da crescente amizade entre Israel e a Santa Sé, encontrem formas para tranqüilizar a comunidade cristã de maneira que recobre esperança em um futuro seguro e pacífico em seus lares ancestrais, sem sentir a pressão de ter de emigrar a outros lugares do mundo para edificar novas idéias.

Os cristãos na Terra Santa desfrutaram há muito tempo de boas relações tanto com os muçulmanos como com os judeus. Sua presença em seu país e o livre exercício da missão e a vida da Igreja nele representam um potencial para contribuir significativamente a cicatrizar a separação entre ambas comunidades. Rezo para que assim seja e convido seu governo a continuar explorando caminhos para aproveitar a boa vontade dos cristãos, seja a favor dos descendentes naturais do povo que escutou em primeiro lugar a Palavra de Deus, seja a favor de nossos irmãos e irmãs muçulmanos, que há séculos vivem e praticam o próprio culto na terra que as três tradições religiosas definem como «santa».

Percebo que as dificuldades dos cristãos na Terra Santa estão também ligadas à tensão contínua entre as comunidades judaicas e palestinas. A Santa Sé reconhece o direito legítimo de Israel à segurança e à própria defesa e condena firmemente qualquer forma de anti-semitismo. Também sustenta que todos os povos têm direito a que lhes sejam concedidas as mesmas oportunidades para desenvolver-se. Portanto, peço a seu governo que faça todos os esforços possíveis para aliviar as dificuldades que a comunidade palestina sofre, dando-lhe a liberdade necessária para levar a cabo suas atividades legítimas, incluindo o acesso a seus lugares de culto, para que desfrutem de uma maior paz e segurança.

Obviamente, estes temas só podem ser tratados no contexto mais amplo do processo de paz no Oriente Médio. A Santa Sé acolhe o compromisso expressado por seu governo de continuar com o impulso que se voltou a ativar em Anápolis e reza para que as esperanças e as expectativas suscitadas naquela sede não sejam decepcionadas. Como observei em meu recente discurso nas Nações Unidas, em Nova York, é necessário percorrer todo caminho diplomático e prestar atenção «aos mais tênues sinais de diálogo de reconciliação», se querem resolver os conflitos. Quando todas as pessoas da Terra Santa viverem em paz e harmonia, em dois estados soberanos independentes, o benefício para a paz do mundo será inestimável e Israel será realmente «luz entre as nações» [o Papa escreveu esta expressão em caracteres hebraicos que não podemos transcrever por razões técnicas, N. do T.] (Isaías 42, 6), um luminoso exemplo de resolução de conflitos que o resto do mundo poderá seguir.

Muito trabalho foi dedicado a formular os acordos que desde então foram assinados por Israel e a Terra Santa e é de desejar que as negociações relativas a questões econômicas e fiscais consigam logo uma conclusão satisfatória. Obrigado por suas palavras tranqüilizadoras sobre o compromisso do governo de Israel por uma solução positiva e rápida dos problemas que ainda ficam por resolver. Sou consciente de que falo em nome de muitos quando expresso a esperança de que estes acordos possam ser integrados logo no sistema jurídico interno israelense e fixar assim o fundamento duradouro para uma cooperação fecunda.

Dado o interesse pessoal que sua excelência tem pela situação dos cristãos na Terra Santa, e que é sumamente valorizado, sei que compreende as dificuldades causadas pelas contínuas incertezas sobre seus direitos e status legal, em particular a propósito da questão dos vistos do pessoal eclesiástico. Estou certo de que fará tudo o que puder para facilitar a resolução dos demais problemas de uma maneira aceitável para todas as partes em causa. Só quando estas dificuldades forem superadas, a Igreja poderá desenvolver livremente suas obras religiosas, morais, educativas e caritativas na terra na qual nasceu.

Excelência, rezo para que a missão diplomática que começa hoje reforce ulteriormente os vínculos de amizade entre a Santa Sé e seu país. Pode estar seguro de que os diferentes dicastérios da Cúria Romana estarão sempre dispostos a oferecer-lhe ajuda e apoio no cumprimento de seus deveres. Com meus melhores desejos, invoco para o senhor, para sua família e para todo o povo do Estado de Israel as abundantes bênçãos de Deus.

[Tradução: Élison Santos. Revisão: Aline Banchieri

© Copyright 2008 - Libreria Editrice Vaticana]

Falece «uma das mais heróicas salvadoras católicas do holocausto»

Irena Sendler salvou a vida de 2.500 crianças judias

VARSÓVIA, segunda-feira, 12 de maio de 2008 (ZENIT.org).- Irena Sendler, conhecida como «o anjo do Gueto de Varsóvia» por ter salvado do Holocausto 2.500 crianças judias, faleceu nesta segunda-feira em Varsóvia, aos 98 anos.

Irena era uma assistente social polonesa que organizou e dirigiu um grupo de mais de 20 pessoas para salvar da morte certa as crianças nesse bairro da capital polonesa sob a ocupação nazista. Como ela explicou depois, pôde realizar este trabalho graças à ajuda de religiosas polonesas.

A Fundação Internacional Raoul Wallenberg, uma organização não-governamental educativa internacional, fundada pelo argentino Baruj Tenembaum, que analisou e documentou numerosos casos de salvadores do Holocausto, em declarações à Zenit qualificou Sendler como «uma das mais heróicas salvadoras católicas do Holocausto».

Esta fundação com sede em Jerusalém, Nova York e Buenos Aires, recorda que este trabalho levou Irena a suportar a tortura na prisão nazista e uma condenação à morte que para sua sorte não foi executada.

Irena Sendler nasceu na Polônia em 1910. Quando a Alemanha invadiu o país em 1939, Irena era enfermeira no Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia que era responsável pelos refeitórios da cidade.

Lá trabalhou incansavelmente para aliviar o sofrimento de milhares de pessoas, tanto judias como católicas. Graças a ela, estes refeitórios não só proporcionavam comida para órfãos, anciãos e pobres, mas também entregavam roupa, medicamentos e dinheiro.

Para evitar as inspeções, registrava as pessoas sob nomes católicos fictícios ou as inscrevia como pacientes de doenças muito contagiosas, como o tifo e a tuberculose.

Mas em 1942, com a designação de uma área fechada para alojar os judeus, conhecida como o «Gueto de Varsóvia», as famílias só podiam esperar uma morte certa.

Irena se uniu ao Conselho para a Ajuda de Judeus, organizado pela resistência polonesa, explica a Fundação Wallenberg em sua biografia enviada à Zenit. Conseguiu obter um passe do Departamento de Controle Epidêmico de Varsóvia para poder ingressar ao gueto em forma legal. Persuadir os pais de separar-se de seus filhos era um trabalho horroroso para uma jovem mãe como Irena. «pode assegurar que viverá?», Irena perguntava aos angustiados pais. Mas só podia garantir que morreriam se ficassem. «Em meus sonhos, ainda posso ouvi-los chorar quando deixavam seus pais», dizia depois.

Após a guerra, trabalhou para o bem-estar social; ajudou a criar casas para anciãos, orfanatos e um sérvio de emergência para crianças.

Em 1965 recebeu o título de Justa entre as Nações pela organização Yad Vashem de Jerusalém e em 1991 foi declarada cidadã honorária de Israel.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Papa concede indulgência plenária por ocasião do Ano Paulino

Segunda-feira, 12 de maio de 2008, 11h16


Rádio Vaticano

O Papa Bento XVI concedeu a indulgência plenária por ocasião do Ano Paulino, proclamado para celebrar os dois mil anos de nascimento de São Paulo. A Penitenciaria Apostólica publicou sábado o respectivo decreto, que abrange o período que vai de 28 de junho próximo até 29 de junho de 2009, a Solenidade dos Santos Pedro e Paulo.

Pode-se pedir a indulgência para si mesmo ou para os defuntos, visitando, em forma de peregrinação, a Basílica de São Paulo fora dos Muros, em Roma. São necessárias as habituais condições: a confissão, a comunhão e a oração segundo as intenções do Papa, praticadas com espírito de arrependimento e destacado de todo pecado, mesmo venial.

O decreto estabelece, ainda, que podem obter a indulgência plenária os fiéis das várias igrejas locais que, satisfeitas as exigências habituais, "participarem devotamente numa função sacra ou num piedoso exercício publicamente realizados em honra do Apóstolo dos Gentios, nos dias da abertura solene e do encerramento do Ano Paulino, em todos os lugares sagrados, e noutros dias determinados pelo Bispo local, nos lugares sagrados intitulados a São Paulo, e, para a utilidade dos fiéis, noutros lugares designados pelo mesmo Bispo".

A indulgência plenária é concedida também aos fiéis que, "impedidos por doença ou outra causa legítima e relevante" e com o propósito de satisfazer as habituais condições tão cedo quanto possível, se unirem espiritualmente a uma celebração jubilar em honra a São Paulo, oferecendo a Deus as suas orações e sofrimentos pela unidade dos cristãos.

domingo, 11 de maio de 2008

Igreja, unidade na diversidade; explica Bento XVI em Pentecostes

Convertendo-se assim em mensageira da paz de Cristo ao mundo

CIDADE DO VATICANO, domingo, 11 de maio de 2008 (ZENIT.org).- A Igreja constitui uma unidade na diversidade, chamada a transmitir a verdadeira paz de Cristo a toda a humanidade, assegurou Bento XVI na solenidade de Pentecostes.

Assim explicou o Santo Padre durante a homilia da celebração eucarística deste domingo, presidida em uma Basílica de São Pedro do Vaticano cheia de peregrinos, na qual declarou que a Igreja não é «uma federação de Igrejas».

Como explicou o pontífice comentando as escrituras da liturgia, a Igreja teve seu «batismo de fogo» na vinda do Espírito Santo sobre os discípulos, reunidos junto com a Virgem Maria em Jerusalém.

«Em Pentecostes a Igreja não fica constituída pela vontade humana, mas pela fortaleza do Espírito de Deus. E imediatamente pode-se ver que este Espírito dá vida a uma comunidade que é ao mesmo tempo única e universal, superando assim a maldição de Babel», assegurou.

Multiplicidade e unidade

«De fato, só o Espírito Santo - sublinhou -, que cria unidade no amor e na recíproca aceitação das diversidades, pode libertar a humanidade da constante tentação de uma vontade de potência que quer dominá-lo e uniformizá-lo totalmente».

O Papa quis deter-se em «um aspecto peculiar da ação do Espírito Santo», ou seja, na relação entre «multiplicidade e unidade».

Já em Pentecostes fica claro, disse, que «pertencem à Igreja os diferentes idiomas e culturas; na fé podem compreender-se e fecundar-se mutuamente», desde seu nascimento a Igreja «já é “católica, universal».

«Fala desde o início todos os idiomas, pois o Evangelho que se confiou está destinado a todos os povos, segundo a vontade e o mandato de Cristo ressuscitado».

«A Igreja que nasce em Pentecostes não é antes de tudo uma comunidade particular, a Igreja de Jerusalém, mas a Igreja universal, que fala os idiomas de todos os povos».

«Dela nascerão depois as demais comunidades em todas as partes do mundo, Igrejas particulares que são sempre expressão da única Igreja de Cristo».

«Portanto, a Igreja Católica não é uma federação de Igrejas, mas uma realidade única: a prioridade ontológica corresponde à Igreja universal - indicou -. Uma comunidade que não fosse neste sentido católica não seria nem sequer Igreja».

Vínculo de paz para a humanidade

Mas esta unidade não só deve ser vivida dentro da Igreja, mas tem de ser anunciada também «até os confins da terra».

Uma mensagem que Jesus ressuscitado pronuncia com a palavra hebraica «Shalom, paz a vós!».

«A expressão shalom não é uma simples saudação - declarou o bispo de Roma -; é muito mais: é o dom da paz prometida, conquistada por Jesus com o preço de seu sangue, é o fruto da vitória na luta contra o espírito do mal».

Em Pentecostes, o Papa pediu voltar a tomar consciência da «responsabilidade que implica este dom: responsabilidade da Igreja de ser constitucionalmente sinal e instrumento da paz de Deus para todos os povos».

«Tentei transmitir esta mensagem ao visitar recentemente a sede da ONU para dirigir minha palavra aos representantes dos povos», confessou.

«A Igreja realiza seu serviço à paz de Cristo sobretudo na presença e ação ordinária em meio dos homens, com a pregação do Evangelho e com os sinais de amor e de misericórdia que a acompanham», acrescentou.

E, entre estes sinais, sublinhou principalmente o serviço que a Igreja oferece ao ministrar o sacramento da Reconciliação.

«Que importante --infelizmente não suficientemente compreendido-- é o dom da Reconciliação, que pacifica os corações!», exclamou.

«A paz de Cristo se difunde só através de corações renovados de homens e mulheres reconciliados, servidores da justiça, dispostos a difundir no mundo a paz com a única força da verdade, sem rebaixar-se a compromissos com a mentalidade do mundo, pois o mundo não pode dar a paz de Cristo: deste modo a Igreja pode ser fermento dessa reconciliação que procede de Deus», concluiu.

sábado, 10 de maio de 2008

Patriarca Karekin II: Igreja católica e armênia juntas pelos direitos humanos

Ressurge a Igreja apostólica da primeira nação cristã da história

Por Mirko Testa

ROMA, sexta-feira, 9 de maio de 2008 (ZENIT.org).- A Igreja católica e a armênia, ainda que não tenham conseguido a unidade plena, têm o dever de unir cada vez mais seus esforços em defesa dos direitos humanos e da paz, disse nesta sexta-feira Sua Santidade Karekin II, patriarca supremo e catholicos de todos os armênios.

Em uma coletiva de imprensa, celebrada em Roma na sede da «Rádio Vaticano», poucas horas depois de ter sido recebido em audiência por Bento XVI, o chefe da Igreja Armênia sublinhou o ótimo estado de saúde das relações entre as duas Igrejas.

Lendo uma mensagem em inglês aos jornalistas presentes, o patriarca repassou brevemente a historia da Armênia, o primeiro país oficialmente cristão da história, e o primeiro em ter padecido um genocídio moderno no século XX, entre 1915 e 1922, nas mãos dos turcos.

Segundo algumas fontes, fala-se de um milhão e meio de vítimas, de dois milhões de deportados e de mais de 500 mil pessoas que tiveram que abandonar sua terra para fugir ao exterior.

Logo seu país experimentou a perseguição religiosa comunista em tempos da União Soviética, recuperando a independência em 1991, após a queda da cortina de ferro.

O catholicos considera que as relações entre católicos e cristãos armênios se encontram em um momento único na história.

«Esta visita minha acontece para reforçar a cálida atmosfera de amor e respeito que se formou entre nossas duas Igrejas.»

«O amor recebido de nosso Senhor Jesus Cristo traz muito fruto no campo do ecumenismo hoje. Fiéis aos pais da Igreja e à sua herança, apesar de nossas diferenças e características únicas, devemos dar mais importância ao que nos une.»

Nestes tempos de rápidas mudanças políticas, sociais e econômicas, amplificados pela globalização, acrescentou, «a consolidação de esforços e o trabalho em comum são um imperativo para as Igrejas cristãs».

«Só através da cooperação seremos capazes de servir melhor ao estabelecimento da paz no mundo e a uma melhor defesa dos direitos humanos, dos direitos das nações, das famílias, e das classes sociais que correm maior riscos.»

«A transfiguração da vida através dos valores do Evangelho deve ser nossa senda para a criação de um mundo próspero e virtuoso», concluiu.

A Igreja Apostólica Armênia faz parte das Igrejas chamadas com freqüência «do antigo oriente cristão», ou também «ortodoxas orientais», que se separaram de Roma e do resto do oriente cristão no Concílio de Calcedônia (ano 451). Fazem parte deste grupo além da Igreja copta, a etíope, a assíria, jacobita, e malankar.

Os apóstolos Tadeu e Bartolomeu prepararam o terreno para a conversão da Armênia ao cristianismo que aconteceu no ano 301, convertendo-se na primeira nação que adotou oficialmente a fé cristã como religião do Estado.

Um século depois, o monge Mesrop Mastoc inventou o alfabeto armênio para poder traduzir a Bíblia.

Site da Santa Sé abre seção em latim

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 9 de maio de 2008 (ZENIT.org).- O site da Santa Sé (www.vatican.va) lançou uma versão em latim, seu idioma oficial.

Ao visitar a página inicial, além dos idiomas disponíveis há anos (italiano, espanhol, inglês, alemão, francês, português), agora aparece a língua da Igreja Católica romana.

Ao clicar sobre a opção «Santa Sé – Latine», pode-se consultar um menu com os textos dos Sumos Pontífices, a Bíblia Sagrada, o Catecismo da Igreja Católica, o Código de Direito Canônico, o Concílio Vaticano II e da Cúria Romana.

A utilidade da nova opção consiste em poder consultar facilmente os documentos de referência da Igreja em sua língua oficial, algo particularmente interessante para canonistas ou pessoas que têm dúvidas na interpretação de documentos oficiais.

Papa constata progressos na unidade com Igreja Apostólica Armênia

Fomenta a colaboração pastoral

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 9 de maio de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI constatou nesta sexta-feira os importantes progressos no caminho rumo à unidade alcançados pela Igreja Católica e pela Igreja Apostólica Armênia ao receber em audiência Sua Santidade Karekin II, patriarca supremo e catholicos de todos os armênios.

Foi um encontro caracterizado pela oração. Ambos representantes cristãos rezaram a liturgia das horas, junto a bispos armênios e a um grupo de fiéis dessa Igreja que acompanharam seus pastores em sua peregrinação ao túmulo do apóstolo Pedro.

Pouco antes, o Papa e Karekin II haviam se reunido em um encontro privado. Ao final, o pontífice pronunciou um discurso em inglês, no qual fez um balanço do diálogo ecumênico por ambas Igrejas.

«Realizaram-se importantes progressos para declarar as controvérsias doutrinais que tradicionalmente nos dividiram, em particular as questões sobre cristologia», explicou o Papa.

De fato, a causa do cisma da Igreja armênia, assim como de outras Igrejas «do antigo orienta cristão», conhecidas também como «ortodoxas orientais», foi sua oposição às declarações do Concílio de Calcedônia (ano 451) nas quais se reconhecia tanto a natureza divina como a humana de Cristo.

Nos últimos anos, se pôde constatar que aquele cisma se deveu a problemas lingüísticos e de interpretação cultural, que de verdadeiro conteúdo teológico, pois esta Igreja reconheceu tanto a humanidade como a divindade de Jesus.

«Durante os últimos cinco anos, se avançou muito graças à Comissão conjunta para o diálogo teológico entre a Igreja católica e as Igrejas ortodoxas orientais, da qual é membro a pleno título o catholicos de todos os armênios», afirmou o Papa.

O bispo de Roma pediu orações «para que esta atividade nos uma mais estreitamente à comunhão plena e visível, e para que se aproxime o dia em que nossa unidade na fé torne possível a celebração comum da Eucaristia».

«Até esse dia, os laços entre nós se consolidarão e ampliarão mais com acordos sobre questões pastorais, que estejam na linha com o grau de acordo doutrinal alcançado.»

«Somente quando se apoiar na oração e na colaboração efetiva, o diálogo teológico poderá levar à unidade que o Senhor deseja para seus discípulos», concluiu o Papa.

Bento XVI viveu uma intensa semana ecumênica, na qual recebeu o primaz da Igreja Anglicana, o doutor Rowan Williams, arcebispo da Cantuária, e na qual apresentou os católicos greco-melquitas como ponte de unidade com os ortodoxos ao receber o patriarca dessa Igreja, Sua Beatitude Gregorios III Laham.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Comissão de Tradução Novo Mundo


Roteiro e Arte: Emerson H. de Oliveira

Católicos greco-melquitas, ponte com ortodoxos e muçulmanos; explica Papa

Uma Igreja na qual a maioria dos fiéis fala árabe

Por Jesús Colina

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 8 de maio de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI alentou nesta quinta-feira a tarefa evangelizadora da Igreja Greco-Melquita Católica, composta em sua maioria por fiéis de língua árabe, e sua obra de diálogo com ortodoxos e muçulmanos no Oriente Médio.

O Papa acolheu na Sala Clementina do Vaticano mais de 300 peregrinos desta Igreja, que lhe foram apresentados pelo patriarca de Antioquia da Síria, Sua Beatitude Gregorios III Laham, que chegou acompanhado por 14 bispos. Procediam de vários países do Oriente Médio e da diáspora.

A Igreja Greco-Melquita, cuja sede se encontra em Damasco (Síria), é uma igreja oriental de rito bizantino que, ainda que formasse parte das igrejas orientais que se separaram de Roma em 1054, por ocasião do Cisma do Oriente, regressou à plena comunhão com a Sede de Pedro em 1724.

«Relações fraternas» com os ortodoxos

No contexto do Oriente Médio, o Santo Padre confessou sua alegria ao constatar as «relações fraternas» que a Igreja Greco-Melquita estabeleceu com os irmãos ortodoxos.

«O compromisso pela busca da unidade de todos os discípulos de Cristo é uma obrigação urgente, que brota do desejo ardente do próprio Senhor», sublinhou.

«Temos de fazer tudo oque for possível para abater os muros de divisão e de desconfiança que nos impedem de realizá-lo», declarou.

«Porém, não podemos perder de vista que a busca da unidade é uma tarefa que afeta não só uma Igreja particular, mas toda a Igreja, no respeito de sua própria natureza», afirmou.

Recordando que «a unidade não é o fruto da atividade humana, mas antes de tudo um dom do Espírito Santo», convidou a invocar ao Espírito, em particular por ocasião da festa de Pentecostes, que acontecerá neste domingo, «para que nos ajude a trabalhar juntos na busca da unidade».

Em suas palavras de saudação, o patriarca Gregorios III Laham insistiu no papel que esta Igreja desempenha no caminho ecumênico rumo à unidade dos cristãos.

«Nossa Igreja sempre foi consciente deste papel – assegurou. Em particular, teve de viver nas catacumbas durante 130 anos para preservar nossa comunhão com a Igreja de Roma.»

«Esta comunhão foi – e continua sendo – uma opção histórica, existencial, de compromisso, efetivo e afetivo, elemento de glória e ao mesmo tempo de humildade, definitivo e para sempre. Esta comunhão com Roma, contudo, não nos separa de nossa realidade eclesial ortodoxa», acrescentou Sua Beatitude Gregorios III.

«Isso quer dizer que queremos viver no seio da Igreja Católica uma vida que poderá ser aceita pela Ortodoxia, viver nossa plena e completa tradição oriental, ortodoxa, em plena comunhão com Roma. É o verdadeiro desafio do diálogo católico-ortodoxo», acrescentou.

Relações com o islã

Em seu discurso, o Papa falou também das boas relações que a Igreja Greco-Melquita «mantém com os muçulmanos e com seus responsáveis e instituições, assim como os esforços para resolver os problemas que possam surgir, em um espírito de diálogo fraterno, sincero e objetivo».

O Santo Padre constatou com alegria que, «na linha do Concílio Vaticano II, a Igreja Melquita se comprometeu com os muçulmanos na busca sincera da compreensão recíproca e na promoção, para benefício de todos, da justiça social, e dos valores morais, da paz e da liberdade».

Em sua saudação ao Papa, Gregório III Laham reconheceu que ao viver em países de maioria muçulmana, «temos, em relação com este mundo, uma missão única, irreversível, insubstituível, imperativa, quase exclusiva, pois vivemos juntos há 1428 anos».

«Este papel está garantido por nossa presença e por nosso testemunho no mundo árabe, e é um papel importante sobretudo no Líbano e na Síria», concluiu.

Arqueólogos alemães encontram palácio da rainha de Sabá na Etiópia

Qui, 08 Mai, 12h15
Berlim, 8 mai (EFE).- Arqueólogos alemães encontraram os restos do palácio da lendária rainha de Sabá na localidade de Axum, na Etiópia, e revelaram assim um dos maiores mistérios da Antigüidade, segundo anunciou a Universidade de Hamburgo.

"Um grupo de cientistas sob direção do professor Helmut Ziegert encontrou durante uma pesquisa de campo realizada nesta primavera européia o palácio da rainha de Sabá, datado do século X antes de nossa era, em Axum-Dungur", destaca o comunicado da universidade.


A nota diz que "nesse palácio pode ter ficado durante um tempo a Arca da Aliança", onde, segundo fontes históricas e religiosas, foram guardadas as tábuas com os Dez Mandamentos, que Moisés recebeu de Deus no Monte Sinai.


Os restos da casa da rainha de Sabá foram achados sob o palácio de um rei cristão.

"As investigações revelaram que o primeiro palácio da rainha de Sabá foi transferido pouco após sua construção, e levantado de novo orientado para a estrela Sirius", dizem os cientistas.


Os arqueólogos acreditam que Menelik I, rei da Etiópia e filho da rainha de Sabá e do rei Salomão, foi quem mandou construir o palácio em seu lugar definitivo.


Os arqueólogos alemães disseram que havia um altar no palácio, onde provavelmente ficou a Arca da Aliança, que, segundo a tradição, era um cofre de madeira de acácia recoberto de ouro.

As várias oferendas que os cientistas alemães encontraram no lugar onde provavelmente ficava o altar foram interpretadas pelos pesquisadores como um claro sinal de que a relevância especial do lugar foi transmitida ao longo dos séculos.

A equipe do professor Ziegert estuda desde 1999, em Axum, a história do início do reino da Etiópia e da Igreja Ortodoxa Etíope.

"Os resultados atuais indicam que, com a Arca da Aliança e o judaísmo, chegou à Etiópia o culto a Sothis, que foi mantido até o século VI de nossa era", afirmam os arqueólogos.

O culto, relacionado à deusa egípcia Sopdet e à estrela Sirius, trazia a mensagem de que "todos os edifícios de culto fossem orientados para o nascimento da constelação", explica a nota.

O comunicado também diz que "os restos achados de sacrifícios de vacas também são uma característica" do culto a Sirius praticado pelos descendentes da rainha de Sabá.

sábado, 3 de maio de 2008

França: reconhecidas oficialmente aparições de Nossa Senhora de Laus

O santuário celebra sua festa com a presença de sete cardeais

Por Nieves San Martín

GAP, sexta-feira, 2 de maio de 2008 (ZENIT.org).- No dia 3 de maio, Dom Jean-Michel di Falco Léandri, bispo da diocese de Gap e de Embrun, França, reconhecerá oficialmente o caráter sobrenatural das aparições de Nossa Senhora a Benoite Rencurel, no Santuário de Laus, nos Altos Alpes.

Por ocasião do acontecimento, haverá uma celebração com a participação de sete cardeais, 17 bispos e três abades.

Esta medida é incomum, porque as «últimas aparições oficialmente reconhecidas na França são as de Lourdes, há 146 anos», sublinha o bispado de Gap em um comunicado.

A proclamação do reconhecimento oficial das aparições de Nossa Senhora acontecerá em uma missa presidida por Dom di Falco Léandri, que assinou o decreto de reconhecimento.

A homilia estará a cargo de Dom Georges Pontier, arcebispo metropolitano de Marsella. A Celebração será retransmitida ao vivo na França às 11h, no programa «Le Jour du Seigneur».

As festividades organizadas de 1º a 4 de maio neste elevado lugar de peregrinação na França contarão com a presença de numerosas personalidades.

Entre eles figuram altos cargos da Santa Sé, como o cardeal mexicano Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, o cardeal Sergio Sebastiani, presidente da Prefeitura de Assuntos Econômicos da Santa Sé, o cardeal Jorge Maria Mejía, arquivista e bibliotecário emérito do Estado da Cidade do Vaticano, Dom Renato Boccardo, secretário-geral do Estado da Cidade do Vaticano, assim como vários cardeais bispos e abades franceses, e o núncio apostólico na França, Dom Fortunato Baldelli.

«Desde os primeiros meses que seguiram às aparições, os peregrinos chegaram em grande número. Mas o reconhecimento não se havia feito», explica Dom di Falco.

O Santuário se desenvolveu em torno da Basílica, edificada no lugar no qual a Virgem Maria apareceu a uma pastora de 17 anos, Benoite Rencurel, de 1664 a 1718, em uma aldeia isolada na beira da montanha, a 900 metros de altura, segundo indica o site do Santuário.

Este centro espiritual da diocese de Gap se converteu com os séculos em uma meta de peregrinação muito além das fronteiras francesas.

No programa dos quatro dias figuravam a missa da Ascensão, em 1º de maio, assim como um colóquio nos dias 2 e 3 de maio, sobre as aparições de Nossa Senhora de Laus.

No alto de Saint-Étiene-le-Laus, pequena aldeia pertencente então à diocese de Embrun, em maio de 1664, a Virgem Maria apareceu a uma pastora de 17 anos, Benoite, que habitava com sua família na aldeia.

Durante quatro meses, cada dia, Benoite levava seu rebanho ao lugar onde encontrou a «Bela Senhora». Esta lhe revelou: «Sou a Senhora Maria, a Mãe de Jesus» e a preparou para converter-se em testemunha da graça da conversão.

A partir do outono, a Virgem Maria a saúda na aldeia de Laus, frente a Saint-Étienne. Pede-lhe então a construção de uma igreja, com uma casa para os sacerdotes. O objetivo desta iniciativa que tomará corpo rapidamente é atrair os cristãos desejosos de viver um caminho de conversão, especialmente pelo sacramento da confissão. Benoite se converte então em membro da Terceira Ordem dominicana.

Benoite, no século de Luis XIV, do jansenismo e das guerras de religião foi durante 51 anos «uma das fontes mais escondidas e mais potentes da história da Europa», segundo dizia Jean Guitton, escritor e filósofo, dado que ela não sabia ler nem escrever.

Desde as origens das peregrinações, as curas físicas e morais foram reconhecidas em grande número, especialmente pelas unções do óleo da lâmpada do Santuário aplicadas com fé, segundo o conselho que a Virgem Maria ofereceu a Benoite.

Esta morreu aos 71 anos, reconhecida por todos como uma santa pelo fervor de sua oração, sua paciência e sua doçura na acolhida dos peregrinos, e sua obediência à Igreja.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

No corredor da morte...

Roteiro: Alessandro Lima Arte: Emerson H. de Oliveira