domingo, 30 de março de 2008

Vaticano admite regresso de tradicionalistas

Cardeal Castrillón Hoyos fala do impacto do Motu Proprio de Bento XVI sobre a liturgia pré-concliar

O homem forte do Vaticano para o diálogo com os lefebvrianos, Cardeal Darío Castrillón Hoyos, revelou que muitos cristãos que se tinham afastado da Igreja por causa das reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II “estão a regressar à plena comunhão com Roma” após o Motu Proprio de Bento XVI sobre a liturgia pré-concliar.

O presidente da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei explicou ao Osservatore Romano que a Summorum Pontificum, ao abrir a possibilidade de celebrar segundo o “rito antigo” levou a que muitos cristãos pedissem o regresso a Roma.

A este respeito, o Cardeal colombiano lembra que o Papa apenas procedeu a mudanças na “forma extraordinária” da celebração eucarística, seguindo o Missal Romano de 1062, modificado no pontificado de João XXIII.

“Não se trata de dois ritos diferentes, mas de um uso duplo do único rito romano. É a forma celebrativa que foi usada durante mais de 1400 anos, que inspirou as missas de Palestrina, Mozart, Bach e Beethoven, grandes catedrais e maravilhosas obras de pintura e escultura”, aponta.

D. Castrillón Hoyos diz que, após a decisão do Papa, um mosteiro de clausura com 30 religiosas espanholas foi já reconhecido e regularizado pela sua Comissão Pontifícia, falando ainda de grupos americanos, alemães e franceses “em vias de regularização”.

O Rito de São Pio V, que a Igreja Católica usava até à reforma litúrgica de 1970 (com algumas modificações, a últimas das quais datada de 23 de Junho de 1962) foi substituído pela Liturgia do "Novus Ordo" (Novo Ordinário) aprovada como resultado da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.

Com o Motu Próprio de 2007, Bento XVI estendeu a toda a Igreja de Rito Latino a possibilidade de celebrar a Missa e os Sacramentos segundo livros litúrgicos promulgados antes do Concílio.

Esta aprovação universal significa que a Missa do antigo Rito poderá ser celebrada livremente em todo mundo, pelos sacerdotes que assim o desejarem, sem necessidade de autorização hierárquica (licença ou indulto) de um Bispo.

Os livros litúrgicos redigidos e promulgados após o Concílio continuam, contudo, a constituir a forma ordinária e habitual do Rito Romano.

Para o presidente da Comissão Ecclesia Dei não é possível falar num “regresso ao passado”, mas num progresso, “porque agora temos duas riquezas, em vez de uma só”.

O Cardeal Castrillón Hoyos adianta que a Comissão Pontifícia está a pensar “organizar uma forma de ajuda aos seminários, às dioceses e às conferências episcopais” para uma melhor aplicação da Summorum Pontificum, admitindo ainda “promover subsídios multimédia para o conhecimento e a aprendizagem da forma extraordinária, com toda a riqueza teológica, espiritual e artística ligada à antiga liturgia”, envolvendo os grupos de sacerdotes que já usam esta forma.

A questão Lefebvre

Questionado em relação ao regresso à “plena comunhão” de pessoas excomungadas, o Cardeal colombiano fez questão de sublinhar que a questão com a Fraternidade São Pio X, fundada por Marcel Lefebvre, não se coloca nesses termos.

“A excomunhão diz respeito apenas a quatro Bispos, porque foram ordenados sem mandato do Papa e conta a sua vontade, mas os sacerdotes estão apenas suspensos. A Missa que celebram é válida, sem dúvida, mas não lícita e, por isso, não é aconselhada a participação dos fiéis, a menos que não haja outra possibilidade num Domingo”, refere.

O Bispo Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade, e outros três Bispos foram excomungados a 2 de Julho de 1988, por terem sido ordenados “ilegitimamente” no seio da Fraternidade, por parte do Arcebispo Lefebvre. A carta apostólica “Ecclesia Dei”, de João Paulo II, constatou que esta ordenação de Bispos (a 30 de Junho de 1988) constituiu “um acto cismático”.

Fellay foi recebido por Bento XVI no dia 29 de Agosto de 2005, num encontro marcado pelo “desejo de chegar à perfeita comunhão”.

“Nem os sacerdotes nem os fiéis” da Fraternidade, explica D. Castrillón Hoyos, “estão excomungados”.

A Comissão Ecclesia Dei tem como objectivo “facilitar a plena comunhão eclesial” dos fiéis ligados à Fraternidade fundada por Monsenhor Lefebvre, “conservando as suas tradições espirituais e litúrgicas”, em especial o uso do Missal Romano segundo a edição típica de 1962.

O Cardeal colombiano desvaloriza, a este respeito, as divergências existentes a respeito do Concílio Vaticano II, lembrando que tanto Bernard Fellay como os outros Bispos da Fraternidade São Pio X “reconheceram expressamente o Vaticano II como Concílio Ecuménico”.

“Também não se pode esquecer que Mons. Marcel Lefebvre assinou todos os documentos do Concílio. Penso que a sua crítica ao Concílio tenha mais a ver com a falta de clareza de alguns textos, que abriu caminho a interpretações que não estão de acordo com a doutrina tradicional”, afirma.

Segundo o Cardeal Darío Castrillón Hoyos, as maiores dificuldades “são de carácter interpretativo ou têm a ver com alguns gestos ecuménicos, mas não com a doutrina do Vaticano II”.

Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=58272

quinta-feira, 27 de março de 2008

Embrião congelado por 8 anos produz bebê

CLÁUDIA COLLUCCI
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Mirassol

Aos seis meses de idade, Vinícius é um bebê que adora papinha de mamão, já tenta sair sozinho do carrinho e dá sonoras gargalhadas durante o banho. O menino foi gerado a partir de um embrião congelado durante oito anos, um recorde no país. Pelos critérios da Lei de Biossegurança, seria um embrião indicado para pesquisas com células-tronco embrionárias.

Caio Guatelli/Folha Imagem
Menino foi gerado a partir de um embrião congelado durante oito anos, um recorde
Menino foi gerado a partir de um embrião congelado durante oito anos, um recorde

A lei, aprovada em 2005, enfrenta uma ação de inconstitucionalidade movida pelo ex-procurador-geral da República, o católico Claudio Fonteles. Ele acha que destruir embriões de cinco dias para a extração de células para pesquisa viola a Constituição, que garante o direito à vida.

O julgamento da ação no Supremo Tribunal Federal foi interrompido na última quarta-feira por um pedido de vista do ministro Carlos Alberto Menezes Direito.

Vinícius nasceu após quase 20 anos de tentativas de gravidez do casal Maria Roseli, 42, e Luiz Henrique Dorte, 41, de Mirassol (SP), que incluíram quatro fertilizações in vitro (FIV) e três abortos de gêmeos no terceiro mês de gestação. A mulher tinha endometriose e o marido, má qualidade dos espermatozóides, fatores que impediam uma gravidez natural.

Na última FIV, feita em 1999, Maria Roseli produziu nove embriões. Transferiu quatro para o útero, mas não engravidou. O casal decidiu então congelar os cinco embriões restantes. "Resolvemos dar um tempo. Não suportaria a dor de mais um aborto", relata a mãe.

Naquele mesmo ano, adotaram Paulo Henrique, à época com um ano e seis meses. "Era um menino frágil, cheio de problemas de saúde. Ficamos tão envolvidos com ele que nem percebemos o tempo passar."

Em 2006, o casal recebeu um telefonema da clínica de reprodução em Ribeirão Preto, onde haviam feito o tratamento, questionando sobre o destino que pretendiam dar aos cinco embriões. "Resolvemos transferir, mas sem muita esperança de dar certo", conta Luiz Dorte.

Em três ocasiões, a transferência dos embriões congelados para o útero teve de ser adiada porque o endométrio de Maria Roseli não atingia a espessura mínima. Em fevereiro de 2007, os embriões foram, enfim, descongelados. Três sobreviveram e foram transferidos ao útero de Maria Roseli. Um se fixou. "Nem comemorei muito porque tinha o fantasma dos abortos aos três meses que ficava me rondando", diz ela.

Com 28 semanas de gestação, ela sofreu uma hemorragia provocada pelo rompimento de duas veias na placenta e o parto teve de ser induzido para preservar a vida da mãe. Vinícius nasceu com 1,2 kg medindo 36 cm e, dez dias depois, chegou a pesar 840 gramas.

Foram necessários 22 dias de UTI neonatal e mais um mês de internação hospitalar para que o menino atingisse 1,8 kg e tivesse alta da maternidade.

"Meu filho venceu oito anos de congelamento e a prematuridade. Imagine se eu tivesse desistido dele e doado o embrião para pesquisa? Acredito sim que há vida [nos embriões], o Vinícius é a prova disso", diz Maria Roseli, católica praticante. Ela afirma ser favorável às pesquisas com células-tronco embrionárias, mas "não teria coragem" de doar seus embriões para esse fim.

O ginecologista José Gonçalves Franco Júnior, detentor do maior banco de criopreservação do país, onde os embriões de Maria Roseli ficaram, também aposta na viabilidade dos congelados. Sua clínica já obteve 402 nascimentos de bebês a partir de embriões criopreservados, a maioria acima de três anos de congelamento.

"É uma loucura falarem que embrião congelado há mais de três anos é inviável. E isso não tem nada a ver com religião. A viabilidade é um fato e ponto. Os maiores centros de reprodução na Europa defendem o congelamento de embriões como forma de evitar a gravidez múltipla", afirma o médico.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u380351.shtml

quinta-feira, 20 de março de 2008

Quinta-Feira Santa: Papa exorta a não se deixar envenenar pelo rancor

Na missa da Ceia do Senhor

ROMA, quinta-feira, 20 de março de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI lançou na santa missa na Ceia do Senhor, da tarde desta Quinta-Feira Santa, um chamado à purificação para não deixar que a alma fique envenenada pelo rancor.

O Papa presidiu a celebração eucarística na catedral do bispo de Roma, a basílica de São João de Latrão, na qual lavou os pés de doze sacerdotes.

O dinheiro arrecadado nas oferendas, segundo havia determinado o Papa, será destinado para ajudar o orfanato «A idade de Ouro» de Havana (Cuba).

A homilia esteve dedicada à necessidade da purificação interior, como condição para viver a comunhão com Deus e com os irmãos.

«A isto exorta a Quinta-Feira Santa – disse o Papa: a não deixar que o rancor com os demais se torne veneno da alma. Exorta-nos a purificar continuamente nossa memória, perdoando-nos de coração uns aos outros, lavando-nos os pés uns dos outros, para poder dirigir-nos todos juntos ao banquete de Deus.»

«Dia a dia estamos como que recobertos de sujeira multiforme, de palavras vazias, de preconceitos, de sabedoria reduzida e alterada; uma multiplicidade de falsidades se filtra continuamente em nosso ser mais íntimo», denunciou.

«Tudo isso ofusca e contamina nossa alma, nos ameaça com a incapacidade ante a verdade ou o bem. Se acolhermos as palavras de Jesus com o coração atento, estas se revelam como verdadeira limpeza e purificação da alma», declarou.

Caridade e purificação são duas palavras que Jesus conseguiu sintetizar com o gesto do lava-pés de seus discípulos, reconheceu.

«Se acolhermos as palavras de Jesus com o coração atento, elas se convertem em autênticos lava-pés, purificações da alma, do homem interior. A isso nos convida o Evangelho do lava-pés: a deixar-nos sempre lavar por esta água pura, a ser capazes da comunhão com Deus e com os irmãos.»

«Mas no lado de Jesus, após o golpe da lança do soldado, não saia só água, mas também sangue. Jesus não só falou, não só nos deixou palavras. Ele se entrega a si mesmo. Ele nos lava com o poder sagrado de seu sangue, ou seja, com sua entrega ‘até o final’, até a Cruz.»

«Sua palavra é algo mais que simplesmente falar; é carne e sangue ‘pela vida do mundo’. Nos santos sacramentos, o Senhor se ajoelha novamente ante nossos pés e nos purifica. Peçamos-lhe que sejamos cada vez mais penetrados pelo banho sagrado de seu amor e deste modo fiquemos verdadeiramente purificados.»

«Temos necessidade do ‘lava-pés’, lavar dos pecados de cada dia, e por este motivo precisamos confessar os pecados.»

«Temos de reconhecer que também em nossa nova identidade de batizados pecamos. Temos necessidade da confissão tal como tomou forma no sacramento da reconciliação. Nele, o Senhor nos lava sempre de novo os pés sujos e então podemos sentar à mesa com Ele.»

Com esta cerimônia, o Papa começou o chamado «Tríduo Pascal», em recordação da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Nesta Sexta-Feira Santa à tarde, o Papa participará da celebração da Paixão do Senhor na basílica de São Pedro e à noite presidirá a Via Sacra, no Coliseu de Roma.

Sob a cultura da morte


Roteiro: Alessandro Lima. Arte: Emerson H. de Oliveira

quarta-feira, 19 de março de 2008

Projeto torna Nossa Senhora padroeira apenas dos católicos

O Projeto de Lei 2623/07, do ex-deputado Professor Victorio Galli, retira de Nossa Senhora Aparecida o título de padroeira do Brasil. "O País, por ser um Estado laico, não deve ter este ou aquele padroeiro", afirma Galli.

Apesar da mudança, segundo o projeto, o feriado religioso será mantido. A proposta altera a Lei 6.802/80, que institui o feriado nacional de 12 de outubro em homenagem a Nossa Senhora Aparecida. O projeto substitui a expressão "padroeira do Brasil" por "padroeira dos brasileiros católicos apostólicos romanos" e a expressão "culto público e oficial" por "homenagem oficial".

Victorio Galli ressalta que o Estado está impedido de instituir qualquer tipo de culto, conforme o artigo 19 da Constituição de 1988. Segundo Galli, a alteração proposta "deve ser considerada democraticamente útil para a promoção da igualdade entre os cidadãos brasileiros, sem privilégios à maioria de orientação cristã". Segundo ele, a proposta foi sugerida por cidadãos que não professam a fé católica.

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:
- PL-2623/2007

Fonte: http://www.clicnews.com.br/politica/view.htm?id=72961

Conclamamos a todos os católicos que assinem o abaixo assinado contra este projeto aqui.

terça-feira, 18 de março de 2008

Carlos Nabeto na Canção Nova - Domingo de Páscoa

No próximo dia 23/03 (Domingo de Páscoa), Carlos Martins Nabeto estará no programa "Diálogo com Deus" apresentado pelo Pe. Sílvio Andrei na TV Canção Nova.

O programa é apresentado em São Paulo capital, AO VIVO às 17:oo horas com uma hora e meia de duração.

Carlos Nabeto será entrevistado sobre a fundação do Apostolado Veritatis Splendor, o trabalho muito elogiado em defesa da vida em apoio à Campanha da Fraternidade 2008, além de tratar de temas como apologética e patrística.

Para assistir: Canal 98 da Sky/Net/Vivax ou WebTV.

Substituição da confissão individual pela comunitária é abuso, diz arcebispo

Deve ser facultado aos fiéis o direito de se confessar, diz Dom Eurico dos Santos Veloso

Por Alexandre Ribeiro

JUIZ DE FORA, terça-feira, 18 de março de 2008 (ZENIT.org).- O arcebispo de Juiz de Fora (Minas Gerais, sudeste do Brasil) afirma que a substituição da confissão individual pela comunitária é um abuso.

Dom Eurico dos Santos Veloso comenta, em artigo enviado a Zenit essa segunda-feira, que «infelizmente, por descuido ou mesmo por falta de amor ao sacramento da confissão, em muitos lugares foi sendo substituída a confissão individual pela confissão comunitária». Mas «isso é um abuso», enfatiza.

Dom Eurico destaca que, como forma de preparação para a Páscoa, em sua arquidiocese foi realizado um mutirão de confissões, em que os sacerdotes de uma forania se reuniram para o atendimento de confissão individual dos fiéis, pois a estes «deve ser facultado o direito de se confessar».

O arcebispo de Juiz de Fora recorda que o Papa, há duas semanas, falou da importância da experiência do amor misericordioso de Deus expressado por meio da confissão.

Recordando o exemplo da pecadora perdoada no Evangelho, o Papa afirmou: «a quem muito ama, Deus tudo perdoa».«Quem confia em si mesmo e em seus próprios méritos fica cego por seu eu e seu coração endurece no pecado. Pelo contrário, quem reconhece que é fraco e pecador se encomenda a Deus e dele alcança a graça e o perdão».

Segundo Dom Eurico, Bento XVI faz um apelo aos sacerdotes, que os bispos também estendem ao clero: que os confessores «ressaltem o íntimo laço que se dá entre o sacramento da Reconciliação e uma vida orientada totalmente à conversão».

«Quem procura o confessionário deve estar aberto ao arrependimento, acusando os seus pecados de maneira livre e direta, pedindo o perdão sacramental e fazendo o bom propósito de não mais pecar», afirma Dom Eurico.

De acordo com o arcebispo, cabe ao confessor acolher bem quem se dispõe a buscar a reconciliação com Deus, com a Igreja e consigo mesmo.

«A predisposição de uma acolhida sincera não só pelo sacerdote, mas pela comunidade, providenciando formas especiais de acolhida, de preparação devida para a confissão, com um exame de consciência total, não tendo medo de colocar a mão nas suas feridas espirituais, temporais, familiares e até comunitárias.»

Dom Eurico diz esperar dos fiéis católicos que eles se confessem «de uma maneira transparente, como volta aos vínculos de Deus e da Igreja».

sexta-feira, 14 de março de 2008

Responsabilidade dos médicos na promoção da cultura da vida (I)

Fala José María Simón Castellvi, da Federação Internacional de Médicos Católicos

Por Inmaculada Álvarez

BARCELONA, sexta-feira, 14 de março de 2008 (ZENIT.org).- A Federação Internacional de Médicos Católicos (FIAMC) prepara um documento internacional sobre o uso de métodos anticoncepcionais que será publicado antes do verão europeu, provavelmente em Roma, por ocasião do 40º aniversário da encíclica Humanae Vitae de Paulo VI. O atual presidente de FIAMC, o espanhol José María Simón Castellví, adiantou à Zenit alguns aspectos do conteúdo do documento, atualmente em fase de redação.

A FIAMC foi constituída em 1966 com a aprovação de seus estatutos por parte do 11º congresso Internacional de Médicos Católicos, celebrado em Manila, e por parte da Santa Sé. Contudo, o associacionismo de médicos católicos é muito anterior: a primeira associação de médicos católicos foi fundada na França em 1884 durante o pontificado de Leão XIII, seguida de outras em vários países da Europa.

Em 1924 se formou um Secretariado Internacional de Sociedades Nacionais de Médicos católicos, que organizou os primeiros encontros internacionais destas associações (o primeiro em Bruxelas em 1935), visando a estabelecer uma federação de alcance mundial. No 11º Congresso, realizado em Manila em 1966, os Estatutos oficiais e orientações da FIAMC foram adotados pela Assembléia Geral e aprovados pela Santa Sé. Atualmente conta entre seus membros associações dos cinco continentes.

–Com que propósito se elabora o documento e a quem está dirigido?

–José María Simón: O documento está dirigido aos médicos, católicos ou não, que compartilham os princípios éticos e antropológicos da cultura da vida. O palestrante é o professor suíço de Ginecologia e Obstetrícia Rudolf Ehmann, egrégio membro de nossa Federação, que agora mesmo está trabalhando em Camarões. Terá também contribuições de nosso comitê executivo e do assistente eclesiástico, Dom Maurízio Calipari.

A encíclica de Paulo VI é magistério, que só pode fazer o Papa ou os bispos em comunhão com ele; a respeito do nosso documento, deve considerar-se mais como uma «perícia qualificada». A própria encíclica, em um de seus parágrafos, dizia: «considerem os médicos e as demais equipes da saúde, como próprio dever profissional, dar conselhos e diretrizes aos esposos que os consultam». Somos conscientes, como profissionais, da dificuldade de promover esta doutrina, e depois de quarenta anos aceitamos o desafio.

O tema do documento é o anticoncepcional e a regulação da natalidade, porque não esquecemos que os meios aceitos pela Igreja, chamados «naturais» porque respeitam os ciclos naturais da mulher, não servem só para dar espaços entre um nascimento e outro, mas também para buscar os nascimentos. A encíclica, portanto, não deve ser vista desde o ponto de vista exclusivamente negativo, como rejeição da anticoncepção.

Por outro lado, o que a doutrina propõe é o natural, porque uma mulher fértil não é uma doente, portanto dar-lhe um fármaco não concorda muito com seu estado de saúde. Toma-se um remédio quando se tem um problema a ser corrigido, não quando se está sadio.

–Existe um pouco de confusão com os tipos de pílulas existentes: se são abortivas ou não, etc. Que juízo o senhor pode dar-nos como médico?

–José María Simón: Existem três tipos de pílula: a Ru-486, a do dia seguinte e a anticoncepcional. Sobre a primeira, o juízo está claro, trata-se de um combinado produzido para provocar uma morte, e nem sequer merece o nome de medicamento. A pílula do dia seguinte é um fármaco que, em 70% das vezes em que atua, o faz para eliminar um óvulo humano fecundado e, portanto, também é abortiva. A pílula anticoncepcional tem outra avaliação porque não produz a morte do embrião. A avaliação não é positiva, mas não tem a mesma gravidade moral que as anteriores.

Como médico, devo dizer que nenhum dos três tipos de pílula é inócuo para o organismo feminino, ao contrário. A Ru-486 pode chegar a produzir a morte; a pílula do dia seguinte tem também muitos efeitos colaterais. Também deve-se assinalar que o uso da pílula do dia seguinte contradiz o mito do «sexo seguro», porque a única coisa que impede é a gravidez, e não o contágio das 26 doenças sexualmente transmissíveis conhecidas até agora.

Com relação à pílula anticoncepcional, o que produz é uma alteração hormonal para evitar a ovulação, e isso a longo prazo pode estar associado a fenômenos de trombose, hipertensão ou depressões.

De qualquer forma, o juízo moral negativo não se remete aos efeitos colaterais, porque se amanhã se desenhar uma pílula que não os tivesse, o juízo continuará sendo negativo. Eu costumo dizer que um adultério de pensamento não tem efeitos materiais, mas não por isso deixa de ser ruim.

O documento que estamos preparando, e que estamos fazendo com muito carinho, enfrenta muitas destas questões, porque entendemos que a responsabilidade não recai só sobre nossos pastores: sem a opinião qualificada dos médicos católicos, a questão da defesa da vida ficaria um pouco paralisada. Na gravidez e no parto, a figura do médico é necessária, somos um elemento-chave, e não só o ginecologista, também o médico de família, ao que muitas vezes se pede orientação.

–Que responsabilidade têm os médicos na extensão da «mentalidade contrária à vida» que triunfa atualmente no Ocidente?

–José María Simón: Somos evidentemente uma peça-chave. Também nós estamos às vezes manipulados pelo mundo do dinheiro, pela indústria farmacêutica que muitas vezes impulsiona o médico a práticas que não são necessárias.

Em todo caso, o médico é um elemento importante, porque tem um alto reconhecimento, tanto dentro como fora da Igreja. No caso da Humanae Vitae, a pouca aceitação que teve esta doutrina nos permite agora propor os pontos de vista contidos nela sem que seja interpretada como uma imposição, desde uma boa práxis médica e uma antropologia saudável.

De qualquer forma, no Ocidente existia, dentro da profissão médica, uma transmissão de valores éticos que não se realizava nas universidades, mas fundamentalmente na relação professor-aluno: aprendia-se se usar na profissão fazendo estágio em um serviço médico às ordens de um facultativo mais idoso, e lá se exercitava na prática, nos gestos, muitos valores, como o trato respeitoso do paciente, o valor da vida enferma, etc.

Contudo, desde a aparição das matérias de bioética, esta aprendizagem pessoal está-se perdendo, e foi invadida pelas ideologias. Então, dependendo de que faculdade se trate, ensinam umas ideologias ou outras. Infelizmente, um estudante ou recém-formado hoje, como mostram as estatísticas, não tem as idéias éticas claras, e é mais influenciável.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Demissão da Morte

Roteiro: Alessandro Lima. Arte: Emerson H. de Oliveira

Conclusões da reunião no Vaticano sobre situação da China

Celebrada de 10 à 12 de março

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 13 de março de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos o comunicado que a Sala de Imprensa da Santa Sé emitiu ao concluir o encontro da Comissão sobre a Igreja na China, instituída por Bento XVI.

* * *

De 10 a 12 de março se reuniu no Vaticano a Comissão que o Papa Bento XVI instituiu para estudar as questões de maior importância relativas à vida da Igreja na China.

A reunião teve como tema a carta que o Santo Padre enviou aos católicos chineses em 27 de maio de 2007. Os participantes examinaram em primeiro lugar a acolhida que o documento pontifício teve tanto dentro como fora da China. Refletiu-se sobre os princípios teológicos, que inspiraram a Carta, para compreender as perspectivas que nascem deles para a comunidade católica na China.

Em concreto, seguindo o texto papal, foram considerados alguns aspectos importantes que afetam a missão da Igreja de ser «instrumento de salvação» para o povo chinês: a evangelização em um mundo que vive na globalização; a aplicação, na situação atual na China, da doutrina do Concílio Vaticano II sobre a natureza e a estrutura da Igreja; o perdão e a reconciliação na comunidade católica; as exigências da verdade e da caridade; o governo das dioceses, que tem uma grande importância para a atividade pastoral e para a formação dos sacerdotes, seminaristas, religiosos, religiosas e fiéis leigos.

Em linha com as indicações expressadas pelo Papa em sua carta, foi sublinhada a vontade de um diálogo respeitoso e construtivo com as autoridades civis.

Por último, sempre iluminados pelo documento pontifício, os participantes intercambiaram informações e experiências sobre a vida e a atividade da Igreja na China.

A reunião terminou com um encontro com o Santo Padre, que escutou um breve resumo do trabalho destes três dias e alentou os participantes a prosseguir em seu compromisso em favor da comunidade católica na China.

Mencionou também que em 24 de maio próximo se celebra a Jornada universal de oração pela Igreja na China.

Entidades usurpam o prestígio e a dignidade do nome cristão ao promover aborto

Arcebispo da Paraíba (Brasil) comenta sobre as «Católicas pelo Direito de Decidir»

Por Alexandre Ribeiro

JOÃO PESSOA, quinta-feira, 13 de março de 2008 (ZENIT.org).- Entidades como as «Católicas pelo Direito de Decidir», ao promoverem, entre outras iniciativas contrárias ao Magistério da Igreja, o aborto, usurpam o prestígio e a dignidade do nome cristão, afirma um arcebispo brasileiro.

No contexto da Campanha da Fraternidade da Igreja no Brasil, que nesta quaresma discute o tema da defesa da vida, Dom Aldo Pagotto, arcebispo da Paraíba (nordeste do país), destaca em mensagem difundida ontem pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que essa ONG tem provocado «confusão e perplexidade» nos fiéis.

O arcebispo explica que esse grupo de feministas se auto-intitula «católicas pelo direito de decidir». Mas «decidir o quê?», questiona. «Decidem pelo abortamento.»

«Ora --prossegue Dom Aldo Pagotto--, isso é inadmissível para uma cristã que professa o Credo, segue os Mandamentos da Lei de Deus e confessa com o seu comportamento que Jesus Cristo é Senhor e Salvador.»

O prelado recorda que essa ONG é patrocinada e atua como uma entidade feminista que se constituiu no Brasil desde 1993. Ela se articula em rede com várias parcerias no mundo, em particular com a organização norte-americana intitulada “Catholics for a Free Choice”.

Essa rede feminista --explica Dom Aldo-- defende o aborto publicamente e distorce «totalmente o ensino católico, sobretudo o respeito e a proteção devidos à vida do nascituro indefeso».

Segundo o arcebispo, no Brasil essa rede feminista se subdivide em várias ramificações: entre as mais conhecidas estão os grupos denominados de «Cunha», «8 de Março», «Amazonas».

«Pelo que se vê, tais “católicas” juntaram-se à rede feminista, usurpando o prestígio e dignidade do nome cristão, com o intuito de confundir as pessoas, espalhando mentiras», afirma Dom Aldo Pagotto.

O arcebispo lembra que a Igreja no Brasil, pela presente Campanha da Fraternidade, reafirma «o compromisso com a vida do ser humano e, de forma específica, com a gestante e o nascituro».

Ele enfatiza que a proposta da CNBB pede políticas públicas que «assegurem a saúde» da mãe e da criança que ela traz em seu seio, «oferecendo condições para ter e criar bem os seus filhos e jamais abortá-los».

«“Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19) será o nosso lema perene, criando iniciativas que enfrentam e superam tantas ameaças que nos cercam», afirma.

domingo, 9 de março de 2008

Bento XVI pede reação católica diante da secularização que danifica a vida eclesiástica

.- O Papa Bento XVI advertiu os estragos que a secularização causa ao interior da própria Igreja e pediu aos pastores renovar seus esforços para evitar entre os batizados a superficialidade e o egocentrismo “que danifica a vida eclesiástica”.

Ao receber aos membros da Plenária do Pontifício Conselho para a Cultura na Sala Clementina, o Papa recordou que a secularização “é um tema chave para o futuro da humanidade e a Igreja” porque "coloca a prova a vida cristã de fiéis e pastores”.

"A secularização, que se apresenta nas culturas como imposição do mundo e da humanidade sem referência a trascendência, invade todos os aspectos da vida cotidiana e desenvolve uma mentalidade em que Deus está realmente ausente, em tudo ou em parte, da existência e a consciência humanas", indicou.

Segundo o Pontífice, esta secularização não é somente uma ameaça externa aos fiéis, senão que faz tempo que “se manifesta no seio da Igreja. Desnaturaliza a fé cristã, o estilo de vida e a conduta cotidiana dos fiéis”.

O Santo Padre denunciou que a “cultura da imagem” atual impõe modelos contraditórios e a prática negação de Deus: “não há mais necessidade de Deus, de pensar nele ou de voltar para Ele”.

“A ‘morte de Deus’ anunciada em décadas passadas por tantos intelectuais foi seguida por um culto do indivíduo”, denunciou e explicou que “a mentalidade hedonista e consumista predominante favorece tanto nos fiéis como nos pastores uma deriva para a superficialidade e a um egocentrismo que machuca à vida eclesiástica”.

O Papa advertiu que neste contexto cultural se corre o risco de cair em uma “atrofia espiritual e em um vazio de coração, caracterizado em algumas ocasiões com uma suposta religiosidade e uma vaga espiritualidade”.

Pediu “reagir” diante desta situação porque se colocam em risco os altos valores da existência que “dão sentido à vida e podem satisfazer a busca da felicidade”, como a dignidade da pessoa, sua liberdade, igualdade entre todos os homens, o sentido da vida e da morte “e o que se espera depois da conclusão da existência terrestre”.

Vitória sobre a morte, autêntica esperança, explica Papa

Ao comentar a ressurreição de Lázaro no Ângelus

CIDADE DO VATICANO, domingo, 9 de março de 2008 (ZENIT.org).- A autêntica esperança do ser humano é a confiança em que Deus é maior que a morte, considera Bento XVI.

Ele aprofundou nesta realidade, central para o cristianismo, ao comentar no Ângelus a passagem evangélica da ressurreição de Lázaro (Jo 11, 1-45), «prova viva da divindade de Cristo, Senhor da vida e da morte».

Dirigindo-se aos milhares de peregrinos presentes na Praça de São Pedro do vaticano, o Papa constatou como «esta página do Evangelho mostra Jesus como verdadeiro Homem e verdadeiro Deus».

Por um lado, mostra sua humanidade, pois «o evangelista insiste em sua amizade com Lázaro e com as irmãs Marta e Maria. Sublinha que Jesus os amava e por este motivo quis realizar o grande prodígio».

Por outro lado, manifesta sua divindade, «expressando com a metáfora do sono o ponto de vista de Deus sobre a morte física: Deus a vê como um sono, do qual é possível despertar-se». «Jesus demonstrou um poder absoluto diante dessa morte», disse o Papa desde a janela dos seus aposentos, recordando outras passagens evangélicas, como a do jovem filho da viúva de Naim (cf. Lc 7, 11-17) e a da menina de 12 anos (cf. Mc 5, 35-43).

«Este senhorio sobre a morte não impediu Jesus de experimentar uma sincera ‘com-paixão’ pela dor da distância. Vendo que estavam chorando Marta, Maria e os que tinham vindo consolá-lo, Jesus também «ficou profundamente comovido» e ‘chorou’.»

«O coração de Cristo é divino-humano – esclareceu o Papa: nele, Deus e Homem se encontraram perfeitamente, sem separação nem confusão. Ele é a imagem, e mais ainda, a encarnação do Deus que é amor, misericórdia, ternura paterna e materna, do Deus que é Vida.»

Diante desta realidade, centro da fé cristã, Bento XVI convidou todos os fiéis a uma profissão de fé: «Sim, Senhor! Nós também cremos, apesar das nossas dúvidas e das nossas escuridões; cremos em vós, porque vós tendes palavras de vida eterna; queremos crer em vós, que nos dais uma esperança confiável de vida muito além da vida, de vida autêntica e cheia do vosso Reino de luz e paz».

Esta fé e esta esperança, concluiu, são particularmente necessárias «nos momentos de maior prova e dificuldade».

sexta-feira, 7 de março de 2008

Contrária à pesquisa que mata embriões, Igreja não é obscurantista, diz cardeal

Segundo Dom Odilo Scherer, procedimentos científicos devem respeitar a ética

Por Alexandre Ribeiro

SÃO PAULO, quinta-feira, 6 de março de 2008 (ZENIT.org).- A Igreja Católica não é «obscurantista» nem «contrária ao progresso da ciência» quando manifesta sua posição contra ao uso de embriões humanos na pesquisa científica, afirma o arcebispo de São Paulo.

O cardeal Odilo Scherer se manifestou sobre o assunto por meio de mensagem aos fiéis, na semana em que o Supremo Tribunal Federal do Brasil iniciou o julgamento da constitucionalidade ou não de uma lei aprovada pelo Congresso Nacional que permite o uso de embriões humanos na pesquisa científica.

Segundo Dom Odilo, «a Igreja defende a vida dos embriões humanos e considera ser contrário à ética e à lei moral o uso desses embriões na pesquisa científica, quando isso significa a danificação ou a destruição dos embriões».

Da mesma forma --prossegue o cardeal--, ela «julga ser contrária à dignidade humana a produção de embriões humanos em laboratório para estocá-los, sem ter em vista sua efetiva implantação no útero materno, para poder desenvolver-se normalmente».

O arcebispo reconhece que essa posição da Igreja «causa, por vezes, incompreensões e até acusações preconceituosas de que ela é "obscurantista" e contrária ao progresso da ciência».

«Fala-se, até mesmo, contrária ao bem de pessoas doentes, que vêem nesse tipo de pesquisa a esperança de cura para seus males.»

Mas «isso é injusto e não é verdadeiro», afirma o cardeal.

Dom Odilo explica que a Igreja tem essa posição «antes de tudo porque, baseada em sólidos dados científicos, ela afirma que a vida do ser humano começa na fecundação do óvulo, quer isso aconteça naturalmente no ventre da mulher, quer artificialmente, em laboratório».

Diante disso, segundo o arcebispo, a pesquisa com células-tronco embrionárias é reprovável porque nela é necessário matar o embrião para obter essas células.

O cardeal Scherer enfatiza que a Igreja «não é contra a ciência; nem, muito menos, contrária ao bem de pessoas doentes».

«Mas afirma, com serena firmeza, que os procedimentos científicos, sendo uma atividade humana, também devem respeitar a ética. Os fins não justificam os meios.»

Aos que precisam de cura e colocaram toda a sua esperança nas pesquisas com células tronco embrionárias humanas, o cardeal considera que, antes de tudo, é preciso dizer a eles «que a busca da cura é um desejo legítimo e a ciência deve ser apoiada e encorajada a encontrar soluções para as doenças e deficiências humanas».

«Mas não a qualquer custo», explica o arcebispo de São Paulo, «e sempre com métodos adequados e eticamente aceitáveis. De toda forma, não mediante a supressão da vida de outros seres humanos».

Papa apresenta vida sacramental como antídoto às seitas

Ao receber os bispos da Guatemala

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 6 de março de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI apresentou uma vida de fé e de participação nos sacramentos como antídoto contra a expansão das seitas, especialmente na América Latina.

Foi a mensagem que deixou esta quinta-feira ao receber os bispos da Guatemala que realizaram sua qüinqüenal visita «ad Limina Apostolorum» ao Papa e a seus colaboradores.

Depois de ter recebido pessoalmente os prelados e de ler seus informes, o Santo Padre constatou que «Deus abençoou o povo guatemalteco com um profundo sentimento religioso, rico de expressões populares, que hão de amadurecer em comunidades cristãs sólidas, celebrando com alegria sua fé como membros vivos do Corpo de Cristo (cf. 1 Co 12, 27) e fiéis ao fundamento dos apóstolos».

«Sabeis muito bem que a firmeza da fé e a participação nos sacramentos fazem fortes vossos fiéis diante do risco das seitas ou de grupos pretensamente carismáticos, que criam desorientação e chegam a pôr em perigo a comunidade eclesial», acrescentou o Papa.

Nos últimos trinta e cinco anos, segundo alguns especialistas, grupos protestantes e outras seitas religiosas teriam conseguido atrair quase 30% da população, ainda que os números exatos são difíceis de confirmar, pois também há pessoas que abandonam posteriormente essas confissões. Estimativas apontam que na Guatemala existam atualmente cerca de dez mil grupos fundamentalistas.

Vários representantes da Santa Sé denunciaram nos últimos anos que a Guatemala se converteu em uma espécie de experimento para os grupos fundamentalistas dos Estados Unidos para penetrar em toda a América Latina.

O cardeal mexicano Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde, em declarações publicadas pela agência «Notimex» em 3 de janeiro de 1999, revelava que uma das causas desta invasão se encontra no informe redigido por Nelson A. Rockefeller para o presidente Richard Nixon em agosto de 1969.

O documento sustentava que após o Concílio Vaticano II a Igreja Católica deixou de ser uma aliada de confiança para os Estados Unidos e a garantia de estabilidade social no continente (sul-americano), pelo que insistia na necessidade de substituir os católicos por outros cristãos na América Latina.

Rockefeller pedia no documento apoio para os grupos fundamentalistas cristãos e as agregações como Moon e Hare Krishna.

O cardeal Lozano revelava que as seitas se tinham proposto para o ano 2000 ter entre suas filas 50% da população guatemalteca, objetivo que fracassou.

Avança diálogo com ortodoxos: Papa recebe patriarca de Constantinopla

Ambos rezam juntos no Vaticano

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 6 de março de 2008 (ZENIT.org).- O diálogo entre católicos e ortodoxos deu um novo passo esta quinta-feira, com a visita que o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, realizou a Bento XVI.

Explicando os temas do encontro, a crônica emitida pelo Centro Televisivo Vaticano explica: «o amor de Deus destrói as barreiras entre os povos, e as confissões cristãs se esforçam mais intensamente na via do diálogo e da colaboração nos temas da paz, a salvaguarda da criação, do ecumenismo».

Depois do encontro, como um gesto excepcional, os dois líderes cristãos rezaram juntos na Capela de Urbano VIII do Palácio Apostólico Vaticano.

O patriarca Bartolomeu I veio a Roma para presidir na tarde desta quinta-feira um ato acadêmico no Pontifício Instituto Oriental, onde estudou e se doutorou, por ocasião do nonagésimo aniversário da fundação.

A 4 de março passado, recebeu o doutorado honoris causa em Ciências internacionais e diplomáticas, conferido pela Universidade de Estudos de Trieste (norte da Itália).

Segundo informa o Vatican Information Service, Bartolomeu I está acompanhado por sua eminência o metropolita Gennadios, arcebispo ortodoxo para a Itália e Malta, exarca para Europa Meridional; sua eminência Athanasios, metropolita de Helioupolis e Theira (Fanar) e sua eminência Ioannis, metropolita de Pergamo, presidente ortodoxo da Comissão mista internacional para o diálogo teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa em seu conjunto.

Este é o terceiro encontro entre o Papa e o patriarca desde que Bento XVI visitou Istambul por ocasião da festa de Santo André, em novembro de 2006, e da viagem de Bartolomeu I a Nápoles em outubro passado, onde o Santo Padre encontrou os participantes no Encontro Internacional pela Paz.

A crônica do Centro Televisivo Vaticano pode ser vista em www.h2onews.org

Protesto Abortista


Roteiro: Alessandro Lima. Arte: Emerson H. de Oliveira.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Primado do Papa é necessário para comunhão da Igreja, explica Bento XVI

Ao apresentar na audiência geral a figura do pontífice Leão Magno

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 5 de março de 2008 (ZENIT.org).- O primado do Papa é necessário para a comunhão da Igreja universal, declara Bento XVI.

Assim explicou hoje aos mais de 7 mil peregrinos congregados na Sala Paulo VI por ocasião da audiência geral, dedicada ao Papa São Leão Magno (falecido no ano 461), na qual continuou com a série de catequeses em que está apresentando os Padres da Igreja.

Como não cabiam na sala todos os peregrinos, o Papa saudou outros milhares de fiéis na Basílica de São Pedro do Vaticano, onde se encontram precisamente os restos mortais daquele pontífice.

Rememorando a figura do primeiro Papa que assumiu o nome de Leão, Bento XVI mostrou «como o exercício do primado romano era necessário então, como o é hoje, para servir eficazmente a comunhão, característica da única Igreja de Cristo».

E o Papa Joseph Ratzinger o mostrou evocando o ministério de seu predecessor: «Leão Magno, constantemente requerido por seus fiéis e pelo povo de Roma, assim como pela comunhão entre as diferentes Igrejas e por suas necessidades, apoiou e promoveu incansavelmente o primado romano, apresentando-se como um autêntico herdeiro do apóstolo Pedro».

«Os numerosos bispos, em boa parte orientais, reunidos no Concílio de Calcedônia, demonstraram que eram sumamente conscientes disso», continuou explicando.

Celebrado no ano 451, com 350 bispos participantes, este Concílio se converteu na assembléia mais importante celebrada até então na história da Igreja e culminou o processo dos três concílios precedentes, com o qual se formulou a natureza divina e humana da Pessoa do Filho de Deus.

O Papa enviou uma carta ao bispo de Constantinopla sobre a natureza de Jesus, que ao ser lida na assembléia, foi acolhida, segundo recordou o Papa, «pelos bispos presentes com uma aclamação eloqüente, registrada nas atas do Concílio: ‘Pedro falou pela boca de Leão’, exclamaram unidos os padres conciliares».

Naquela intervenção e em outras pronunciadas durante a controvérsia sobre a natureza de Cristo daqueles anos, «torna-se evidente que o Papa experimentava com particular urgência as responsabilidades do sucessor de Pedro».

Seu papel, declarou, «é único na Igreja». «E o pontífice soube exercer estas responsabilidades, tanto no Ocidente como no Oriente, intervindo em diferentes circunstâncias com prudência, firmeza e lucidez, através de seus escritos e de seus legados.»

Leão Magno exerceu este ministério estando perto do povo e dos fiéis «com a ação pastoral e a pregação», recordou o Papa.

Em particular, explicou, «alentou a caridade em uma Roma afetada pelas carestias, pela chegada de refugiados, pelas injustiças e pela pobreza. Enfrentou as superstições pagãs e a ação dos grupos maniqueístas».

Mas em particular, Bento XVI sublinhou uma das grandes preocupações do Papa Leão:«ligou a liturgia à vida cotidiana dos cristãos: por exemplo, unindo a prática do jejum à caridade e à esmola».

«Leão Magno ensinou a seus fiéis – e suas palavras continuam sendo válidas para nós – que a liturgia cristã não é a lembrança de acontecimentos passados, mas a atualização de realidades invisíveis que atuam na vida de cada um.»

Esta foi a conclusão da intervenção: «Aprendamos, portanto, com São Leão Magno, a crer em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, e a viver esta fé cada dia na ação pela paz e no amor ao próximo».

terça-feira, 4 de março de 2008

«Católicas pelo Direito de Decidir» não é organização católica, lembra CNBB

E não fala pela Igreja Católica, enfatiza Conferência episcopal brasileira

Por Alexandre Ribeiro

BRASÍLIA, terça-feira, 4 de março de 2008 (ZENIT.org).- «Católicas pelo Direito de Decidir» não é uma organização católica e não fala pela Igreja Católica, recorda a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

O organismo episcopal brasileiro manifestou-se sobre o assunto por meio de nota, esta segunda-feira, já que «têm chegado à sede da CNBB inúmeras consultas sobre a ONG», «uma vez que em seus pronunciamentos há vários pontos contrários à doutrina e à moral católicas».

A nota esclarece que «se trata de uma entidade feminista, constituída no Brasil em 1993, e que atua em articulação e rede com vários parceiros no Brasil e no mundo, em particular com uma organização norte-americana intitulada “Catholics for a Free Choice”».

«Sobre esta última, a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos já fez várias declarações, destacando que o grupo tem defendido publicamente o aborto e distorcido o ensinamento católico sobre o respeito e a proteção devidos à vida do nascituro indefeso», explica a CNBB.

O grupo também «é contrário a muitos ensinamentos do Magistério da Igreja; não é uma organização católica e não fala pela Igreja Católica (Cf. http://www.usccb.org/comm/archives/2000/00-123.htm)».

De acordo com a nota da CNBB, «essas observações se aplicam, também, ao grupo que atua em nosso país».

A Conferência episcopal brasileira lembra que a Campanha da Fraternidade 2008 «reafirma nosso compromisso com a vida, especialmente, com a vida do ser humano mais indefeso, que é a criança no ventre materno, e com a vida da própria gestante».

«Políticas públicas realmente voltadas à pessoa humana são as que procuram atender às necessidades da mulher grávida, dando-lhe condições para ter e a criar bem os seus filhos, e não para abortá-los», afirma a nota.

«“Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19). Ainda que em determinadas circunstâncias se trate de uma escolha difícil e exigente, reafirmamos ser a única escolha aceitável e digna para nós que somos filhos e filhas do Deus da Vida.»

A CNBB encerra a nota conclamando «os católicos e todas as pessoas de boa vontade a se unirem a nós na defesa e divulgação do Evangelho da Vida, atentos a todas as forças e expressões de uma cultura da morte que se expande sempre mais».

segunda-feira, 3 de março de 2008

Nota da CNBB sobre as Católicas pelo Direito de Decidir

segunda: 03 de março de 2008

Têm chegado à sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – inúmeras consultas sobre a ONG denominada “Católicas pelo Direito de Decidir”, uma vez que em seus pronunciamentos há vários pontos contrários à doutrina e à moral católicas.

Esclarecemos que se trata de uma entidade feminista, constituída no Brasil em 1993, e que atua em articulação e rede com vários parceiros no Brasil e no mundo, em particular com uma organização norte-americana intitulada “Catholics for a Free Choice”. Sobre esta última, a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos já fez várias declarações, destacando que o grupo tem defendido publicamente o aborto e distorcido o ensinamento católico sobre o respeito e a proteção devidos à vida do nascituro indefeso; é contrário a muitos ensinamentos do Magistério da Igreja; não é uma organização católica e não fala pela Igreja Católica[1]. Essas observações se aplicam, também, ao grupo que atua em nosso país.

A Campanha da Fraternidade deste ano de 2008 reafirma nosso compromisso com a vida, especialmente, com a vida do ser humano mais indefeso, que é a criança no ventre materno, e com a vida da própria gestante. Políticas públicas realmente voltadas à pessoa humana são as que procuram atender às necessidades da mulher grávida, dando-lhe condições para ter e a criar bem os seus filhos, e não para abortá-los.

“Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19). Ainda que em determinadas circunstâncias se trate de uma escolha difícil e exigente, reafirmamos ser a única escolha aceitável e digna para nós que somos filhos e filhas do Deus da Vida.

Conclamamos os católicos e a todas as pessoas de boa vontade a se unirem a nós na defesa e divulgação do Evangelho da Vida, atentos a todas as forças e expressões de uma cultura da morte que se expande sempre mais.

Brasília, 03 de março de 2008

domingo, 2 de março de 2008

Igreja no Brasil reafirma posição contra pesquisa com embriões

BRASÍLIA, domingo, 2 de março de 2008 (ZENIT.org).- O Supremo Tribunal Federal do Brasil julgará na próxima quarta-feira uma ação que define a continuidade ou não das pesquisas com células-tronco embrionárias no país.

Esse foi um dos principais assuntos tratados pelo Conselho Permanente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), reunido de 27 a 29 de fevereiro, em Brasília.

Segundo informa a Sala de Imprensa da CNBB, em entrevista coletiva essa sexta-feira, a presidência do organismo episcopal reafirmou a posição da Igreja em relação a essa questão.

«A Igreja volta mais uma vez a dirigir sua palavra em defesa da vida. Esta é a posição básica e fundamental da Igreja. Não significa ser contra a ciência, contra o progresso, mas ser em primeiro lugar a favor da vida», disse o presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha, ao reafirmar a posição da Igreja contrária ao uso de células-tronco embrionárias para pesquisas.

De acordo com Dom Geraldo Lyrio, os bispos do Conselho Permanente decidiram enviar uma carta aos ministros do Supremo Tribunal para expressar a posição da Igreja.

«Não queremos fazer pressão sobre o STF, mas expor, inclusive como integrantes da própria sociedade brasileira, o nosso ponto de vista», disse.

«A Igreja não pretende impor o seu ponto de vista, mas defender seu direito de propor e de anunciar, sobretudo, quando se trata de uma questão como esta que extrapola os diferentes credos, posições filosóficas, ideologias, partidos políticos, dado ser uma questão que diz respeito a todos», afirmou o presidente.

O secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, destacou que a partir do momento que a vida começa, deve ser protegida, inclusive pelas instituições da sociedade civil e do próprio Estado.

Para ele, a Lei de Biossegurança, quando aprovada, trouxe erros graves ao misturar temas completamente díspares num único projeto de lei. «A Lei de Biossegurança abre caminho para a legalização progressiva do aborto e o desrespeito da vida humana», declarou.

(Com CNBB)

Bento XVI pede que jovens brasileiros sejam testemunhas de esperança

Pontífice reuniu-se com jovens de diferentes partes do mundo via satélite

Por Alexandre Ribeiro

APARECIDA, domingo, 2 de março de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI recordou esse sábado com carinho sua viagem ao Brasil de 2007 e pediu que os jovens brasileiros sejam testemunhas de esperança.

«Amados jovens, reunidos em Aparecida: ainda está viva no meu coração a lembrança da Viagem Pastoral que realizei no Brasil, especialmente no Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida», confessou o Papa.

Bento XVI falava aos jovens brasileiros via teleconferência, no contexto da Jornada Universitária da Europa e da América. Este ano, o evento reuniu universitários de dez cidades do mundo, entre elas Aparecida.

Cerca de 5 mil jovens congregaram-se no Santuário de Aparecida (167 km de São Paulo), para festejar com seus colegas de diferentes partes do mundo, recitar o Rosário junto do Papa e ouvir as palavras do pontífice.

Ao se dirigir em língua portuguesa aos brasileiros, Bento XVI afirmou que pede «à Virgem Mãe que obtenha para todos vocês a graça de ser sempre testemunhas de esperança».

Bandeiras e lenços se agitaram na Basílica quando o Papa apareceu no telão, às 14h do horário brasileiro. Aplausos e vivas ecoaram ainda mais fortes quando Bento XVI saudou a juventude em Aparecida.

A universitária Marina Campos, 20 anos, de São Paulo, confessou a Zenit sua emoção. «Ver o Papa surgir no telão e depois falar em português com a gente foi muito bonito. Tenho certeza de que todos aqui nunca esquecerão este momento», disse.

Já Ricardo Oliveira, 22 anos, de Campinas, destacou que agora é tempo de acolher o desafio lançado pelo Papa: «ser testemunhas de esperança em nossos ambientes, especialmente na Universidade», afirmou.

O dia de oração e festa tinha iniciado às 10h no Santuário de Aparecida, com palestras, shows musicais e testemunhos.

Pela tarde, durante o Rosário com o Papa, estudantes de diferentes cidades do mundo se revezaram na recitação das Ave-Marias. As imagens televisivas mostravam os universitários nas diferentes igrejas e santuários, reunidos com seus bispos e arcebispos.

Em uma breve alocução após a vigília mariana, Bento XVI expressou sua esperança na juventude.

«Jovens construtores da civilização do amor! Deus vos chama hoje, jovens europeus e americanos, a cooperar, junto de vossos colegas de todo o mundo, para que a seiva do Evangelho renove a civilização destes dois continentes e de toda a humanidade», disse.

«Este é o imperativo que hoje vos encomendo, queridos amigos: sede discípulos e testemunhas do Evangelho, pois o Evangelho é a boa semente do Reino de Deus, quer dizer, da civilização do amor. Sede construtores de paz e de unidade!», afirmou o pontífice.

Às 16h, o arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, celebrou a eucaristia de encerramento da Jornada com os jovens.

Em sua homilia, Dom Damasceno reforçou o convite de Bento XVI de que os jovens se comprometam na construção da civilização do amor.

«Vocês são chamados a ser discípulos e amigos de Cristo, na renovação do mundo com a luz do Evangelho», afirmou.

O arcebispo de Aparecida enfatizou que «a Igreja ama os jovens, acredita nos jovens e tem esperança neles para a construção de um mundo melhor».

Dom Damasceno abençoou os universitários em seu retorno a casa. Após a missa, as caravanas se despediram, enquanto alguns grupos ainda tocavam violão e entoavam cantos ao redor da Basílica da Padroeira do Brasil.