domingo, 30 de novembro de 2008

Papa constata avanço no diálogo com ortodoxos

Recorda Santo André, patrono do patriarcado de Constantinopla

CIDADE DO VATICANO, domingo, 30 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI constatou com alegria os avanços que se dão no diálogo entre católicos e ortodoxos, ao celebrar neste domingo a festa do apóstolo Santo André, patrono do patriarcado ecumênico de Constantinopla.

O pontífice agradece a Deus ao constatar que as relações entre os filhos destas Igrejas se fazem cada vez mais profundas em uma mensagem enviada nesta data ao patriarca ecumênico Bartolomeu I.

Após rezar o Ângelus neste domingo, o Papa recordou os laços que unem Constantinopla com Roma, pois André, patrono do patriarcado ecumênico, era o irmão de Simão Pedro, primeiro bispo de Roma.

Por ocasião desta data, segundo a tradição, o Papa enviou a Istambul em visita ao patriarca uma delegação da Santa Sé, dirigida pelo cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício da Promoção para a Unidade dos Cristãos.

Em sua mensagem ao patriarca, Bento XVI constata «com alegria e ação de graças que as relações entre nós estão entrando progressivamente em níveis mais profundos, enquanto renovamos nosso compromisso por continuar no caminho da oração e do diálogo».

«Confiamos em que nosso caminho comum chegue a esse dia bendito no qual louvaremos a Deus juntos e a uma celebração compartilhada da Eucaristia».

«A vida interior de nossas Igrejas e os desafios do mundo moderno exigem urgentemente este testemunho de unidade entre os discípulos de Cristo», conclui em sua mensagem ao patriarca.

Como sinal dos laços que se criaram entre Roma e Constantinopla, o Papa menciona as três visitas que no último ano fez à cidade eterna o Patriarca Bartolomeu I. A última foi para intervir, com um ato sem precedentes na história, no Sínodo dos Bispos, reunido no Vaticano, sobre a Palavra de Deus, durante o mês de outubro.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Núncio no Brasil: defesa e promoção da vida é o desafio maior de nosso tempo

Arcebispo explica que Documento de Aparecida reafirma o evangelho da vida


INDAIATUBA, quarta-feira, 26 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- O núncio apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri, considera que «a defesa e a promoção da vida é o desafio maior de nosso tempo».

O núncio falou sobre a abordagem que o Documento de Aparecida faz do tema da defesa da vida na homilia da Missa de abertura do congresso internacional «Pessoa, cultura da vida e cultura da morte», na manhã de hoje, em Itaici (Indaiatuba, São Paulo).

Segundo Dom Lorenzo Baldisseri, o Documento de Aparecida «se estrutura em torno da mensagem da Vida, cujo centro é Cristo». «A temática da vida ilumina também cada uma das três grandes partes do Documento, sempre ligando a pessoa de Jesus Cristo à vida dos povos latino-americanos». 

«Diante dos desafios do mundo contemporâneo, que está perdendo o caminho da vida para enveredar pelo caminho da morte, o Documento reafirma o evangelho da vida e evoca a pergunta de Tomé: “Como vamos saber o caminho?”. A resposta de Jesus é uma proposta: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.»

Dom Lorenzo explica que o Documento «proclama a Boa Nova de Jesus Cristo que deve ser proclamada em toda circunstância e particularmente nos campos da dignidade humana, da vida, da família e da atividade humana».

«Diante dos diversos obstáculos apresentados pela cultura vigente que, muitas vezes apresenta uma vida sem sentido, que tem como base o subjetivismo hedonista e gera um mundo de exclusão e de morte, somos convidados a acolher a proposta de vida trazida por Jesus Cristo, que veio ao mundo “para que todos tenham vida e a tenham em abundância”.»

O arcebispo explicou que, discordando da mentalidade reinante, «que mede o valor da vida a partir de critérios de funcionalidade, nós, como discípulos de Jesus Cristo, devemos continuar acreditando e defendendo a sacralidade da vida humana, independente das condições ou do estágio em que se encontra».

«Também o sofrimento, quando acolhido numa atitude de fé, pode transformar-se numa significativa experiência de humanização e proporcionar um verdadeiro encontro com o Senhor.»

Segundo Dom Lorenzo, no Documento de Aparecida «reafirma-se, mais uma vez, o caráter inviolável e sagrado da vida humana, que deve ser salvaguardado desde a concepção até seu término natural».

«A defesa e a promoção da vida é o desafio maior de nosso tempo. É a missão de toda a Igreja e, no contexto latino-americano e caribenho, é um programa renovado que chama a um empenho continental de missão», considera.

O núncio pediu então a construção de «uma verdadeira cultura da vida, na qual a Pessoa Humana, especialmente a mais frágil e indefesa, possa ser respeitada e acolhida em sua original e intrínseca dignidade».


terça-feira, 25 de novembro de 2008

Cardeal Arinze: «liturgia é a respiração da vida da Igreja»

O prefeito da Congregação para o Culto divino fala sobre a renovação litúrgica conciliar


CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 25 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- «A liturgia é o coração da Igreja; se a Igreja não celebra a Eucaristia, converte-se em uma instituição obsoleta», afirma o cardeal Francis Arinze, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em uma entrevista concedida ao jornal L'Osservatore Romano no sábado passado. 

O purpurado, que celebrou no fim de semana passado o 50º aniversário de sua ordenação sacerdotal, fez balanço de seu trabalho à frente da Congregação, cuja tarefa, explicou, não é ser um «policial eclesiástico», mas simplesmente «promover o culto divino». 

«Se a Igreja não reza, não vive. A liturgia é a respiração da vida da Igreja. A Igreja nasceu para adorar Deus, honrá-lo e louvá-lo. A missa é o ato mais elevado que a Igreja pode fazer, não há nada mais elevado, este é essencialmente o centro da atividade deste dicastério», explicou. 

Diante das dificuldades e confusões em matéria litúrgica surgidas após o Concílio Vaticano III, o cardeal explicou que o problema «não é o Concílio em si, mas quem não o recebeu corretamente ou quem inclusive o rejeitou com os fatos». 

«Há pessoas que não digeriram o que o Vaticano II disse; outras pretendem ditar a interpretação autêntica do espírito conciliar; e outras pedem inclusive um novo concílio», explicou, ainda que admitiu também que «a situação hoje é muito mais tranqüila que há 30 anos». 

O cardeal afirma que muitos abusos «não se devem à má vontade, mas à ignorância. Alguns não sabem ou não são conscientes de que não sabem. Não sabem, por exemplo, que as palavras e os gestos têm raízes na tradição da Igreja. Assim, crêem ser mais originais ou criativos mudando-os». 

«Frente a essas coisas, é necessário reafirmar que a liturgia é sagrada, é a oração pública da Igreja», acrescentou. 

O purpurado explicou que neste momento, seu dicastério está estudando algumas mudanças na liturgia, como, por exemplo, o Ite ad Evangelium Domini annuntiandum; Ite in pace glorificando vita vestra Dominum; Ite in pace. 

Outra mudança que se está estudando atualmente é a colocação do gesto da paz. «Com freqüência não se compreende plenamente o significado deste gesto. Pensa-se que é uma ocasião para apertar mão dos amigos. Mas na verdade, é um modo de dizer ao que está ao lado que a paz de Cristo, presente realmente no altar, está também com todos os homens.» Por isso, o purpurado revelou que se está estudado a possibilidade de trasladar este gesto ao momento do ofertório, «para criar um clima mais recolhido enquanto se prepara para a Comunhão». 

«O Papa pediu uma consulta a todos os bispos. Depois decidirá», acrescentou.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Casamento de Rafael Vitola Brodbeck (do VS) e Aline Rocha Taddei (do Sociedade Católica e do Blog Femina On Line)



Casei-me no dia 25 de outubro último com a então senhorita Aline Rocha Taddei. A Missa foi no rito romano moderno, pós-conciliar, com muitos trechos em latim. Várias partes do Ordinário cantadas em gregoriano, com alternância das respostas em polifonia. Do Próprio, tivemos as antífonas em gregoriano e em polifonia, as orações em português (cantadas), e o prefácio em gregoriano.

A Missa foi celebrada pelo Pe. Federico Juárez, LC, com acólitos e tendo por cerimoniário o Ir. Eric, LC. A Schola Cantorum foi dos monges da Congregação Monástica de Santa Cecília, de Caçapava do Sul, e dos leigos por eles regidos em Novo Hamburgo.

Algumas fotos:
































Eis o programa musical:

MISSA IN CELEBRATIONE MATRIMONII

Celebrada por S. Revma., o Pe. Federico Juárez, LC,

acompanhado de vários acólitos

Cantos gregorianos e peças polifônicas executados pela

Schola Cantorum dos Monges da Ordem de Santa Cecília

e pela

Cappella Ceciliana de Novo Hamburgo,

regidos por S. Revma., o D. Prior Marcos de Santa Helena, OSC

Missa rezada em vernáculo e latim, com trechos cantados igualmente em latim, segundo a forma ordinária do rito romano, conforme o Missal promulgado por S.S., o Papa Paulo VI, e revisto por S.S., o Papa João Paulo II.

Programa musical:

I. Procissão de Entrada dos sacerdotes, acólitos, noivo, pais e testemunhas: Fantasia em Lá menor (Bach)

II. Entrada da noiva: Marcha Nupcial (Mendelssohn)

III. Antífona da Entrada (Intróito): Deus in loco sancto suo (gregoriano)

IV. Kyrie VIII, De Angelis (gregoriano), intercalado com coros polifônicos (D. Marcos, OSC)

V. Gloria VIII, De Angelis (gregoriano), intercalado com coros polifônicos (D. Marcos, OSC)

VI. Aclamação ao Evangelho: Refrão do Alleluia pascal (gregoriano)

VII. Ação de Graças após a Bênção das Alianças: Grosser Gott (autoria desconhecida; arr: Dom Marcos, OSC)

VIII. Ofertório: In te speravi (gregoriano)

IX. Sanctus VIII, De Angelis (gregoriano), intercalado com coros polifônicos (D. Marcos, OSC)

X. Agnus Dei VIII, De Angelis (gregoriano), intercalado com coros polifônicos (D. Marcos, OSC)

XI. Pater Noster I (gregoriano)

XII. Comunhão: Adoro te devote (gregoriano)

XIII. Comunhão: Panis angelicus (Franck)

XIV. Ação de Graças depois da Comunhão: Jam non dicam vos servos (D. Marcos, OSC)

XV. Consagração à Santíssima Virgem e saída: Ave Maria (Gounod/Bach; arr: D. Marcos, OSC)


Espero que gostem das fotos.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Papa convida líderes religiosos a «manterem alta a chama da paz»

Mensagem ao encontro de oração pela paz


CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 17 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI se dirigiu ao encontro de oração pela paz que acontece em Chipre para convidar os representantes das religiões nele reunidos a «manterem alta a chama da paz».

Segundo a mensagem enviada em nome do Papa pelo cardeal Tarcisio Bertone, seu secretário de Estado, o encontro, que acontece de 16 a 18 de novembro, revive 22 anos depois a histórica jornada mundial de oração pela paz de Assis, convocada por João Paulo II. 

A iniciativa, como todos os anos a partir de então, é convocada pela Comunidade de Sant'Egidio, nova realidade eclesial, e nesta ocasião pela Igreja Ortodoxa de Chipre. Reúne, em particular, líderes cristãos, judeus e muçulmanos, assim como especialistas da cultura e da política. 

O pontífice deseja que este momento «de escuta recíproca» sirva para «dissipar as névoas da suspeita e da incompreensão e para pedir a Deus Pai o precioso dom da paz». 

Nesse encontro, deseja o pontífice, cada um poderá abrir os olhos à realidade e aos irmãos, oferecendo «um momento de autêntico e recíproco conhecimento das diferenças, das singularidades e dos elementos que nos unem». 

A mensagem pontifícia recorda que a paz «é por sua vez um dom e um dever»: «dom e dever que têm de ser acolhidos, porque provêm da multiforme sabedoria de Deus, mas também custodiados, desenvolvidos e amadurecidos, porque os frutos que podem brotar desta fecunda planta dependem também de nossa responsabilidade pessoal e de nosso incansável empenho». 

Por isso, o Papa convida a «manterem alta a chama da paz, alimentada por gestos cotidianos de caridade e de amizade fraternas».

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Histórico acordo entre Santa Sé e Brasil

Baseado em uma «laicidade saudável»


CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 13 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- A Santa Sé e a República Federal do Brasil assinaram um acordo de amizade e colaboração nesta quinta-feira, no Palácio Apostólico Vaticano, segundo deu a conhecer a Sala de Imprensa Vaticana.

O acordo foi assinado, por parte da Santa Sé, pelo arcebispo Dominique Mamberti, secretário para as Relações com os Estados, e por parte do Brasil, por Celso Amorim, ministro de Assuntos Exteriores. 

Assistiram ao ato numerosas personalidades, entre elas o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, e Dom Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, Dom Lorenzzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil, o presidente da República Federal do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, e a embaixadora do Brasil na Santa Sé, Vera Barroulin Machado. 

O acordo, explica a nota vaticana, «consolida ulteriormente os tradicionais vínculos de amizade e de colaboração existentes entre ambas as partes»; está composto por um preâmbulo e 20 artigos que regulam vários âmbitos, entre eles «o estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil, o reconhecimento dos títulos de estudo, o ensino religioso nas escolas públicas, o matrimônio canônico e o regime fiscal». Entrará em vigor após o intercâmbio das ratificações. 

No discurso de Dom Mamberti, o prelado recordou que «dois acontecimentos de particularíssima relevância marcam, nos dois últimos anos, a vida do Brasil e da Igreja Católica que vive nele». 

Um deles foi a visita apostólica de Bento XVI por ocasião da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em Aparecida, em maio de 2007. 

No momento de sua chegada, recordou, o pontífice afirmou que o Brasil «ocupa um lugar muito especial no coração do Papa, não só porque é cristão e tem o número mais elevado de católicos, mas principalmente porque é uma nação rica de potencialidades com uma presença eclesial que é motivo de alegria e esperança para toda a Igreja». 

O olhar do Santo Padre, acrescentou Dom Mamberti, estendeu-se «desde o Brasil a toda a América Latina, um continente – afirma o documento conclusivo de Aparecida – que é em si mesmo um dom entregue benevolamente por Deus, graças à beleza e fecundidade de suas terras e à riqueza de humanidade que emana de sua gente, das famílias, dos povos e das múltiplas culturas». 

A segunda circunstância é precisamente a assinatura do acordo, «importante ato que se coloca no caminho desses vínculos de amizade e colaboração que subsistem há quase dois séculos entre as partes, e que hoje foram ulteriormente reforçados». 

Se a constituição de 1824 imprimia ao império brasileiro um caráter «estritamente confessional», explicou o representante vaticano, as sucessivas cartas fundacionais modificaram este marco, até a vigente constituição de 1988, que assegura «por uma parte a laicidade saudável do estado e, por outra, garante o livre exercício das atividades da Igreja em todos os âmbitos de sua missão». 

Como dizia o Concílio Vaticano II na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, por outro lado, «a comunidade política e a Igreja são independentes e autônomas uma da outra em seus respectivos campos. Mas as duas, ainda que de diferente maneira, estão ao serviço da vocação pessoal e social dos próprios homens. Elas levarão a cabo este serviço pelo bem de todos, de forma tanto mais eficaz quanto mais cultivem uma saudável colaboração entre elas, segundo modalidades adaptadas às circunstâncias de tempo e lugar». 

Através da assinatura deste acordo, observou Dom Mamberti, este marco «recebe hoje uma ulterior confirmação, de caráter jurídico e internacional». 

Entre os principais elementos do texto, citou «o reconhecimento da personalidade jurídica das instituições previstas no ordenamento canônico, o ensino da religião católica nas escolas, como das demais confissões religiosas, o reconhecimento das sentenças eclesiásticas em matéria matrimonial, a inserção de espaços dedicados ao culto nos ordenamentos urbanos e o reconhecimento dos títulos acadêmicos eclesiásticos».

A propósito disso, o prelado constatou que «estaria fora de lugar falar de privilégios, porque não há nenhum privilégio no reconhecimento de uma realidade social de tão grande relevância histórica e atual como a Igreja Católica no Brasil, sem que isso tire nada do que se deve aos cidadãos de outra fé e de distinta convicção ideológica». 

Da mesma forma, recordou «com sentido de gratidão» o papel da Conferência Episcopal Brasileira na gênese do Acordo, sublinhando que foi precisamente o episcopado brasileiro quem sugeriu em 1991 a oportunidade de estipular um Acordo internacional entre a Igreja e o Estado, impulso que levou em 2006 ao começo oficial das negociações. 

Neste contexto, Dom Mamberti augurou que o texto «possa o quanto antes entrar em vigor e contribuir, como está em suas finalidades, não só para consolidar os vínculos entre a Santa Sé e o Brasil e favorecer cada vez mais o desenvolvimento ordenado da missão da Igreja Católica, mas também para promover o progresso espiritual e material de todos os habitantes do país e colaborar, enquanto for possível, na solução dos grandes problemas que hoje preocupam a humanidade».

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Papa Bento XVI mostra influência de Pio XII no Concílio Vaticano II

Recolhe sua herança no 50º aniversário de seu falecimento


CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 11 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- Não é possível entender o Concílio Vaticano II sem levar em conta o magistério de Pio XII, considera Bento XVI, constatando que esse papa é, depois da Escritura, a fonte mais citada em seus documentos.

O Papa Joseph Ratzinger chegou a esta conclusão ao recolher a herança deixada à Igreja pelo pontificado de Eugenio Pacelli (1939-1958) no discurso que dirigiu neste sábado aos participantes de um congresso sobre «A herança do magistério de Pio XII e o Concílio Vaticano II», promovido pelas universidades pontifícias Gregoriana e Lateranense, no 50º aniversário da morte do servo de Deus. 

A intervenção do Papa mostra como este concílio ecumênico não supôs uma ruptura com o passado, mas seguiu a Tradição da Igreja, recebida e exposta pelo sumo pontífice, que havia precedido sua convocatória. 

«Certamente a Igreja, Corpo Místico de Cristo, é um organismo vivo e vital, que não está imobilizado no que era há 50 anos», reconheceu o Papa depois de repassar os grandes documentos do pontificado de Eugenio Pacelli. 

«Mas o desenvolvimento acontece com coerência. Por isso, a herança do magistério de Pio XII foi recolhida pelo Concílio Vaticano II e proposta às gerações cristãs posteriores.»

O Papa constatou que «nas intervenções orais e escritas apresentadas pelos padres do concílio Vaticano II se encontram mais de mil referências ao magistério de Pio XII». 

Nem todos os documentos do Concílio têm uma parte de notas, mas nos documentos que contam com isso, «o nome de Pio XII aparece mais de 200 vezes», informou. 

Isso quer dizer que, «com exceção da Sagrada Escritura, este papa é a fonte autorizada que o Concílio cita com mais freqüência». 

«Também – sublinhou –, as notas desses documentos não são, em geral, meras referências explicativas, mas com freqüência constituem autênticas partes integrantes dos textos conciliares; não só oferecem justificativas de apoio para o que afirma o texto, mas também oferecem uma chave de interpretação.»

O discurso do Papa se converteu, portanto, em uma reivindicação do papel histórico do falecido pontífice, em particular de seu magistério, pois «nos últimos anos, quando se falou de Pio XII, a atenção se concentrou de maneira excessiva em um só problema, tratado geralmente de maneira unilateral». 

«Independentemente de outras considerações, isso impediu uma visão adequada de uma figura de grande profundidade histórico-teológica como a de Pio XII», considerou. 

«Não surpreende, portanto – disse seu sucessor – que seu ensinamento continue difundindo luz ainda hoje na Igreja.»

«Na pessoa do Sumo Pontífice Pio XII, o Senhor fez à sua Igreja um dom excepcional, pelo qual todos devemos agradecer-lhe», afirmou. 

Conclusões do congresso 

Em suas palavras de saudação ao Papa, o arcebispo Rino Fisichella, reitor da Universidade Pontifícia Lateranense, mostrou como «o magistério de Pio XII, recolhido principalmente em suas 43 encíclicas e em seus numerosos discursos, não só foi propedêutico para o Concílio, mas marcou positivamente seu desenvolvimento». 

Por isso, ao explicar o espírito do Vaticano II, disse: «Não vigora a lei da descontinuidade, mas a de uma continuidade que se realiza em um desenvolvimento harmonioso, capaz de mostrar o progresso da doutrina sem alteração alguma». 

Por sua parte, na audiência, o Padre Gianfranco Ghirlanda, S.J., reitor da Universidade Pontifícia Gregoriana, explicou ao Papa que o congresso, que se celebrou na sede das duas universidades, «sublinhou mais uma vez a profundidade do magistério de Pio XII, que foi uma fonte riquíssima de tantos documentos do Concílio Vaticano II, assim como do magistério pós-conciliar».

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Agradecimento de rabino a Pio XII

Carta do rabino Zaoui ao Papa em 1944


Por Anita S. Bourdin

ROMA, quarta-feira, 5 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- Um rabino francês agradeceu a Pio XII e aos sacerdotes católicos pela ajuda prestada aos judeus perseguidos durante a Shoah. Trata-se do rabino André Zoui, capelão, capitão do corpo expedicionário francês, que se dirigiu a Pio XII em 22 de junho de 1944 e cuja carta se encontra entre as peças mais interessantes da exposição sobre a biografia de Pio XII, apresentada no dia 3 de novembro no Vaticano. 

A exposição não busca dizer uma palavra sobre os fatos, gestos e palavras de Pio XII em favor dos judeus perseguidos, mas traçar o itinerário do Papa Eugenio Pacelli desde sua infância até sua morte em 1958, há 50 anos. 

A exposição apresenta as facetas de sua personalidade, desde seu amor aos animais (ele aparece fotografado com um canário e alguns cordeiros), sua fascinação por todas as invenções modernas (seu barbeador elétrico e sua máquina de escrever, sua presença nas ondas da Rádio Vaticano), sua preocupação constante pelos mais necessitados (os colchões instalados até nas escadas do Palácio Apostólico ou em Castel Gandolfo para acolher os refugiados da 2ª Guerra Mundial, sem distinção), seu amor às artes (e seu salvamento de obras de arte durante o conflito, ou o concerto da Orquestra Filarmônica de Israel, em 25 de maio de 1955, em sinal de «gratidão por sua obra em favor dos judeus perseguidos durante a guerra»), suas repetidas intervenções durante a guerra, sua atividade diplomática, etc. 

O rabino Zaoui recorda que pôde assistir a uma audiência pública do Papa «em 6 de junho de 1944, às 12h20», com «numerosos oficiais e soldados aliados». 

Menciona também sua visita ao Instituto Pio XI, «que protegeu durante mais de seis meses cerca de sessen60ta crianças judias, entre elas alguns pequenos refugiados da França». 

Diz ter-se sentido impressionado pela «solicitude paternal de todos os professores» e cita esta frase do prefeito de estudos: «Não fizemos nada além do nosso dever». 

Em 8 de junho de 1944, o rabino Zaoui resenha outro acontecimento do qual participou: a reabertura da sinagoga de Roma, fechada pelos nazistas em outubro de 1943. 

Assinala a presença de um sacerdote francês, o Pe. Benoit, «evadido da França», que se dedicou «ao serviço das famílias judaicas de Roma». O rabino resenha estas palavras do sacerdote e a forte impressão que tiveram na assembléia que o reconheceu e aclamou: «Amo os judeus de todo coração». Esta palavra recorda o rabino da de Pio XI, que diz assim: «Nós somos espiritualmente semitas». 

André Zaoui expressa seu reconhecimento: «Israel não esquecerá jamais». A carta se encontra também reproduzida no elegante e muito cuidado catálogo da exposição, publicado sob a autoridade da Comissão Pontifícia de Ciências Históricas («O homem e o pontificado 1876-1958», 238 páginas, Livraria Editora Vaticana, p. 157). 

Uma carta do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, reproduzida em fac-símile (p. 13-14), sublinha a importância deste catálogo e da exposição, que ajuda a «dar a conhecer melhor um pontífice que é reconhecido justamente como um dos maiores personagens do século XX». 

Agradece vivamente a todos aqueles que participaram desta empresa e deseja que esta contribua «para a valorização, especialmente por parte das novas gerações, da extraordinária figura deste Papa, que soube preparar, com uma intuição profética dos sinais dos tempos, o caminho da Igreja na era contemporânea». 

A exposição, organizada no chamado «Braço de Carlos Magno», ou seja, do lado esquerdo da colunata de Bernini, olhando de frente para a fachada da Basílica de São Pedro, está aberta desde ontem até 6 de janeiro de 2009. Partirá depois para Berlim e Munique. 

Foi apresentada pelo presidente da Comissão Pontifícia de Ciências Históricas, professor Walter Brandmuller, por Giovanni Morello – da Fundação para os Bens e as Atividades Culturais da Igreja –, pelo vaticanista do jornal italiano Il Giornale, Andrea Tornielli, pelos professores Matteo Luigi Napolitano, Universidade do Molise, e por Philippe Chenaux, professor de História Moderna e Contemporânea na Universidade Pontifícia de Latrão e autor de uma obra titulada «Pio XII, diplomata e pastor», em presença do professor Cosimo Semeraro, sdb, secretário da Comissão Pontifícia.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pressão para aprovar o aborto no Brasil não acabou

Líder pró-vida destaca importância da formação no campo da Bioética


SÃO PAULO, segunda-feira, 3 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- A pressão para aprovar o aborto no Brasil continua; diante disso, é importante a formação permanente de todos os fiéis no campo da Bioética, considera uma líder pró-vida no país.

A Dra. Lenise Garcia, professora da Universidade de Brasília e presidente do Movimento Nacional pela Cidadania em Defesa da Vida “Brasil Sem Aborto”, recorda que duas comissões da Câmara dos Deputados rejeitaram, este ano, um projeto de lei que legalizaria o aborto no país (PL 1135/91).

Mas isso não significa que os grupos pró-aborto tenham enfraquecido. «Há forte pressão da ONU e de ONGs que contam com financiamento externo para que o aborto seja aprovado no Brasil, e de modo geral na América Latina, contra a evidente vontade da população», disse a professora, no contexto do IV Seminário de Bioética da Diocese de Taubaté (São Paulo), realizado dia 25 de outubro.

De acordo com Lenise Garcia, há também o problema do «relativismo vigente», que descarta «os argumentos que se apóiam nos direitos e na dignidade da pessoa humana».

No contexto da rejeição do PL 1135/91, a professora considera que «foi em parte a mobilização dos eleitores, que se manifestaram perante os deputados (por carta, telefonema, e-mail ou visitas pessoais), que conseguiu a vitória da vida nas duas comissões, e esperamos que a consiga no Plenário».

Segundo a professora, os eleitores devem verificar a postura de seus candidatos em «questões importantes» como o tema da defesa da vida. «A consciência das pessoas está crescendo, e também os meios para informar-nos sobre os possíveis candidatos ao nosso voto».

Lenise Garcia considera também que é preciso elaborar políticas públicas que reconheçam o papel da família na estruturação da sociedade. «É importante que a legislação e as ações administrativas sejam feitas tendo-se em vista a proteção à família, ao casamento, à maternidade (incluída a gestação), à infância, à adolescência e à velhice».

Um outro campo de trabalho imprescindível, de acordo com a professora, «é a formação permanente de todos os fiéis no que se refere aos atuais desafios da Bioética».

«É preciso que os fiéis conheçam a doutrina da Igreja sobre questões como reprodução assistida, aborto (inclusive nos casos em que alguns pretendem abrir exceções), uso de células-tronco, etc.»

A professora cita «excelentes documentos», como a encíclica Evangelium Vitae, de João Paulo II, e o Donum Vitae, da Congregação para a Doutrina da Fé, «que poderiam ser mais amplamente difundidos».

Além disso – prossegue Lenise –, há que incentivar os leigos para que «assumam com ousadia o papel que lhes cabe na estruturação da sociedade, como cidadãos livres e responsáveis».

«O leigo precisa compreender que não fala "em nome da Igreja", mas que deve ser coerente com sua fé em todas as suas atuações sociais, políticas, econômicas», disse.

A professora destacou também a importância da oração no trabalho em defesa da vida. 

«A oração é o nosso sustentáculo». «Todos os cristãos podem contribuir com as suas orações a Deus para que se preserve no mundo a cultura da vida», afirma.