sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Cristianismo não é uma religião européia, declara Papa

Ao apresentar a figura de Santo Efrém da Síria

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 28 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- O cristianismo não é uma religião européia, sua origem está em Jerusalém e teve um desenvolvimento histórico decisivo na Ásia que é importante redescobrir, explicou Bento XVI nesta quarta-feira.

O Santo Padre esclareceu preconceitos ao apresentar aos 8.000 peregrinos que participaram da audiência geral, celebrada na Sala Paulo VI, a figura de Santo Efrém da Síria (306-373), o maior dos Padres da Igreja síria, assim como o poeta mais renomado de toda a época patrística.

«Segundo uma opinião comum hoje, o cristianismo seria uma religião européia, que teria exportado a cultura deste continente a outros países», começou dizendo o Santo Padre.

«Mas a realidade é muito mais complexa, pois a raiz da religião cristã se encontra no Antigo Testamento e, portanto, em Jerusalém e no mundo semítico. O cristianismo se alimenta sempre desta raiz do Antigo Testamento», sublinhou.

«Sua expansão nos primeiros séculos aconteceu tanto para o Ocidente, para o mundo greco-latino, onde depois inspirou a cultura Européia, como para o Oriente, até a Pérsia, Índia, ajudando deste modo a suscitar uma cultura específica, com línguas semíticas, e com uma identidade própria», indicou.

Para mostrar esta multiformidade cultural da única fé cristã, o Papa começou a apresentar em sua série de reflexões sobre as grandes figuras do cristianismo, os expoentes asiáticos. Na quarta-feira anterior havia falado de Afraates, o sábio persa do século IV.

Nesta ocasião, ele se concentrou em Santo Efrém, que passou à história do cristianismo como «cítara do Espírito Santo», em referência à sedutora beleza poética de seus escritos.

«Ordenado diácono – recordou o bispo de Roma –, viveu intensamente a vida da comunidade local até o ano 363, no qual Nisibis caiu nas mãos dos persas. Então Efrém imigrou a Edesa, onde continuou pregando. Morreu nesta cidade no ano 373, ao ficar contagiado em sua obra de atenção aos enfermos de peste.»

Em sua cultura e expressão síria, acrescentou o pontífice, «pode-se ver a comum e fundamental identidade cristã: a fé, a esperança – essa esperança que permite viver pobre e casto neste mundo, pondo toda expectativa no Senhor – e por último a caridade, até oferecer o dom de si mesmo no cuidado dos enfermos de peste.»

A grande contribuição de Efrém aos cristãos de hoje, como assinalou Bento XVI, se resume em sua originalidade: «sua teologia se torna liturgia, torna-se música: de fato, era um grande compositor, um músico».

«Teologia, reflexão sobre a fé, poesia, canto, louvor a Deus, estão unidos». E ele o faz com o talento sírio, seguindo «o caminho do paradoxo e do símbolo».

O poeta sírio «confere à poesia e aos hinos para a liturgia um caráter didático e catequético», algo que continua sendo necessário hoje em dia.

Ele o faz, por exemplo, ao falar de Deus criador: «na criação não há nada isolado, e o mundo é, junto à Sagrada Escritura, uma Bíblia de Deus».

«Ao utilizar de maneira equivocada sua liberdade, o homem inverte a ordem do cosmos. Para Efrém, dado que não há Redenção sem Jesus, tampouco há Encarnação sem Maria», disse o Papa, sintetizando sua teologia.

Falando no final em espanhol, o Papa declarou que «a presença de Jesus no seio de Maria o leva a considerar a altíssima dignidade e o papel fundamental da mulher».

Novas descobertas genéticas dão razão aos médicos católicos

A clonagem humana deixa de ser interessante, reconhece o pai da ovelha Dolly

ROMA, quarta-feira, 28 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- As novas descobertas científicas sobre células-tronco (ou estaminais) adultas, que não implicam a eliminação de vidas humanas, deram razão à batalha ética liderada há anos pelos médicos católicos.

O Dr. Josep Maria Simón, presidente da Federação Internacional de Associações Médicas Católicas (FIAMC), elogia os resultados de uma equipe japonesa e uma equipe americana que conseguiram transformar células de pele humana em células-tronco, que são capazes de evoluir em células nervosas, cardíacas ou em qualquer dos 220 tipos de células do corpo humano.

A nova técnica, ainda que exija aperfeiçoamento, é tão promissora que o cientista que conseguiu clonar a primeira ovelha do mundo, Ian Wilmut, anunciou que deixará de lado a clonagem de embriões para focalizar-se nas células-tronco derivadas de células da pele.

«Parece que a Providência está nos indicando o caminho dos médicos e demais pesquisadores. Deus aperta, mas não enforca. Fecha-se uma porta e se abre outra», reconhece o Dr. Simón em declarações à Zenit.

«Os médicos católicos ainda têm algumas dificuldades para que muitas pessoas compreendam e aceitem que a vida humana nascente é digna de todo respeito. Contudo, só a pesquisa e os tratamentos com base nas células-tronco adultas estão dando resultado», acrescenta.

«Ao tratar com elas não se destroem embriões e temos resultados – constata. E os resultados são muito valorizados em nossas sociedades ocidentais desenvolvidas e eficazes.»

O presidente dos médicos católicos confessa: «Não sei o que teria sido de nossa capacidade para comunicar se as embrionárias tivessem dado resultado! A Providência nos economizou a dureza de ter que dizer: ‘Você poderia curar com embriões, mas deve continuar assim, já que sua destruição é imoral’».

«Este era o pensamento do Papa quando nos dirigiu o famoso discurso há um ano, aos participantes do congresso organizado pela FIAMC e pela Pontifícia Academia pela Vida», recorda o doutor em referência ao encontro que ainda pode ser visitado em www.stemcellsrome2006.org.

«Não queremos medalhas, mas então dissemos que havíamos convidado os melhores. E agora foi a equipe japonesa que convidamos que demonstrou os grandes resultados com as células adultas», conclui o Dr. Simón.

O bispo Elio Sgreccia, presidente da Academia Pontifícia para a Vida, tem a mesma opinião.

«Agora que não há necessidade de embriões nem da clonagem terapêutica – supostamente terapêutica –, fecha-se uma página de polêmicas agudas», reconhece.

«A Igreja a havia enfrentado por motivos éticos, alentando os pesquisadores a continuar com as células-tronco adultas e declarando ilícita a imolação do embrião», explicou Dom Sgreccia nos microfones de «Rádio Vaticano».

«A ética que respeita o homem é útil também para a pesquisa e confirma que não é verdade que a Igreja esteja contra a pesquisa: está contra a má pesquisa, que é nociva para o homem», conclui Sgreccia, constatando que todos os milhões destinados a pesquisar com células embrionárias se converteram em um «esbanjamento».

Excomunhão atinge quem provoca aborto e os que física ou moralmente cooperam

Cardeal Araujo Sales assinala incoerência quando se trata do tema do aborto

Por Alexandre Ribeiro

RIO DE JANEIRO, quarta-feira, 28 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- Ao reconhecer que a humanidade, nos últimos tempos, percorreu rapidamente «um extenso caminho no reconhecimento da dignidade humana», um cardeal brasileiro assinala a incoerência que há quando se trata do tema do aborto.

«A mesma sociedade que se horroriza, e com razão, pelos crimes contra os direitos humanos e pressiona os seus governantes para agir e tomar atitudes concretas, procede de maneira oposta quando se advoga o abortamento», afirma Dom Eugenio de Araujo Sales.

Em mensagem aos fiéis difundida essa semana pela arquidiocese do Rio de Janeiro, o arcebispo emérito destaca que «uma visão egoísta se reserva o direito de decidir quem pode ou não vir à luz».

«Essa mentalidade é altamente perigosa», afirma Dom Eugenio, «como a tese do direito da mãe sobre seu corpo a se estender à supressão da vida do ser que foi por ela concebido.»

«No atual nível de conhecimento científico não se pode honestamente pôr em dúvida que a prática abortista seja a eliminação de um ser humano. É uma modalidade de aplicar a pena de morte a um inocente, e isso sem processo legal e regular», enfatiza.

«No caso de estupro, que culpa tem o feto no crime do estuprador? Paga pelo que não cometeu. É uma vítima da própria mãe. O mesmo se diga das razões genéticas. Por toda parte se apregoa a morte para quem a natureza não beneficiou com uma formação normal. Qual a diferença de suprimir a vida antes ou depois de vir à luz? Assassinar no seio da mãe ou fora dele?»

Ao se dirigir especialmente aos católicos, o cardeal Araujo Sales afirma que, «se assim nos declaramos, não nos é lícito escolher, do corpo doutrinário, o que nos agrada e rejeitar os pontos que não nos convêm».

Dom Eugenio cita o Concílio Vaticano II, que «é claro»: “São infames as seguintes coisas: tudo quanto se opõe à vida, como seja toda espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário” (“Gaudium et Spes”, nº 37).

O cardeal recorda que esse ensino é constante. «Desde o primeiro século, o aborto provocado era alvo de condenação: “Não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém-nascido” (Didaqué, 2.2)».

«Em nossos dias, o Código de Direito Canônico (cânon 1398) é peremptório: “Quem provoca o aborto, seguindo-se o seu efeito, incorre em excomunhão ‘latae sententiae’ ou seja pelo próprio fato de se cometer o delito nas condições previstas pelo Direito”.»

Está também no Catecismo da Igreja Católica (nº 2272): “A cooperação formal para um aborto constitui falta grave. A Igreja sanciona com uma pena canônica de excomunhão este delito contra a vida humana”.

«A doutrina é clara e não admite subterfúgios», afirma. «Quem, dizendo-se católico, propõe algo diferente ou tenta interpretações falaciosas não anula o que é oficialmente proclamado».

Segundo o cardeal, «a excomunhão atinge quem provoca o aborto, mesmo por motivo de estupro, deformações de feto ou perigo de vida da mãe. Nele incorrem os que fisicamente cooperam, como médicos e enfermeiras, ou moralmente, como marido ou pais, obrigando ou induzindo a mulher ou filha a fazê-lo».

Dom Eugenio lembra que a propaganda abortista costuma fundamentar-se na preservação da vida da mãe.

«No entanto, ninguém tem o direito de substituir a vida de um ser humano por outra. O critério usado leva a graves conseqüências para a sociedade, e começa pelo incremento à violência. Essa convicção tem repercussão benéfica nos mais diversos aspectos de nossa existência.»

«A atitude firme da Igreja não exclui a benevolência e a misericórdia para com as infratoras ou infratores. O perdão está sempre à disposição dos sinceramente arrependidos», afirma o cardeal Araujo Sales.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Sacerdote ortodoxo romeno e sua paróquia se tornam católicos

Após cura de sua mãe de um tumor inoperável por intercessão de São Pio de Pietrelcina

PESCENA, terça-feira, 27 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- Enquanto na Itália se intensificava o debate sobre os estigmas do Padre Pio, em um povoado da Romênia se punha a primeira pedra da primeira igreja dedicada ao santo de Pietrelcina, em um dos países que até pouco tempo girava em torno da União Soviética.

O evento, segundo informou Renzo Allegri à Zenit, aconteceu no povoado de Pesceana, comarca de Valcea, na Romênia centro-meridional, graças ao Pe. Victor Tudor, sacerdote romeno que, até alguns anos atrás, era ortodoxo, mas que, após conhecer a existência do Padre Pio e ser testemunha de um grande milagre, realizado por Deus por intercessão do santo capuchinho, quis entrar na Igreja Católica e com ele todos os seus paroquianos.

Tudo começou em 2002. Lucrecia Tudor, mãe do Pe. Victor, que tinha então 71 anos, tinha um tumor no pulmão esquerdo. Os médicos romenos, após submetê-la a exames clínicos, disseram que lhe restavam poucos meses de vida.

Não se podia nem sequer tentar uma intervenção cirúrgica porque o tumor produziu metástase. O Pe. Victor pediu ajuda a seu irmão, Mariano Tudor, um jovem e reconhecido pintor romeno, especialista em iconografia, que vive e trabalha em Roma, esperando que conhecesse algum importante médico italiano, capaz de realizar o impossível.

Mariano contatou com um dos cirurgiões mais célebres do mundo, que havia operado inclusive Bill Gates. «Faça a sua mãe chegar a Roma e tentarei salvá-la», disse o professor.

Mariano levou a sua mãe a Roma e o professor examinou o expediente clínico dos colegas romenos e realizou exames mais detalhados na paciente.

Mas também ele, ante o quadro clínico, disse que uma operação era já inútil. Podia-se intervir só com fármacos para sedar as dores que seriam fortes, sobretudo na fase terminal.

Mariano ficou com sua mãe em Roma e a levava ao hospital para realizar controles. Estava trabalhando no mosaico de uma igreja e, como sua mãe não conhecia o italiano, ele a levava consigo. Enquanto ele trabalhava, sua mãe percorria a igreja, contemplando os quadros e as estátuas.

Em um lugar, havia uma grande estátua do Padre Pio. Lucrecia ficou impressionada e perguntou a seu filho quem era. Mariano lhe relatou brevemente a história. Nos dias seguintes, ele percebeu que sua mãe passava todo o tempo sentada diante da imagem, com a qual conversava como se fosse uma pessoa viva.

Passados cerca de quinze dias, Mariano levou sua mãe ao hospital para o controle e os médicos constataram com estupor que o tumor havia desaparecido. A mulher, ortodoxa, pediu ajuda ao Padre Pio e este a havia escutado.

«A cura prodigiosa de minha mãe, realizada pelo Padre Pio a favor de uma mulher ortodoxa, me impressionou muito – relata o Pe. Victor. Comecei a ler a vida do santo italiano. Contei a meus paroquianos o que havia acontecido. Todos conheciam a minha mãe e todos sabiam que havia ido à Itália para tentar uma intervenção cirúrgica, e que depois havia voltado para casa curada sem que nenhum médico a tivesse operado. Em minha paróquia, começaram a conhecer e a amar o Padre Pio. Líamos tudo o que encontrávamos sobre ele. Sua santidade nos conquistava. Enquanto isso, também outros enfermos de minha paróquia receberam graças extraordinárias do Padre Pio. Entre minha gente se difundiu um grande entusiasmo e, pouco a pouco, decidimos tornar-nos católicos, para estar mais próximos dele.»

A passagem da Igreja Ortodoxa à Católica requereu um longo procedimento jurídico. E dificuldades de todo tipo, explica em seu artigo Renzo Allegri. Mas o Pe. Victor e seus paroquianos não se detiveram ante as dificuldades.

«Com a ajuda do Padre Pio – diz Allegri – seus projetos se tornaram realidade. E imediatamente começaram a recolher os fundos necessários para a construção de uma igreja para dedicá-la ao Padre Pio».

«Os fundos são o resultado das economias desta pobre gente, e da ajuda de alguns católicos alemães que souberam de nossa história», diz o Pe. Victor.

«E são meus paroquianos os que estão levando adiante as obras, trabalhando gratuitamente. Em maio, iniciamos as obras de fundação. Há alguns dias, celebramos solenemente a colocação da primeira pedra. E foi uma grande festa, porque quem veio para celebrar a cerimônia foi sua beatitude Lucian Muresan, arcebispo metropolitano de Fagaras e Alba Julia dos Romenos, ou seja, a máxima autoridade da Igreja greco-católica na Romênia. Ao acabar a cerimônia, o metropolita quis conhecer a minha mãe, curada por um milagre do Padre Pio, e tirou uma foto com ela.»

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Papa recorda viagem ao Brasil

Ao saudar nesta manhã o cardeal Odilo Scherer

Por Alexandre Ribeiro

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 26 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- Bento XVI aproveitou a saudação especial que fez ao cardeal Odilo Scherer na manhã desta segunda-feira para recordar a viagem que fez ao Brasil em maio passado.


Na Sala Paulo VI, por ocasião da audiência concedida aos novos cardeais, o Papa fez questão de saudar em língua portuguesa tanto Dom Odilo como os bispos, familiares e amigos que o acompanhavam.

«A ocasião me é propícia para rememorar os dias da minha Viagem Pastoral deste ano em São Paulo, e para renovar meus agradecimentos pela acolhida que fui objeto na sua arquidiocese», disse o Papa.

«Faço votos por que esta nomeação à púrpura cardinalícia contribua para aprofundar o seu amor pela Igreja e fortalecer a fé de seus fiéis em Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor», afirmou.

Após a oração do Ângelus esse domingo, Bento XVI já havia se dirigido aos fiéis em língua portuguesa.

«Exprimo minha saudação mais sincera aos bispos e fiéis vindos do Brasil com familiares e amigos.»

«Unidos em torno ao arcebispo de São Paulo, incluído ontem no Colégio Cardinalício, vocês representam uma parte significativa da catolicidade brasileira que, por tradição histórica e empenho missionário, constitui a esperança da Igreja do amanhã», afirmou o Papa.

Em seguida, Bento XVI pediu que Nossa Senhora Aparecida proteja o Brasil, país «para mim tão querido», e «faça do novo purpurado exemplo vivo de Pastor dedicado, disposto a servir a Igreja e ao Romano Pontífice com fidelidade e amor».

Bento XVI aos novos cardeais: «Preciso do vosso apoio»

Recebe-os em audiência, junto a seus familiares e peregrinos

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 26 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- «Peço-vos que me acompanheis sempre com vossa experiência humana e pastoral»: assim se dirigiu o Papa aos 23 novos cardeais, expressando em parte a vocação a que estão chamados.

Foram recebidos em audiência no Vaticano – na Sala Paulo VI – na manhã de segunda-feira, em um encontro festivo, junto a milhares de familiares e fiéis que os acompanharam nestes dias.

O consistório público no qual foram criados cardeais (no sábado) e a Eucaristia que concelebraram na solenidade de Cristo Rei (no domingo) «nos ofereceu uma ocasião singular para experimentar a catolicidade da Igreja, bem representada pela variada procedência dos membros do Colégio Cardinalício, reunidos em estreita comunhão em torno do sucessor de Pedro», reconheceu Bento XVI em seu discurso.

Com fortes aplausos, o Santo Padre foi recebido neste encontro que, como ele reconheceu, «prolonga o clima de oração e de comunhão que vivemos nestes dias de festa pela criação de vinte e três novos cardeais».

Frente a Bento XVI, sentados, escutaram-no os novos purpurados. «Conto muito com vosso precioso apoio, para que possa desempenhar da melhor forma possível meu ministério ao serviço de todo o povo de Deus. Preciso desse apoio.»

Bento XVI foi dirigindo sua saudação a cada novo cardeal, que se levantava e correspondia com um gesto de gratidão entre aclamações de seus entes queridos, com especial força os de origem africana, os de língua espanhola e os de origem iraquiana – estes últimos acompanhados de um aplauso generalizado em sinal de solidariedade pelas provas que seu país atravessa.

Em italiano, pediu que se acompanhem os purpurados na «amizade, na estima e na oração», ajudando-os assim «a seguir servindo fielmente à Igreja», dando testemunho «cada vez mais generoso de amor a Cristo» em seus diversos serviços e ministérios.

Saudou neste idioma Giovanni Lajolo – presidente da Pontifícia Comissão e do Governo do Estado da Cidade do Vaticano –, Angelo Comastri – arcipreste da Basílica Vaticana, Vigário Geral do Papa para a Cidade do Vaticano e Presidente da Fábrica de São Pedro –, Raffaele Farina – Arquivista e Bibliotecário da Santa Romana Igreja –, Angelo Bagnasco – arcebispo de Gênova e Presidente da Conferência Episcopal Italiana –, Giovanni Coppa, que foi Núncio Apostólico na República Checa – e Umberto Betti – ex-reitor da Pontifícia Universidade Lateranense.

Em francês, o Papa expressou seu desejo de que as jornadas precedentes consolidem a fé e o amor por Cristo e sua Igreja, e sublinhou a importância de acompanhar os novos cardeais na oração, também pelas novas vocações ao sacerdócio. De língua francesa corresponderam à saudação do Papa os cardeais André Vingt-Trois – arcebispo de Paris – e Théodore-Adrien Sarr – arcebispo de Dakar.

«Seja nos dicastérios da Cúria Romana ou em seu ministério nas Igrejas locais no mundo, os cardeais estão chamados a compartilhar de maneira especial a solicitude do Papa pela Igreja universal», disse então Bento XVI em inglês.

Pediu por eles oração, e saudou individualmente os cardeais John Patrick Foley – pro-grão-mestre da Ordem Eqüestre dos Cavaleiros do Santo Sepulcro de Jerusalém –, Sean Baptist Brady – arcebispo de Armagh (Irlanda) –, Oswald Gracias – arcebispo de Bombaim (Índia) –, Daniel DiNardo –, arcebispo de Galveston-Houston (EUA), John Njue – arcebispo de Nairobi (Quênia) – e Emmanuel III Delly – Patriarca da Babilônia dos Caldeus.

Bento XVI acrescentou em alemão em sua saudação o novo cardeal Paul Josef Cordes, agradecendo-se por seu serviço no Pontifício Conselho «Cor Unum» – expressão da solicitude caritativa do Papa pelos pobres e necessitados».

E ao saudar os novos cardeais de língua espanhola, acompanhados de peregrinos da Argentina, Espanha e México, dirigiu-se à Virgem Maria, da qual estes povos são tão devotos: «Nós lhe rogamos que interceda ante seu divino Filho por estes cardeais, para que torne muito fecundo seu serviço à Igreja».

Agradeceram suas palavras os cardeais Leonardo Sandri – que depois de seu serviço à Santa Sé como Substituto da Secretaria de Estado, preside agora a Congregação para as Igrejas Orientais –, Estanislao Esteban Karlic – arcebispo emérito do Paraná –, Agustín García-Gasco Vicente – arcebispo de Valência, cidade que o Papa visitou no ano passado pela Jornada Mundial da Família –, Lluís Martínez Sistach – arcebispo de Barcelona –, Urbano Navarrete – ex-reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana, que consagrou sua vida ao estudo e ensinamento do Direito Canônico – e Francisco Robles Ortega – arcebispo de Monterrey.

Em português, Bento XVI saudou o novo cardeal Odilo Pedro Scherer, recordando a viagem pastoral a São Paulo e renovando seu agradecimento pela acolhida na arquidiocese brasileira.

Por sua parte, o novo cardeal Stanislaw Rylko agradeceu as palavras do Papa em polonês, que reconheceu seu trabalho a favor da participação dos leigos na vida da Igreja – o purpurado polonês preside o Pontifício Conselho a eles dedicado.

A todos os familiares e peregrinos, Bento XVI pediu explicitamente: «Segui rezando [pelos novos cardeais] e por mim, para que seja sempre sólida a comunhão dos pastores com o Papa, a fim de oferecer ao mundo inteiro o testemunho de uma Igreja fiel a Cristo e disposta a sair ao encontro, com valor profético, das esperanças e exigências espirituais dos homens de nosso tempo».

Bento XVI deu um presente especial aos vinte e três novos cardeais: uma edição especial do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica

O número de exemplares é limitado; parte se reserva à Santa Sé. Editado por FMR, com a colaboração científica do Instituto Veritatis Splendor, a impressão deste volume do Compêndio se realizou em papel enriquecido com a filigrana papal, quarenta e nove imagens, miniaturas coloridas e aplicações à mão.

Dom Timothy Verdon – que dirige o Departamento Diocesano para a catequese através da arte, de Florença, e é consultor da Pontifícia Comissão de Bens Culturais da Igreja – se encarregou da escolha das imagens.

domingo, 25 de novembro de 2007

No dia de «Cristo Rei», arcebispo chama a assumir os critérios de Jesus

Pensamentos, afetos, vontade devem se adequar aos de Cristo, diz Dom Orlando Brandes

Por Alexandre Ribeiro


LONDRINA, domingo, 25 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- No domingo em que a Igreja celebra a solenidade de «Cristo Rei», um arcebispo afirma que, «ao proclamá-lo rei, decidimos abandonar toda espécie de idolatria e nos dispomos a assumir os pensamentos, os afetos, a vontade, os critérios de Jesus, nosso rei».

«Seu reino é de vida, justiça, verdade, alegria, amor e paz», enfatiza Dom Orlando Brandes, arcebispo de Londrina (Paraná, sul do Brasil).

Em artigo difundido pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) essa sexta-feira, Dom Orlando escreve que «Jesus é a maior fascinação da humanidade».

«Ele é o bem supremo. Dobrem-se os joelhos, proclamem as línguas, aclamem os anjos, adore toda a terra. Ele é o Rei do Universo. “Abri as portas do coração a Jesus” (João Paulo II).»

«A ciência humana encontra em Jesus a verdade e o coração humano descobre nele o amor. Jesus é o nosso verdadeiro eu. Quem o aceita e segue, torna-se nova criatura, conquista nova personalidade, nova vida, novo ser. É possível restaurar todas as coisas em Cristo Jesus. Eis a centralidade de Jesus. Ele faz a vida bela, livre e grande. Ele satisfaz todas as aspirações», afirma.

Segundo o arcebispo, os pobres, os pecadores e os pequenos são os privilegiados, os príncipes do reino de Jesus.

«Eis o novo mundo, a nova ordem mundial, a globalização do amor, a nova sociedade. Eis o reino que destrona o mal, eleva os pequenos, reparte os bens, reconcilia as pessoas, satisfaz as necessidades, é o reino da liberdade e da paz.»

As bases do trono do rei Jesus são o direito e a justiça – explica –. «As bem-aventuranças resumem as leis desse reino cuja lógica é o amor. Em Jesus e no seu reino, a evolução tem seu mais alto grau. A Ele a honra, a glória, o louvor, a sabedoria, o poder, a riqueza, a força para sempre.»

«Deixemos Jesus cristificar todas as áreas de nosso ser, pensamentos, afetos, vontade. Nosso coração seja seu trono para que as famílias, as comunidades e a sociedade aceitem seu amor, sua amizade, sua companhia, seu reino. Eis que se fazem novas todas as coisas», escreve o arcebispo.

Igrejas em Roma designadas aos novos cardeais

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- Os cardeais são, desde suas origens, os colaboradores do Papa em seu ministério como bispo de Roma.

Por este motivo, como acontecia na antiguidade, o Papa designa aos cardeais uma igreja de Roma.

Publicamos a lista de títulos e diaconias (igrejas de Roma) que o Papa designou aos 23 cardeais que foram criados no consistório do sábado passado.

O cardeal Emmanuel III Delly, patriarca da Babilônia dos Caldeus, ao ser cabeça de uma Igreja oriental tem como título sua sede patriarcal.

Cardeal Leonardo Sandri, diaconia dos Santos Biagio e Carlo em Catinari.

Cardeal John Patrick Foley, diaconia de São Sebastião, no Palatino.

Cardeal Giovanni Lajolo, diaconia de Santa Maria Libertadora em Monte Testaccio.

Cardeal Paul Josef Cordes, diaconia de São Lorenço em Piscibus (junto à Via da Conciliação).

Cardeal Angelo Comastri, diaconia de São Salvador em Lauro.

Cardeal Stanislaw Rilko, diaconia do Sagrado Coração de Cristo Rei.

Cardeal Raffaele Farina, S.D.B., diaconia de São João da Pigna.

Cardeal Agustín García-Gasco Vicente, título de São Marcelo

Cardeal Seàn Baptista Brady, título dos Santos Quirico e Giulitta

Cardeal Lluís Martínez Sistach, título de São Sebastião nas Catacumbas

Cardeal André Vingt-Trois, título de São Luis dos Franceses

Cardeal Angelos Bagnasco, título da Grande Mãe de Deus

Cardeal Théodore-Adrien Sarr, título de Santa Lúcia na Piazza d’Armi

Cardeal Oswald Gracias, título de São Paulo da Cruz em «Corviale»

Cardeal Francisco Robles Ortega, título de Santa Maria da Aparesentação

Cardeal Daniel N. DiNardo, Título de Santo Eusébio

Cardeal Odilo Pedro Scherer, título de Santo André no Quirinale

Cardeal John Njue, título do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo

Cardeal Giovanni Coppa, diaconia de San Lino

Cardeal Estanislao Esteban Karlic, título da Bem-aventurada Virgem Maria Dolorosa na Piazza Buenos Aires

Cardeal Urbano Navarrete, S. I., diaconia de São Ponciano.

Cardeal Umberto Betti, OFM, diaconia dos Santos Vito, Modesto e Crescência.

Nos próximos dias, os cardeais tomarão posse destas igrejas.

Junto ao Anel, Papa entrega aos cardeais compromisso de dar vida pela Igreja

Por Jesús Colina

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- Junto ao anel, símbolo da união dos cardeais com o Papa, Bento XVI entregou este domingo aos 23 novos cardeais o compromisso de dar sua vida pela Igreja.

A Basílica de São Pedro do Vaticano se converteu no quadro de tão solene gesto. Aproximadamente 20 mil peregrinos, que quiseram participar na concelebração eucarística, não encontraram lugar e ficaram na praça chuvosa acompanhando as imagens geradas em grandes telas.

«Recebe o anel da mão de Pedro e sejas conhecedor de que com o amor do Príncipe dos Apóstolos se reforça teu amor à Igreja», disse o Papa a cada um dos purpurados.

Em sua homilia, o Papa explicou que «em Jesus crucificado acontece a máxima revelação possível de Deus nesse mundo, porque Deus é amor, e a morte de Jesus na cruz é o maior ato de amor de toda a história».

Também esclareceu que, no anel cardinalício «se apresenta precisamente a cucifixão».

Por isso, dirigindo-se aos novos cardeais, disse-lhes que o anel é «convite a recordar de qual Rei são servidores, sobre qual trono Ele foi alçado e como foi fiel até o fim para vencer o pecado e a morte com a força da divina misericórdia».

«A mãe Igreja, esposa de Cristo, vos doa este sinal como memória de seu Esposo, que amou-a e se entregou a si mesmo por ela (Cf. Ef 5, 25). Assim, portando o anel cardinalício, vós sois constantemente chamados a dar a vida pela Igreja», acrescentou.

Após a celebração eucarística e de ter lançado um chamado à paz na Terra Santa na véspera do encontro que acontecerá em Annapolis (EUA), o Papa almoçou com os novos cardeais e com todos os cardeais vindos a Roma por ocasião do consistório e do encontro de oração e reflexão de 23 de novembro.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Assim será o consistório no qual Papa criará vinte e três novos cardeais

Dezoito serão eleitores em um eventual conclave

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 22 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- No sábado 24, às 10h30, começará o Consistório Ordinário Público que o Santo Padre celebrará para a criação de 23 novos cardeais, 18 deles eleitores.

Seguirá o rito introduzido no Consistório de 28 de junho de 1991. Nele se prevê que, após a saudação litúrgica, o Papa leia a fórmula de criação e proclame solenemente os nomes dos novos cardeais.

O primeiro deles se dirigirá então ao Santo Padre em nome de todos.

A seguir, acontecerá a Liturgia da Palavra, a homilia do Papa, a Profissão de fé e o Juramento.

Cada novo cardeal se aproximará do Papa e se ajoelhará ante ele para receber o capelo cardinalício e a designação de um Título ou Diaconia.

Quando o Papa colocar o capelo sobre a cabeça do novo cardeal, dirá, entre outras palavras: «[Isto é] vermelho como sinal da dignidade do ofício de cardeal, e significa que estás preparado para atuar com fortaleza até o ponto de derramar teu sangue pelo crescimento da fé cristã, pela paz e harmonia entre o povo de Deus, pela liberdade e a extensão da Santa Igreja Católica Romana».

O fato de que o Papa designe a cada cardeal uma igreja de Roma («Título» ou «Diaconia») responde ao sinal de sua participação no cuidado pastoral do Papa pela cidade.

O Santo Padre também entregará a Bula de criação de cardeais, designará o Título ou Diaconia e intercambiará o beijo da paz com os novos membros do Colégio Cardinalício. Os purpurados também intercambiarão o mesmo sinal entre eles.

O rito concluirá com a oração dos fiéis, a oração do Pai Nosso e a bênção final.

Pela tarde, às 16h30, os novos purpurados receberão todos que desejarem ir às visitas de cortesia. Estão previstas em diversos pontos da Sala Paulo VI, do Palácio do Governo, do Palácio da Canônica – Fábrica de São Pedro e do Palácio Apostólico.

No dia seguinte, domingo 25 de novembro – Solenidade de Jesus Cristo, Rei do universo –, Bento XVI presidirá a Santa Missa na Praça de São Pedro, concelebrada pelos novos cardeais.

Durante a celebração eucarística, ele lhes entregará o anel cardinalício. É um presente do Santo Padre aos novos cardeais como sinal da nova dignidade, da solicitude pastoral e de uma comunhão mais sólida com a Sede de Pedro.

O Papa entrega o anel a cada cardeal dizendo: «Recebe o anel da mão de Pedro e sê conhecedor de que com o amor do Príncipe dos Apóstolos se reforça teu amor para com a Igreja».

Na segunda-feira, 26 de novembro, Bento XVI receberá em audiência, às 11h, na Sala Paulo VI, os novos cardeais com suas famílias e peregrinos.

Corresponde aos cardeais da Santa Igreja Romana eleger o Romano Pontífice – estabelece o Código de Direito Canônico; igualmente, assistem o Papa tanto colegialmente, quando são convocados para tratar juntos questões de mais importância, como pessoalmente, mediante os diferentes ofícios que desempenham ajudando o Papa sobretudo em seu governo cotidiano da Igreja universal.

Os cardeais pertencem às diferentes Congregações romanas: são considerados Príncipes do sangue, com o título de Eminência.

A Basílica de São Pedro começará a ser ornamentada na manhã da sexta-feira. Os Jardins Vaticanos contarão com a colaboração da Cooperativa Social «Il Camino» na ornamentação floral; já estão preparadas oito mil rosas e seis mil cravos junto a uma abundante seleção de plantas para abrigá-las.

Os salões reservados aos cardeais também serão decorados com outro tipo de rosas, dedicadas a Nossa Senhora.

Aulas de cristianismo no ensino público iraquiano

Explica Dom Jacques Ishaq, bispo auxiliar de Nisibi dos Caldeus

TURIM/ROMA, quinta-feira, 22 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- Em um recente encontro, o presidente da República Iraquiana, Jalal Talabani, assegurou ao patriarca Caldeu de Bagdá, mar Emmanuel III Delly, que, nas escolas públicas, os estudantes poderão ter aulas de religião cristã, declarou Dom Jacques Ishaq, bispo auxiliar de Nissibi (Iraque).

Dom Ishaq, que é também reitor do Babel College e responsável de Assuntos Culturais do Patriarcado da Babilônia dos Caldeus, fez estas revelações em uma entrevista concedida a Luigia Storti, da Sala da Pastoral para os Imigrantes, da Arquidiocese de Turim, Itália.

O prelado aludiu a que o ensinamento da religião cristã deve ser garantido por lei nas escolas públicas de seu país, nas quais os estudantes cristãos sejam ao menos 25% do total.

«O sistema educativo iraquiano se baseia na valorização centesimal dada pela soma das notas finais em cada disciplina estudada – explicou o bispo auxiliar. Em muitas escolas, o único ensinamento religioso ministrado é o islâmico e, em conseqüência, a falta de uma disciplina e de sua qualificação, para os estudantes cristãos é muito difícil ter notas finais iguais que as de seus companheiros muçulmanos que, ao contrário, têm um exame a mais.»

Revelou que «o presidente Talabani prometeu ao patriarca mar Emmanuel III Delly intervir ante o Ministério da Educação para que também os alunos cristãos pudessem ter exames de religião no fim do curso – cristã, obviamente –, que lhes permitiriam obter notas finais mais altas».

No artigo, revela-se que antes da queda do regime de Sadam Hussein, a não-admissão de estudantes cristãos pelos diretores escolares, que mantinha a porcentagem sempre abaixo do requerido (25%) estabelecido por um decreto de 1972, podia dever-se à necessidade de não agravar o orçamento escolar com um salário a mais.

Neste sentido, Dom Ishaq disse que «não se pode ignorar que às vezes a exclusão foi ditada mais por motivos ‘políticos’ que econômicos, e isso apesar do fato de que, durante o regime de Sadam Hussein, foi nomeado pelo Governo um responsável pelo ensino da religião cristã ligado ao Ministério de Educação, e encarregado justamente de supervisionar que se respeitasse o decreto de 1972».

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

DoutrinaCatolica.com

No dia 16 de novembro de 2007 tive o grato prazer de receber em minha casa para um almoço os fundadores do mais novo e promissor apostolado católico: o "Doutrina Católica".

Fundados pelos irmãos Alexandre e Carlos Eduardo, o "Doutrina Católica" tem um carisma especial na divulgação de testemunhos de ex-protestantes, além do importante estudo que mostra a concordância bíblica da doutrina católica (ver em aqui).

Conversamos longamente sobre apologética e tive a grata surpresa em saber que o trabalho deles foi fortemente inspirado pelo Veritatis Splendor. Alexandre disse-me que acompanha nosso trabalho desde os tempos saudosos do "Agnus Dei" de Carlos Martins Nabeto. Acrescentou gostar especialmente dos artigos de Alexandre Semedo, Alessandro Lima, Carlos Nabeto, Rafael Vitola e Sílvio Medeiros.

Seu contato começou com o ex-pastor protestante Albertove Manoel da Costa que é amigo do Prof. Jaime Francisco de Moura (um dos membros do nosso apostolado).

Alexandre é advogado e mora em São José do Rio Preto -SP. Carlos Eduardo é analista de sistemas e mora em Brasília-DF.

Firmamos uma parceria cujos frutos nossos leitores verão no próximo ano. Aguardem, pois em 2008 muita coisa boa virá da colaboração mútua entre o "Doutrina Católica" e o Veritatis Splendor.

Da esquerda para a direita: Carlos Eduardo, Alexandre e eu (Alessandro Lima).
Foto tirada em meu escritório.

Sujeira na Igreja

FRANCESCO SCAVOLINI
FSP - http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1911200709.htm

A função do magistério eclesiástico é guiar o povo de Deus, mas parece que alguns guias perderam, eles mesmos, o rumo
"QUANTA SUJEIRA existe na Igreja! Até mesmo no meio daqueles que, sendo sacerdotes, deveriam pertencer inteiramente a Deus". Essas palavras foram pronunciadas pelo então cardeal Ratzinger durante a meditação da Via Sacra no Coliseu, em Roma, na Sexta-Feira Santa de 2005, poucos dias antes da morte do papa João Paulo 2º.
É provável que, com as referidas palavras, o futuro papa quisesse referir-se não somente aos casos de abuso sexual envolvendo o clero mas também aos desvios e erros doutrinários com graves conseqüências éticas e morais para a vida da Igreja e da sociedade.
É bom lembrar que o reconhecimento de erros e abusos não ficou só no papel, pois a Santa Sé tem punido exemplarmente os responsáveis, tendo também confirmado para toda a Igreja que os delitos de abuso sexual devem ser tratados como crimes hediondos também perante as autoridade civis. Infelizmente, parece que, no Brasil, algumas das autoridades da Igreja Católica nem sempre seguem o exemplo da Santa Sé.
Por exemplo, se essas autoridades tivessem punido e afastado o padre Lancelotti uns anos atrás, quando ele, violando as normas canônicas, apoiou pública e abertamente, tanto em 2000 como em 2004, a candidata a prefeita Marta Suplicy (Marta, que defendia e defende ainda hoje o aborto, o divórcio, o casamento entre homossexuais, a descriminalização das drogas, foi fazer até comício dentro da igreja do padre Lancelotti, no altar, tendo ao lado o mesmo padre, que pedia votos para ela), teriam certamente cumprido sua tarefa de preservar o povo católico e a sociedade de gravíssimos desvios éticos e morais, poupando também a Igreja do grave escândalo que a atinge.
De fato, a principal função do magistério eclesiástico é a de guiar o povo de Deus no caminho da fé. Contudo, parece que alguns desses guias perderam, eles mesmos, o rumo. Vou citar somente um exemplo.

Em agosto de 2005, no cume da crise de corrupção que aturdia o governo, o presidente Lula, buscando o apoio da Igreja, enviou uma carta à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) em que, reafirmando explicitamente o seu catolicismo, não só tomou posição em defesa da vida em todos os seus aspectos e em todo o seu alcance mas também prometeu que o seu governo não tomaria nenhuma iniciativa que contradissesse os princípios cristãos.
Música para o ouvido dos bispos e do povo católico, não fosse que, um mês mais tarde, o governo Lula decidiu apresentar ao Congresso, por meio da ministra Nilcéa Freire, o projeto para a liberação do aborto.

Esse projeto, incorporado ao texto do substitutivo da então relatora Jandira Feghali, está em tramitação no Congresso e permite a descriminalização total e absoluta do aborto (sim, caro leitor, se o referido projeto for aprovado pelo Congresso, qualquer bebê poderá ser eliminado até poucos minutos antes do nascimento sem que os matadores sejam punidos).
E o católico Lula, será que foi punido por ter enganado a igreja? Não, caro leitor, mesmo depois de tudo isso, mesmo depois de ter sancionado a lei que permite a manipulação e a destruição de embriões humanos, mesmo depois de ter recentemente chamado de hipócrita a Igreja, o católico Lula, bem como o católico Lancelotti, não foi punido pela Igreja.
Lula, aliás, foi premiado com a recente visita do ex-arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, que foi celebrar missa para o presidente e uns poucos convidados na capela do Palácio da Alvorada e, durante a homilia, comparou Lula a Jesus (será que esqueceram o documento da CNBB de 12 agosto de 2005, em que está escrito: "É preciso buscar as raízes históricas da perversa cultura de corrupção implantada no país. Ela se nutre da impunidade, acobertada pela conivência, que se torna cumplicidade, incentivada por corporativismos históricos, habituados a usar em benefício de interesses particulares as estruturas do poder público"?).
Quero terminar este artigo com as palavras de Bento16 que concluíram a meditação da nona estação da referida Via Sacra: "Senhor (...) a veste e o rosto tão sujos da Tua Igreja nos atordoam. Porém, somos nós mesmos que os sujamos! Somos nós mesmos que Te traímos cada vez depois de todas as nossas grandes palavras, os nossos grandes gestos. Tem piedade da Tua Igreja (...) Te levantaste de novo, ressurgiste e podes novamente nos levantar também. Salva e santifica a Tua Igreja. Salva e santifica todos nós".

FRANCESCO SCAVOLINI, 51, doutor em jurisprudência pela Universidade de Urbino (Itália), é especialista em direito canônico.

f.scavo@uol.com.br

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Células-tronco: Organização católica chama atenção para descoberta

Método considerado científica e moralmente melhor que a clonagem

THORNWOOD, New York, terça-feira, 20 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- Não se pode exagerar a importância moral e científica de uma descoberta que permite a ir adiante a pesquisa com curas relacionadas a células-tronco sem destruição de embriões, disse o diretor de um centro católico de pesquisas.

Padre Thomas Berg, diretor executivo do Westchester Institute, e membro do comitê de ética do New York’s Empire State Stem Cell Board, disse isso sobre duas recém-mencionadas teses científicas publicadas hoje que dizem como os cientistas geraram células-tronco pluripotentes de células da pele humana. O método assim evita questões éticas levantadas pela pesquisa com a destruição de embriões.

Ambos estudos usaram «reprogramação direta» de células humanas adultas para gerar células-tronco conhecidas como células de estado pluripotente induzido (IPSCs, por suas iniciais em inglês). Essas iPSCs possuem propriedades de células-tronco humanas embrionárias. Os cientistas esperam que células como essas eventualmente estarão hábeis a tratar doenças como diabetes e Parkinson.

E as células são combinadas com o paciente o que diminui o risco de rejeição no caso de serem transplantadas para o doador.

Pe. Berg explica: «Este tremendo avanço coloca o que se refere à vida humana embrionária e a pesquisa biomédica para salvar vidas no mesmo plano.

«Desde que começou o debate sobre pesquisa com células-tronco que destrói embriões, nós sabemos que a melhor resposta para o impasse ético estaria em alguém que permitisse a busca por curas relacionadas a células-tronco que fossem levadas adiante sem o perigo ou a destruição da vida humana embrionária no processo. Agora nós temos esta solução.»

Avanços superiores

Markus Grompe, professor de genética médica e molecular na Oregon Health and Science University, disse: «Não somente as iPSCs são tão boas quanto as células-tronco embrionárias, como elas são atualmente superiores em um aspecto critico: Elas são especificas do paciente e assim não serão rejeitadas pelo sistema imunológico da pessoa da qual derivam».

«A habilidade para gerar CTEs (células-tronco embrionárias) idênticas a uma pessoa em particular foi a principal razão para os esforços para clonar embriões humanos».

Maureen Condic, professor adjunto de neurobiologia e anatomia da Universidade de Utah, disse a ZENIT que a descoberta significa que as células podem ser usadas para pesquisa médica em relação a doenças humanas genéticas, a partir de agora. «Diferente da clonagem humana, a qual tem ainda não está completa e permanece somente na possibilidade teórica, as iPSCs foram geradas por dois laboratórios diferentes e independentes, que tornaram realidade hoje as células-tronco pluripotentes de um paciente específico.

«Além disso, diferentemente da clonagem, nenhum ovo é necessário para o procedimento do iPS [estado pluripotente induzido, segundo suas iniciais em inglês] e nenhum embrião humano é produzido ou destruído, então resolvendo maiores dificuldades éticas e práticas associadas com o procedimento da clonagem».

«Então, nos campos ético e prático, a programação direta é superior à clonagem como uma maneira de obter células-tronco pluripotentes específicas do paciente».

Potencial real

Padre Berg explica: «Esse avanço na reprogramação muda totalmente o panorama da pesquisa com células-tronco de um de controvérsia e promessas não cumpridas de tratamento, para um campo não comprometido moralmente que pode verdadeiramente acelerar bem o desenvolvimento de terapias exclusivas para um paciente».

«Nós todos estaríamos profundamente agradecidos a esses cientistas que – concordem ou não – a despeito disso levaram a sério as objeções éticas de muitas pessoas em relação à pesquisa com destruição de embriões.

«Eles têm agora que nos mostrar um caminho adiante que nós possamos todos conviver», conclui o Pe. Berg. «Há um enorme ganho recíproco, especialmente para aqueles que podem agora beneficiar-se de terapias guardadas por uma tecnologia que é muito mais eficiente que a clonagem».

domingo, 18 de novembro de 2007

Delegados da Conferência Nacional de Saúde rejeitam descriminalização do aborto


Danilo Macedo

Repórter da Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Brasília - O delegado Ricardo de Castro Galvão, de Varzedo (BA), participante da 13ª Conferência Nacional de Saúde faz manifestação contra o aborto durante realização da última plenária do evento
Brasília - Os delegados com direito a voto na 13ª Conferência Nacional de Saúde, que termina hoje (18) em Brasília, decidiram excluir do relatório final do encontro a recomendação da proposta de descriminalização do aborto.

Por ampla maioria, os 2.627 delegados presentes à plenária final votaram pela supressão da proposta de política pública. Quem votou a favor do texto foi vaiado. Segundo o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, pelo menos 70% dos participantes rejeitaram a proposta.

A sessão foi marcada pela confusão em torno da redação final da proposta, que excluiu a palavra aborto. O texto trazia a seguinte citação: “Assegurar os direitos sexuais e reprodutivos, respeitar a autonomia das mulheres sobre seu corpo, reconhecendo-o como problema de saúde pública e discutir sua descriminalização por meio de projeto de lei”.

Segundo os participantes da conferência, a menção ao aborto estaria na referência sobre o corpo feminino. A redação foi contestada pelas entidades contrárias ao aborto. “A modificação do texto não foi feliz. Não foi de acordo com o que tinha sido votado na plenária estadual de São Paulo”, afirmou o gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança, Clóvis Boufleur.

Apesar das críticas, Boufleur comemorou a rejeição da proposta. “Essa posição reflete o pensamento do povo brasileiro”, avalia o representante da Pastoral da Criança. “Pesquisas mostram que mais de 60% do povo brasileiro é contrário ao aborto, à penalização da vida.”

Coordenador do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal do Ministério da Saúde, Adson França disse que a derrubada da proposta não correspondia às expectativas do ministério. “A rejeição causou muita estranheza porque a proposta passou em mais de oito plenárias temáticas, com mais de 300 delegados cada”, explicou.

Para França, o principal problema talvez tenha sido a falta de tempo para negociar. “O horário da votação, no início da sessão, talvez não tenha sido oportuno”, diz.

O tratamento do aborto como questão de saúde pública, com a descriminalização da prática, tinha sido encaminhado por dez estados. Nos dois primeiros dias da conferência, a questão dividiu os delegados. Das dez plenárias prévias realizadas até sexta-feira (16), seis haviam encaminhado a decisão para a plenária final, três haviam aprovado e uma, rejeitado a proposta.

A decisão da conferência não tem efeito legal, mas é tida como um importante indicativo da sociedade para o Congresso Nacional, onde tramitam vários projetos sobre o aborto, um deles há 16 anos.

* Atualizada para acréscimo de informações

Pressão católica
Conferência de Saúde rejeita a legalização do aborto no país
Plantão | Publicada em 18/11/2007 às 12h55m
Evandro Éboli - O Globo
BRASÍLIA - Após forte pressão de setores da Igreja Católica, a maioria dos cerca de 2,7 mil delegados da 13ª Conferência Nacional de Saúde rejeitou, na manhã deste domingo, a proposta de apoio a projeto de lei que legaliza o aborto no país. O Ministério da Saúde saiu derrotado. O governo apoiou, na conferência, a descriminalização do aborto. A proposta havia sido aprovada em sete das dez plenárias na última quinta-feira, mas o resultado não se confirmou no plenário.
Mais organizados, os católicos ocuparam os lugares estratégicos à frente da mesa que dirige os trabalhos. A votação se dava com levantamento dos crachás de cada um dos delegados. A proposta rejeitada diz o seguinte: "Assegurar os direitos sexuais e reprodutivos, respeitar a autonomia das mulheres sobre seu corpo, e a questão do aborto, reconhecendo-o como problema de saúde pública e discutir sua descriminalização por meio de projeto de lei".
Para Clóvis Boufleur, da Pastoral da Criança, entidade contrária ao aborto, a decisão da conferência foi uma "vitória da sociedade", que, segundo ele, é contrária a descriminalização. O diretor de Ações e Programas Estratégicos do Ministério da Saúde, Adson França, que defendeu a proposta no encontro, afirmou que não reconhecer o aborto como um grave problema de saúde pública é "hipocrisia".

Diálogo entre católicos e ortodoxos, «um primeiro passo importante»

Segundo o porta-voz da Santa Sé, o padre Federico Lombardi, S.J.

CIDADE DO VATICANO, domingo, 18 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- «Um primeiro passo importante». Assim o padre Federico Lombardi S.J., diretor da Sala de Informação da Santa Sé, definiu o documento de especialistas católicos e ortodoxos que reconhece o Papa como o «primeiro» entre os patriarcas, mas no qual se pede estudar e compreender melhor suas funções.

O documento foi publicado em 15 de novembro pela Comissão mista internacional para o diálogo teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas, para recolher as conclusões de seu encontro celebrado em Ravena, de 8 a 14 de outubro.

O tema foi analisado pelo padre Lombardi no último editorial de «Octava Dies», semanário informativo do Centro Televisivo Vaticano, do qual também é diretor.

«Uma mudança histórica no diálogo entre católicos e ortodoxos?», pergunta o porta-voz vaticano. «Se aprofundaram temas fundamentais sobre a natureza da Igreja e se concordou que em todos seus níveis – local, regional e universitário – há conciliaridade, mas também autoridade», responde.

«O primado em nível universal desde a antiguidade era reconhecido ao bispo de Roma – continua –. Mas não se concorda em quais são as prerrogativas que lhe correspondem e quais são os argumentos teológicos e bíblicos nos quais se fundamenta».

Por este motivo, informa o sacerdote, «dentro de dois anos, quando grupo voltar a se reunir, se estudará o tema do primado do bispo de Roma no primeiro milênio. Depois, terão de se estudar o segundo milênio e os Concílios celebrados após a divisão entre as Igrejas... e ver que consenso pode ser alcançado».

«Um caminho longo e árduo, portanto, mas um caminho finalmente empreendido na direção que João Paulo II havia proposto em 1995, na encíclica “Ut unum sint”, quando havia convidado aos irmãos separados a dialogar sobre o tema do serviço do bispo de Roma à Igreja universal», explica o padre Lombardi.

«Pelo momento, portanto, não se trata de uma solução aos problemas históricos da divisão entre católicos e ortodoxos, mas sim de um primeiro passo – pequeno mas importante – na direção adequada», indica.

O padre Lombardi, que também é diretor de «Rádio Vaticano», explica que infelizmente, ao concluir o encontro de Ravena, faltavam os representantes do patriarcado de Moscou, «reflexo de uma tensão que não é nova entre Moscou e Constantinopla».

«O caminho da união não afeta só católicos e ortodoxos, mas também, e às vezes mais ainda, ortodoxos e ortodoxos, católicos e católicos», considera.

«Para todos, o pólo de atração comum deve ser Jesus Cristo, seu mandato de amor e sua oração “para que todos sejam um”. Só se todos contemplarmos antes Cristo, poderemos ter a esperança de alcançar o longo caminho que leva à meta», conclui o padre Lombardi.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Comissão católico-ortodoxa reconhece primado do Papa, mas estuda sua função

Segundo informa da Comissão teológica católica-ortodoxa

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 15 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- Segundo a história e a tradição eclesial, o bispo de Roma é considerado como o «primeiro» entre os patriarcas, tanto nas Igrejas do oriente como nas do ocidente, conclui um histórico documento assinado por representantes católicos e ortodoxos.

No entanto, suas prerrogativas e as funções que derivam deste primado devem ser estudadas melhor para poderem ser compartilhadas por estas duas tradições cristãs.

O documento, publicado esta quinta-feira em Roma, Atenas, Istambul e Chipre, foi redigido na reunião da Comissão Mista Internacional para o diálogo teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa em conjunto, que se celebrou de 8 a 14 de outubro em Ravena (Itália).

A assembléia foi presidida pelo cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e por Dom Ioannis, metropolita de Pérgamo (do patriarcado ecumênico de Constantinopla).

O encontro respondeu a esta pergunta: existe uma figura que desempenhe o primeiro lugar tanto para católicos como para ortodoxos, respeitando a «igualdade sacramental» e a «mesma dignidade» própria do bispo»?

A resposta que o documento oferece, texto dividido em 46 pontos, de dez páginas, pode resumir-se assim: católicos e ortodoxos concordam com o fato de que o bispo de Roma, quer dizer o Papa para os católicos, é considerado o «protos», ou seja, o primeiro entre os patriarcas de todo o mundo, pois Roma, segundo a expressão de Santo Inácio de Antioquia, é a «Igreja que preside na caridade».

No entanto, segundo se desprende do documento, católicos e ortodoxos ainda não concordam nas «prerrogativas» deste primado, dado que, segundo afirma o documento, «existem diferenças na compreensão tanto da maneira na qual deveria ser exercido, como em seus fundamentos segundo as Escrituras e a teologia».

O documento constitui um passo para superar o «grande cisma» que separou as Igrejas ortodoxas de Roma no ano 1054.

Na reunião se chegou a esta conclusão, refletindo sobre as «Conseqüências eclesiológicas e canônicas da natureza sacramental da Igreja. Comunhão eclesial, conciliaridade e autoridade».

Os primeiros responsáveis pela conciliaridade são os bispos, unidos em comunhão, explicam os especialistas da Comissão.

Os bispos não só «deveriam estar unidos entre si na fé, na caridade, na missão, na reconciliação», mas que «têm em comum as mesmas responsabilidades e o mesmo serviço à Igreja».

A autoridade vem de Cristo, «fundamenta-se sobre a Palavra de Deus», e através dos apóstolos é «transmitida aos bispos e a seus sucessores». Seu serviço, afirma o documento, é um «serviço de amor», pois «para os cristãos, governar é o mesmo que servir».

Após esses pressupostos, o documento de Ravena analisa sua aplicação nos diferentes níveis.

No primeiro nível, o «local», a Igreja existe como «comunidade reunida pela Eucaristia» e é presidida direta ou indiretamente por um bispo.

«Esta comunhão é o marco no qual se exerce toda autoridade eclesial», indica. Neste nível, o bispo é o «protos», o primeiro, o chefe da comunidade.

O segundo nível é o «regional», no qual tem lugar a comunhão com as demais Igrejas que professam a mesma fé apostólica e que compartilham a mesma estrutura eclesial».

O ponto 24 do documento cita um cânon, aceito tanto no ocidente como no oriente, que estabelece como «os bispos de cada nação têm que reconhecem aquele que é o primeiro entre eles e considerá-lo seu líder», salvaguardando assim a «concórdia».

Logo está o nível «universal» da comunhão entre as Igrejas de todo lugar e tempo. A expressão desta comunhão são os concílios ecumênicos, desde as origens da Igreja, nos quais os bispos das cinco sedes apostólicas – Roma, Constantinopla, Alexandria Antioquia e Jerusalém – enfrentavam questões de primordial importância.

E aqui, nos concílios ecumênicos, reconhece-se o «papel ativo» exercido pelo bispo de Roma, como a personalidade mais ilustre entre os bispos das sedes maiores.

No entanto, algumas das dificuldades entre católicos e ortodoxos surgiram na definição de concílios «ecumênicos» dada pela Igreja Católica a concílios celebrados após o grande cisma.

Portanto, conclui a Comissão, «fica por estudar de maneira mais profunda a questão do papel do bispo de Roma na comunhão de todas as Igrejas».

Quer dizer, há que analisar «a função específica do bispo da ‘primeira sede’ segundo uma eclesiologia de ‘koinonia’, ou seja, de comunhão.

Ao mesmo tempo fica por estudar conjuntamente «o ensino sobre o primado universal dos Concílios Vaticano I e Vaticano II», para que possa ser compreendido e vivido à luz da prática eclesial do primeiro milênio», quando a Igreja não estava separada.

Católicos e ortodoxos chegam a 1o. acordo sobre o Papa desde o Cisma de 1054


CIDADE DO VATICANO, 15 Nov 2007 (AFP) - As igreja católica e ortodoxas conseguiram chegar a um primeiro acordo sobre a definição do Papa, em um documento publicado nesta quinta-feira, mais um passo no caminho da reconciliação entre as duas facções do cristianismo que deverá ser longo, segundo o Vaticano.

Pela primeira vez desde o cisma de 1054, ortodoxos e católicos se comprometeram em debater o papel do Bispo de Roma, ou seja, o Papa, cuja primazia sobre os demais bispos e patriarcas é oficialmente reconhecida pelo el documento.

O texto publicado simultaneamente no Vaticano, em Istambul, Atenas e Chipre, é fruto de um encontro de alto nível, que foi realizado em Ravenna, na Itália, de 8 a 14 de outubro passado. No entanto, seu alcance está fragilizado pelo fato de que o patriarca de Moscou, que representa a metade dos ortodoxos do mundo, não o assinou.

O cardel alemão Walter Kasper, presidente do conselho pontifício para a Unidade dos Cristãos, que representava a delegação católica na reunião de Ravenna, enfatizou na Rádio Vaticano que "o caminho que leva à plena unidade com os ortodoxos ainda é longo".

O Papa convocou para 23 de novembro no Vaticano um consistório de cardeais para tratar da questão do ecumenismo, um dia antes da celebração de um "consistório ordinário" durante o qual serão nomeados 23 novos cardeais.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Papa propõe exemplo de São João Crisóstomo para superar grande cisma

Carta no 16º centenário de seu falecimento

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 8 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- Bento XVI propôs o exemplo de São João Crisóstomo (347-407), patriarca de Constantinopla, no 16º centenário de seu falecimento, para superar a divisão entre os cristãos do Oriente (em sua maioria ortodoxos), e do ocidente.

A proposta do Papa é apresentada em uma extensa carta que se leu nesta quinta-feira, na inauguração do Congresso Internacional sobre São João Crisóstomo, que se celebra no Instituto Patrístico «Agustinianum» de Roma (junto ao Vaticano) de 8 a 10 de novembro.

O patriarca João passou à história como «Crisóstomo», «boca de ouro», por sua pregação excelsa. É considerado padre comum tanto pelos cristãos do Oriente como do Ocidente. Seu falecimento aconteceu no desterro, em 14 de setembro do ano 407.

Em sua carta, o Papa sublinha «o extraordinário esforço que São João Crisóstomo realizou para promover a reconciliação e a plena comunhão entre os cristãos do Oriente e do Ocidente».

«Em particular, foi decisiva sua contribuição para acabar com o cisma que separava a sede de Antioquia de Roma e das demais Igrejas ocidentais», explica o Santo Padre. Crisóstomo, antes de ser patriarca de Constantinopla, foi bispo dessa sede.

A obra do santo, explicou o Papa, serviu para superar pacificamente o cisma, restabelecendo-se a plena comunhão entre as Igrejas.

Citando os escritos de Crisóstomo, Bento XVI recorda: «Os fiéis, em Roma, consideram os que estão na Índia como membros de seu próprio corpo».

«A Igreja – dizia o patriarca de Constantinopla – não existe para que os que estiveram reunidos se dividam, mas para que quem está dividido possa unir-se.»

Comentando as lições que o patriarca oriental deixou, o Papa explicou que «nossa fé em Cristo exige que nos comprometamos em uma união efetiva, sacramental, entre os membros da Igreja, acabando com todas as divisões».

A carta recorda que João Paulo II, em novembro de 2004, entregou ao patriarcado ecumênico de Constantinopla relíquias dos santos João Crisóstomo e Gregório Nazianzeno.

O Papa Karol Wojtyla queria que esse gesto fosse «uma ocasião para purificar nossas memórias feridas, para fortalecer nosso caminho de reconciliação», entre ortodoxos e católicos.

«Estou contente, portanto – confessa o Papa –, pelo fato de que o centenário da morte de São João me ofereça a oportunidade de voltar a evocar sua luminosa figura e de propô-la à Igreja universal para a edificação comum».

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Necessidade de instituição pontifícia com autoridade em música sacra

Sugere Dom Valentín Miserachs Grau

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 6 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- A ausência de um departamento pontifício específico com perfil de autoridade sobre a música sacra levou à proliferação de certa anarquia neste campo, pelo que é necessária tal instituição.

É a sugestão de Dom Valentín Miserachs Grau, diretor do Pontifício Instituto de Música Sacra (PIMS), corpo acadêmico e científico que, erigido pela Sé Apostólica, tem suas origens em 1911.

Em sua edição de 5-6 de novembro, «L’Osservatore Romano» recolhe grande parte da intervenção do sábado, na qual – no Congresso por ocasião dos 80 anos da fundação do instituto diocesano de música Sacra de Trento – Dom Miserachs não hesitou em apontar: «Em nenhum dos âmbitos tocados pelo Concílio [Vaticano II] – e são praticamente todos –, produziram-se maiores desvios que no da música sacra».

«Jamais perdi ocasião de denunciar uma situação de degradação evidente no campo da música litúrgica, na Itália, mas não somente nela», reconheceu.

«Que distantes estamos do verdadeiro espírito da música sacra, isto é, da verdadeira música litúrgica!», lamentou.

Reconhece a «dignidade e qualidade de algumas composições de músicos locais e estrangeiros, e o esforço, nada fácil, de dotar nossas liturgias de um digno repertório musical».

Mas questiona: «Como podemos suportar que uma onda de profanidades inconsistentes, petulantes e ridículas tenham adquirido com tanta facilidade carta de cidadania em nossas celebrações?».

É um grande erro, em sua opinião, pensar que as pessoas «devam encontrar no templo as mesmas necessidades que lhes são propostas fora», pois «a liturgia deve educar o povo – inclusive jovens e crianças – em tudo, também na música».

«Nova et vetera»

A realidade é que «muita música que se escreve hoje ou que circula por aí ignora, contudo, não digo a gramática, mas até o abecedário da arte musical», deplora.

E «sobre a base de uma ignorância geral, especialmente em certos setores do clero – denuncia –, que os meios de comunicação atuam como propagadores de certos produtos que, carentes das características indispensáveis da música sacra (santidade, arte verdadeira, universalidade), nunca poderão oferecer um autêntico bem à Igreja».

Por isso – diz – «impõe-se atualmente uma enérgica ‘reforma’, no sentido de uma radical ‘conversão’ à norma da Igreja; e tal ‘norma’ tem como ponto cardeal o canto gregoriano, seja em si mesmo ou como princípio inspirador da boa música litúrgica».

«Nova et vetera» – resume: «o tesouro da tradição e as coisas novas, mas enraizadas na tradição».

Citando Dom Miserachs, o jornal, como voz oficiosa da Santa Sé, recolhe que, «após o Concílio Vaticano II, a ausência de direções vinculantes sobre a música sacra levou a uma diminuição gradual do nível artístico dos cantos litúrgicos».

Quem neste âmbito «está chamado a fazer escolhas teve de trabalhar autonomamente e com freqüência sem competência – prossegue –, perdendo em muitos casos o contato com a tradição e sobretudo com o princípio inspirador representado pelo canto gregoriano».

Este – reiterou Dom Miserachs – não deve ficar no âmbito acadêmico, de shows ou discográfico, «não se deve mumificar», mas «deve voltar a ser canto vivo, também da assembléia, que nele encontrará o sossego das mais profundas tensões espirituais, e se sentirá verdadeiramente povo de Deus».

Visto este panorama, são muitos os que se dirigiram ao PIMS – confirma seu diretor – como se tratasse de um órgão com faculdades normativas em matéria de música sacra, enquanto não é senão «uma instituição acadêmica que tem como missão o ensinamento – e naturalmente a prática – da música sacra».

«A meu modo de ver, seria oportuna a instituição de um departamento dotado de autoridade em matéria de música sacra», sugere.

«Não é que só isso possa bastar para resolver radicalmente o problema – admite –, mas me parece que, enquanto não se disponha de tal instrumento, a ação de uns poucos, sejam dioceses ou territórios inteiros, fica isolada, como se se tratasse de uma iniciativa privada.»

Esta sugestão não está vinculada – aponta – a «um eventual e ocasional restabelecimento do rito de Pio V», indicado há poucos meses por Bento XVI.

«Voltemos simplesmente ao Concílio Vaticano II para constatar que a vontade dos padres conciliares exigia para o novo rito de Paulo VI que não tivesse que se desviar jamais dessa via», conclui.

O Missal Romano promulgado por Paulo VI (procedendo da reforma litúrgica, em 1970) – e reeditado duas vezes por João Paulo II – é e permanece como forma normal ou ordinária da Liturgia Eucarística da Igreja Católica de rito latino.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Lefebvristas exigem “corrigir” o Concílio, não interpretá-lo

ROMA, 2007-10-29 (ACI).- Em uma entrevista com o jornalista italiano Paolo Luigi Rodari, autor do blog "Palazzo Apostolico", o bispo excomungado Bernard Fellay, Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, confirmou que o movimento cismático que dirige exige a mudança dos textos do Concílio Vaticano II, não só sua "correta interpretação", como pediu o Papa Bento XVI.

Na entrevista, Fellay defendeu o outro bispo lefebvrista excomungado, Richard Williamson, identificado por alguns meios como "a asa intransigente" da organização cismático; e assinalou que "Williamson e eu estamos na mesma linha, aquela que acredita que dificilmente poderíamos reingressar à Igreja tal como está".

Desta maneira, ao falar de seu "reingresso", Fellay confirmou o estado de cisma de sua organização.

Segundo Fellay, "as razões são muito simples", porque "Bento XVI liberalizou o antigo rito," mas este segue sendo criticado "pela maioria dos bispos". "O que deveríamos fazer? Reingressar à Igreja para ser insultados por todas essas pessoas?".

"Além disso do antigo rito –prossegue- o problema para nós são as palavras que o Papa Bento XVI dedicou ao Vaticano II", porque "a ruptura com o passado está diretamente relacionado, infelizmente, a alguns textos do Vaticano II e estes textos, deveriam alguma forma, ser revisados":

"Ratzinger –insiste Fellay– deveria preparar-se para uma direta revisão dos textos conciliar, e não só para uma denúncia de sua incorreta hermenêutica".

O bispo excomungado põe como exemplo a declaração Dignitatis Humanae dedicada à liberdade religiosa. Segundo Fellay, nela a Igreja estaria ficando em situação de submissão às autoridades civis, quando "em minha opinião deveria ser o oposto: é o estado o que deve submeter-se à fé católica e reconhecer que é a religião do estado".

Fellay conclui dizendo que mantém um "intenso intercâmbio de cartas" com o Cardeal Darío Castrillón Hoyos, Presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, "mas não existe ainda um documento de trabalho comum".

"Permaneço entretanto crédulo, porque todas nossas tratativas até agora foram excelentes".