quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O Papa pede a lefebvristas reconhecer o Concílio Vaticano II

VATICANO, 28 Jan. 09 / 12:25 pm (ACI).- Depois do gesto de magnanimidade e misericórdia do Papa Bento XVI ao levantar a excomunhão dos 4 bispos ordenados por Dom Marcel Lefebvre, o Santo Padre solicitou aos lefebvristas aceitar o Concílio Vaticano II.

Ao concluir a Audiência Geral, Bento XVI se referiu ao decreto dado a conhecer no sábado 24 de janeiro no que se revoga a excomunhão aos "quatro bispos ordenados em 1988 por Dom Marcel Lefebvre sem mandato pontifício".

O Papa indicou que "realizei este ato de paterna misericórdia porque estes prelados me tinham manifestado várias vezes seu vivo sofrimento pela situação em que se encontravam".

Do mesmo modo, Bento XVI manifestou seu desejo de que "este meu gesto seja correspondido pelo compromisso solícito por parte deles de dar os ulteriores passos necessários para realizar a plena comunhão com a Igreja, testemunhando assim verdadeira fidelidade e verdadeiro reconhecimento do magistério e da autoridade do Papa e do Concílio Vaticano II".

Papa explica levantamento das excomunhões


http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=68692

Bento XVI explicou hoje a sua decisão de levantar as excomunhões aos quatro Bispos ordenados em 1988 por mons. Lefebvre, sem mandato pontifício, falando num “acto de misericórdia paterna”.

O Papa revelou na audiência geral desta Quarta-feira que espera agora, da parte dos destinatários desta decisão, “posteriores passos necessários para realizar a plena comunhão com a Igreja”.

Em particular, Bento XVI falou na necessidade de testemunharem “verdadeira fidelidade e verdadeiro reconhecimento pelo magistério e a autoridade do Papa e do Concílio Vaticano II”.

Os Bispos em causa são D. Bernard Fellay, D. Bernard Tissier de Mallerais, D. Richard Williamson e D. Alfonso de Galarreta.

O Papa lembrou as palavras pronunciadas na Missa do seu início de ministério, em Abril de 2005, na qual falava do chamamento à unidade: “Alegremo-nos pela tua promessa, que não desilude, e façamos o possível para percorrer o caminho rumo à unidade, que tu prometeste. (...) Não permitas que a tua rede se rompa e ajuda-nos a ser servos da unidade”, repetiu hoje Bento XVI.

No “cumprimento específico deste ministério”, frisou o Papa, decidiu levantar as excomunhões porque “estes prelados manifestaram, repetidamente, o seu vivo sofrimento pela situação em que encontravam”.

Papa explica por que revogou excomunhão dos bispos lefebvristas

Augura que por parte deles «continue o empenho» de «chegar à plena comunhão com a Igreja»

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 28 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa pessoalmente explicou hoje, durante a audiência geral, por que decidiu revogar a excomunhão dos bispos ordenados em 1988 por Dom Marcel Lefebvre, tal como a Santa Sé deu a conhecer no sábado passado, 24 de janeiro.

Foi, explicou, um «ato de misericórdia paterna», em cumprimento do «serviço à unidade» próprio do «ministério do Sucessor de Pedro», e acrescentou que «espera um empenho» por parte destes bispos «para chegar à plena comunhão».

Ao término da audiência geral, e em meio às saudações aos diferentes grupos de peregrinos reunidos na Sala Paulo VI, o próprio Papa leu três comunicados, o primeiro sobre a eleição do novo patriarca de Moscou.

No segundo, o Papa se referiu à revogação da excomunhão dos quatro bispos, recordando algumas palavras da primeira homilia de seu pontificado, nas quais afirmou que é «explícito» dever do pastor «o chamado à unidade».

Referiu-se a suas próprias palavras comentando a passagem evangélica da pesca milagrosa: «’ainda que havia tantos peixes, a rede não se rompeu’, e prossegui após estas palavras evangélicas: ‘Ai de mim, amado Senhor, esta – a rede – agora está arrebentada, queríamos dizer com dor’. E continuei: ‘Mas não – não devemos estar tristes! Alegremo-nos por vossa promessa que não decepciona e façamos todo o possível para percorrer o caminho rumo à unidade que vós prometestes... Não permitais, Senhor, que vossa rede se rompa e ajudai-nos a ser servidores da unidade’».

«Precisamente em cumprimento deste serviço à unidade, que qualifica de modo específico meu ministério de Sucessor de Pedro, decidi há dias conceder a remissão da excomunhão em que haviam incorrido os quatro bispos ordenados em 1988 por Dom Lefebvre sem mandato pontifício», declarou.

O Papa explicou que o motivo deste «ato de misericórdia paterna» foi que «repetidamente estes prelados me manifestaram seu vivo sofrimento pela situação na qual se encontravam».

Contudo, recordou que este ato não supõe ainda a reintegração à comunhão plena e confiou em que, «a este gesto meu siga o solícito empenho de sua parte por levar a cabo ulteriores passos», entre eles «o verdadeiro reconhecimento do magistério e da autoridade do Papa e do Concílio Vaticano II».

Sobre a Shoá

Logo depois, o Papa leu um terceiro comunicado no qual expressou sua firme condenação do Holocausto, e expressou sua solidariedade com o povo hebreu. Nele expressou seu desejo de que «a Shoá seja para todos advertência contra o esquecimento, contra a negação ou o reducionismo».

Com estas palavras, ainda que sem mencionar explicitamente, o Papa saia ao passo das polêmicas declarações de um dos quatro bispos a quem se levantou a excomunhão, Dom Richard Williamson, que havia negado a existência do Holocausto em uma entrevista concedida à televisão sueca.

O próprio Papa quis dar seu testemunho pessoal, recordando «as imagens recolhidas em minhas repetidas visitas a Auschwitz, um dos lugares nos quais se consumou o brutal massacre de milhões de hebreus, vítimas inocentes de um cego ódio étnico e religioso».

As declarações de Dom Williamson haviam sido comentadas nestes dias como «inaceitáveis» e «ignominiosas» por vários cardeais da Cúria Romana, assim como pela Conferência Episcopal Suíça.

Precisamente ontem, Dom Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade de São Pio X, emitia um comunicado no qual pedia perdão ao Papa por tais declarações.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Revogação de excomunhão a «lefebvristas», «início» no «final» de um caminho

Afirma o cardeal Jean-Pierre Ricard, membro da Comissão Pontifícia «Ecclesia Dei»

BORDÉUS, terça-feira, 27 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O levantamento da excomunhão imposta em 1988 aos 4 bispos ordenados ilegitimamente pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre, divulgado pela Congregação para os Bispos em 24 de janeiro passado, «não é o final, mas o começo de um processo de diálogo», no qual ainda restam questões a serem esclarecidas.

Assim afirmou o cardeal Jean-Pierre Ricard, arcebispo de Bordéus e membro da Comissão Pontifícia «Ecclesia Dei», em uma declaração divulgada pela Conferência Episcopal Francesa, também em 24 de janeiro passado.

Segundo o purpurado, ainda falta regular duas questões fundamentais para que o cisma possa ser considerado terminado: por um lado, «a integração da estrutura jurídica da Fraternidade de São Pio X na Igreja», e por outro, «um acordo em questões dogmáticas e eclesiológicas».

Entre estes temas a debater, o cardeal Ricard se referiu à questão do Concílio Vaticano II como «texto magisterial de primeira importância. Isso é fundamental».

O cardeal Ricard aludiu a outras questões de tipo cultural e político: «As últimas declarações, inaceitáveis, de Dom Williamson negando o drama do extermínio dos judeus são um exemplo disso», afirmou.

«O caminho será longo, sem dúvida, e exigirá um melhor conhecimento e estima mútuos. Mas o levantamento da excomunhão permitirá percorrê-los juntos», acrescentou.

Esta excomunhão foi revogada, explica o cardeal Ricard, após vários pedidos neste sentido por parte de Dom Fellay, superior geral da Fraternidade São Pio X, «especialmente após uma carta dirigida ao cardeal Castrillón Hoyos, em 15 de dezembro passado, em nome dos 4 bispos afetados».

«Ele faria o mesmo, com a possibilidade de todo sacerdote de celebrar a Missa com o Missal de São Pio V, uma das duas condições prévias à abertura de um diálogo com Roma. Ele havia feito seus fiéis rezarem por esta intenção», acrescenta o purpurado.

O arcebispo de Bordéus explica também que Bento XVI «quis ir o mais longe possível com a mão estendida, como convite a uma reconciliação», desde sua missão de fazer o possível «por voltar a tecer os fios arrebentados da unidade eclesial».

«O Papa, teólogo e historiador de teologia, sabe o drama que um cisma representa na Igreja. Compreende a questão que com frequência surge na história dos cismas: realmente foram colocados todos os meios para evitá-los?», acrescenta.

Não se deve esquecer, conclui, «que o Papa conhece bem o caso, pois João Paulo II lhe encarregou de colocar-se em contato com Dom Lefebvre para tentar impedir que cometesse o ato irremediável das consagrações episcopais».

«O então cardeal Ratzinger ficou marcado pelo fracasso de sua missão», acrescentou.

O purpurado mostrou sua confiança em que «a dinâmica suscitada pela revogação da excomunhão ajude a colocar em andamento o diálogo querido pelo Papa», e pediu aos fiéis que «rezem pela unidade dos cristãos».

«Não esqueçamos que o caminho mais seguro para avançar na unidade dos discípulos de Cristo continua sendo a oração», conclui.

O Pe. Lombardi comenta em Rádio Vaticano a suspensão das excomunhões

VATICANO, 25 Jan. 09 / 10:34 pm (ACI).- O Pe. Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, comentou este sábado, através de Rádio Vaticano, a decisão do Papa Bento XVI de levantar a excomunhão que pesava sobre os quatro bispos ordenados sem consentimento da Sé Apostólica por Dom Marcel Lefebvre.

“A Semana de oração para a unidade dos cristãos se conclui com uma formosa notícia, que auguramos seja fonte de gozo em toda a Igreja. O levantamento da excomunhão dos quatro bispos da Fraternidade sacerdotal São Pio X é em efeito um passo fundamental para alcançar a reconciliação definitiva com o movimento iniciado e guiado por Dom Marcel Lefebvre”.

“Para compreender o significado deste passo -explicou o Pe. Lombardi-, voltam imediatamente para a mente as palavras do Papa Bento XVI em sua carta de introdução ao Motu Próprio Summorum Pontificum de 7 de julho de 2007, quando escrevia que ao olhar no passado as divisões que no curso dos séculos rasgaram o Corpo de Cristo faz pensar que com freqüência as omissões da Igreja provocaram a consolidação das divisões. Assim, escrevia o Papa: ‘temos a obrigação de fazer todos os esforços para que todos aqueles que verdadeiramente têm o desejo da unidade, seja-lhes possível permanecer nesta unidade ou voltar a encontrá-la... Abramos generosamente nosso coração ...’”, citou o Porta-voz da Santa Sé.

“O Cardeal Ratzinger -prosseguiu- foi protagonista das relações com Dom Lefebvre em 1988 e já após tinha tratado de fazer tudo quanto foi possível para servir à união da Igreja. Então não foi suficiente e as consagrações episcopais de 30 de junho daquele ano, realizadas sem mandato pontifício, criaram uma situação de grave ruptura”.

“Mas a Comissão Ecclesia Dei, constituída por João Paulo II naquela circunstância, trabalhou com paciência para manter abertas as vias do diálogo e distintas comunidades unidas de diversos modo ao movimento Lefebvrista puderam já, no curso dos anos, voltar a recuperar a plena comunhão com a Igreja católica”, adicionou.

Entretanto, “a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, com quatro bispos, seguia sendo, em todo caso, a comunidade mais importante com a qual restabelecer a comunhão. Bento XVI manifestou que de maneira indubitável seu compromisso por fazer tudo o possível para alcançar este objetivo. Lembremos naturalmente acima de tudo o Motu Proprio Summorum Pontificum sobre o rito para a celebração da Missa, mas podemos também lembrar o documento da Congregação da Doutrina da Fé que esclarecia alguns pontos discutidos da doutrina eclesiológica do Concílio Vaticano II, assim como algumas grandes intervenções sobre a correta hermenêutica do mesmo Concílio, em continuidade com a tradição".

“Tudo isto –prosseguiu o Pe. Lombardi- criou naturalmente um clima favorável, no que os bispos da Fraternidade São Pio X pediram o levantamento da excomunhão testemunhando explicitamente sua vontade de estar na Igreja católica romana e de acreditar firmemente no primado do Pedro”.

Por eles, “é formoso que o levantamento da excomunhão tenha lugar no iminente 50º aniversário do anúncio do Concílio Vaticano II, de maneira que este evento fundamental não possa agora ser jamais considerado como um motivo de tensão; mas sim de comunhão".

“O texto do decreto põe em evidência que, de por si, está-se ainda em caminho para a plena comunhão, da que o Santo Padre deseja a solícita realização. Por exemplo, aspectos como o estatuto da Fraternidade e dos sacerdotes que pertencem a ela não são definidos no decreto publicado hoje”, adicionou.

“Mas a oração da Igreja está toda ela unida a do Papa, para que se supere logo toda dificuldade e se possa falar de comunhão em sentido pleno e sem incerteza alguma”, concluiu.

L'Osservatore Romano: Gesto de misericórdia do Papa deve alentar acatamento do Vaticano II

ROMA, 25 Jan. 09 / 05:35 pm (ACI).- O editorial deste domingo de L'Osservatore Romano, titulado "O Vaticano II e o gesto de paz do Papa", destaca que a decisão de Bento XVI de levantar a excomunhão aos 4 bispos ordenados por Dom Marcel Lefebvre é um "gesto de misericórdia" que deve alentar aos membros da Fraternidade Sacerdotal São Pio X a acatar o Concílio Vaticano II que "após meio século de seu anúncio está vivo na Igreja".

No texto se lembra que "faz meio século, em 25 de janeiro de 1959, o anúncio do Vaticano II por parte de João XXIII foi uma grande surpresa, que ultrapassou os limites visíveis da Igreja Católica. Já no dia seguinte o Arcebispo de Milão –que em 1963 se converteria em Paulo VI– definiu o futuro Concilio como um 'acontecimento histórico de enorme grandeza', quer dizer 'grande hoje, amanhã, grande para os povos e para os corações humanos, grande para toda a Igreja e para toda a humanidade'".

Paulo VI, prossegue a nota editorial, seguindo os passos de João XXIII "viu rapidamente e com claridade, as perspectivas históricas e religiosas do Vaticano II: a mais vasta assembléia celebrada na história foi intuída e aberta por um Papa de 78 anos, um século depois da interrupção do Vaticano I (querido por Pio IX quase na mesma idade), levando com valor a sua realização uma idéia já ventilada sob o Pontificado de Pio XI e Pio XII".

Seguidamente a nota, assinada pelo diretor do jornal do Vaticano, Giovanni Maria Vian, explica que a aplicação do Concílio Vaticano II não foi fácil "pela incidência das decisões conciliar na vida da Igreja, na liturgia, na missão, nas relações com as outras confissões cristãs, com o judaísmo, com as outras religiões, com a afirmação da liberdade religiosa, na atitude para o mundo".

"O último Papa, Bento XVI, ao ter participado plenamente e com paixão –como um teólogo novíssimo– no concílio, delineou em 2005 a interpretação católica do Vaticano II: um acontecimento que é lido não na lógica de uma discontinuidade que, absolutizando-o, isolaria-o da tradição; senão na da reforma, que o abre ao futuro. Um concílio que, como todos os outros, deve inserir-se na história e não ser mitificado, inseparável de seus textos, que propriamente do ponto de vista histórico não podem ser contrapostos a um suposto 'espírito' do Vaticano II".

O editorial, cuja data coincide além com a Festa da Conversão de São Paulo, resenha logo que "os bons frutos do Concílio são inumeráveis e entre estes aparece agora o gesto de misericórdia relacionado aos bispos excomungados em 1988".

"Um gesto –continua– que João XXIII e seus sucessores teriam gostado muito, em um oferecimento limpo que Bento XVI, Papa de paz, quis fazer público ao coincidir o aniversário do anúncio do Vaticano II, com a intenção clara de ver logo sanada uma fratura dolorosa. Intenção que não será ofuscada por inaceitáveis opiniões negacionistas e atitudes para o judaísmo de alguns membros da comunidade aos que o Bispo de Roma tende a mão".

Finalmente, a nota precisa que "após meio século do anúncio, o Vaticano II está vivo na Igreja. Assim também o Concílio fica em mãos de todo fiel para que mais forte e claro seja o testemunho no mundo de quantos acreditam em Cristo".

Bento XVI defende Concílio Vaticano II e condena negacionismo antissemita

O jornal vaticano esclarece informações sobre a renovação das excomunhões

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 26 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O compromisso de Bento XVI na aplicação do Concílio Vaticano II não muda pelo fato de ter levantado as excomunhões de quatro bispos consagrados por Dom Marcel Lefebvre em 1988, esclarece o jornal da Santa Sé, constatando a criação de um «caso de mídia».

Carlo Di Cicco, subdiretor do L'Osservatore Romano, considera que nestes dias os meios de comunicação se equivocaram quando, «com precipitação, culparam Bento XVI não só de ter cedido a posições anticonciliares, mas inclusive de cumplicidade ou ao menos imprudência ao apoiar teses negacionistas sobre a Shoá», o Holocausto judaico.

O jornal vaticano se referia à polêmica surgida horas antes de a Santa Sé anunciar a revogação da excomunhão, quando meios de comunicação republicaram declarações que havia pronunciado em novembro à televisão sueca um dos bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X reabilitados, Dom Richard Williamson, adotando pessoalmente teses «negacionistas».

Imediatamente depois, a Rádio Vaticano declarou que se tratava de «posições pessoais, que não podem ser compartilhadas e que não afetam o Magistério pontifício nem as posições da Igreja solenemente enunciadas em várias ocasiões».

Segundo o L'Osservatore Romano, a atribuição ao Papa dessas declarações que não lhe correspondem foi desmentida por ele mesmo neste domingo, jornada de encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e por ocasião do Ângelus.

Bento XVI afirmou que «entre nós, os idosos certamente não esquecem» o primeiro anúncio do Concílio Vaticano II feito por João XXIII, em 25 de janeiro de 1959, há exatamente 50 anos, um gesto que o Papa definiu como «decisão sábia» sugerida pelo Espírito Santo.

Precisamente, declara o jornal vaticano, a revogação da excomunhão deve ser entendida como um gesto que se enquadra no espírito do Concílio Vaticano II.

«A reforma do Concílio não se aplicou totalmente, mas já está tão consolidada na Igreja Católica que não pode entrar em crise por um gesto magnânimo de misericórdia, inspirado, também, no novo estilo de Igreja promovido pelo Concílio, que prefere o remédio da misericórdia ao da condenação», explica o subdiretor.

«A revogação que suscitou tantos alarmes não conclui um caso doloroso como o cisma lefebvriano – declara o jornal. Com ela, o Papa elimina pretextos para infinitas polêmicas, enfrentando o autêntico problema: a aceitação plena do magistério, inclusive, obviamente, o Concílio Vaticano II.»

«Ainda que seja verdade que a Igreja Católica não nasce com o Concílio, é verdade também que a Igreja, renovada pelo Concílio, não é uma Igreja diferente, mas a mesma Igreja de Cristo, fundada sobre os apóstolos, garantida pelo sucessor de Pedro e, portanto, parte viva da tradição.»

«Com o anúncio do Papa João, a tradição não desaparece, mas continua ainda hoje segundo as formas próprias de uma pastoral e de um magistério atualizado pelo último grande Concílio.»

L'Osservatore Romano considera que tampouco é justo dizer que o Papa «não está convencido do caminho ecumênico e do diálogo com os judeus. Os compromissos estratégicos de seu pontificado estão à luz do sol e cada um dos atos pastorais e de magistério avançam claramente na aplicação da estratégia anunciada no momento de sua eleição».

«O diálogo é parte constitutiva da Igreja conciliar e Bento XVI repetiu em várias ocasiões, e agora voltaram a fazê-lo, que o ecumenismo exige a conversão de todos – também da Igreja Católica – a Cristo. Em uma Igreja convertida, ‘as diversidades deixarão de ser um obstáculo que nos separa e passarão a ser uma riqueza na multiplicidade das expressões da fé comum’.»

«A revogação da excomunhão não significa ainda a plena comunhão – acrescenta o jornal. O caminho de reconciliação com os tradicionalistas é uma opção colegial já conhecida pela Igreja de Roma, e não um gesto repentino e imprevisto de Bento XVI.»

«Da aceitação do Concílio se deriva necessariamente também a clara posição sobre o negacionismo. A declaração Nostra aetate, o mais autorizado giro católico com relação ao judaísmo, deplora ‘os ódios, perseguições e manifestações de antissemitismo de qualquer tempo e pessoa contra os judeus’.»

domingo, 25 de janeiro de 2009

DECRETO DA CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS REABILIDA BISPOS DA FSSPX

DECRETO DA CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS

Com carta de 15 de Dezembro de 2008 endereçada a Sua Eminência o Sr. Cardeal Dario Castrillón Hoyos, Presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, Mons. Bernard Fellay, também em nome dos outros três bispos consagrados em 30 de Junho de 1988, solicitava novamente a remoção da excomunhão latae sententiae formalmente declarada por Decreto do Prefeito desta Congregação para os Bispos em data de 1° de Julho de 1988. Na mencionada carta, Mosenhor Fellay afirma, entre outras coisas: “Estamos sempre firmemente determinados na vontade de permanecer católicos e de colocar todas as nossas forças a serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja Católica Romana. Nós aceitamos os seus ensinamentos com ânimo filial. Acreditamos firmemente no Primado de Pedro e em suas prerrogativas, e por isso nos faz sofrer tanto a situação atual”.

Sua Santidade Bento XVI - paternamente sensível ao desconforto espiritual manifestado por pelos interessados por causa da sanção de excomunhão, e confiando no compromisso expresso por eles na cidade carta de não poupar esforço algum para aprofundar as questões ainda abertas em necessárias conversações com as Autoridades da Santa Sé, e poder assim chegar rapidamente a uma plena e satisfatória solução do problema existente em princípio, decidiu reconsiderar a situação canônica dos Bispos Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta, relativa a sua sagração episcopal.

Este ato expressa o desejo de consolidar as relações recíprocas de confiança, intensificar e fazer mais estáveis as relações da Fraternidade São Pio X com a Sé Apostólica. Este dom de paz, ao término das celebrações do Natal, aspira também a ser um sinal para promover a unidade na caridade da Igreja universal, e por seu meio, retirar o escândalo da divisão.

Desejando que este passo seja seguido sem demoras da plena comunhão com a Igreja de toda a Fraternidade São Pio X, em testemunho de uma verdadeira fidelidade e de um verdadeiro reconhecimento do Magistério e da autoridade do Papa através da prova da unidade visível.

Conforme as faculdades que me foram expressamente concedidas pelo Santo Padre, Bento XVI, em virtude do presente Decreto, revogo dos Bispos Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfons de Galarreta a censura de excomunhão latae sententiae declarada por esta Congregação em 1 de julho de 1988 e declaro privado de efeitos jurídicos a partir do dia de hoje o Decreto então publicado.

Roma, Sagrada Congregação para os Bispos, 21 de janeiro de 2009.

Cardeal Giovanni Batista Re
Prefeito da Sagrada Congregação para os Bispos


Fonte: http://fratresinunum.wordpress.com/2009/01/24/esta-consumado-decreto-da-congregacao-para-os-bispos/

Bispos da FSSPX são reintegrados à comunhão católica

COMUNICADO DA SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ

O Santo Padre, depois de um processo de diálogo entre a Sé Apostólica e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, representada pelo seu Superior Geral, S.E. Mons. Bernard Fellay, acolheu o pedido formulado novamente por esse Prelado em uma carta de 15 de Dezembro de 2008, também em nome dos outros três bispos da Fraternidade, S.E. Mons. Bernard Tissier de Mallerais, S.E. Mons. Richard Williamson e S.E. Mons. Alfonso del Gallareta, de revogar a excomunhão em que incorreram vinte anos atrás.

Por causa, realmente, da consagração episcopal feita, em data de 30 de junho de 1988, por S.E. Mons. Marcel Lefebvre, sem mandato pontifício, os quatro mencionados prelados incorreram em excomunhão latae sententiae, formalmente declarada pela Congregação para os Bispos, em data de 1 de Julho de 1988.

S.E. Mons. Bernard Fellay, na citada missiva, manifestava claramente ao Santo Padre que: “Estamos sempre firmemente determinados na vontade de permanecer católicos e de colocar todas as nossas forças a serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja Católica Romana. Aceitamos os seus ensinamentos com ânimo filial. Acreditamos firmemente no Primado de Pedro e em suas prerrogativas, e por isso nos faz sofrer tanto a situação atual”.

Sua Santidade Bento XVI, que tem acompanhado desde o início este processo, sempre procurou recompor a fratura com a Fraternidade, também se encontrou pessoalmente com S.E. Mons. Bernard Fellay em 29 de agosto de 2005. Naquela ocasião, o Sumo Pontífice manifestou a vontade de proceder por graus e em prazo razoável em tal caminho, e agora, benignamente, com solicitude pastoral e paterna misericórdia, mediante decreto da Congregação para os Bispos de 21 de Janeiro de 2009, revoga a excomunhão que pesava sobre os mencionados prelados. O Santo Padre foi inspirado nessa decisão na esperança que se chegue em breve à completa reconciliação e à plena comunhão.

Fonte: http://212.77.1.245/news_services/bulletin/news/23250.php?index=23250&lang=po

sábado, 24 de janeiro de 2009

Diálogo com anglicanos e metodistas continua apesar das dificuldades

O ano de 2008 foi importante em contatos bilaterais

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Continua, apesar das dificuldades, o difícil diálogo com as confissões anglicana e metodista. Assim confirma o encarregado do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Mark Langham, em artigos publicados esta semana pelo L'Osservatore Romano.

Estes artigos fazem parte de uma série publicada ao longo desta semana pelo jornal vaticano por ocasião da Semana de Oração pela unidade dos Cristãos, que concluirá no próximo domingo.

Langham explica que 2008 foi significativo em ambos os casos pelo estabelecimento de contatos de tipo informal com destacados membros das duas confissões.

No caso dos anglicanos, explica, foi muito significativa a participação de uma delegação católica, encabeçada pelo cardeal Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a promoção da Unidade dos Cristãos, na Conferência de Lambeth, o encontro que reúne a Comunhão Anglicana a cada dez anos.

Esta participação foi muito importante, dado que o diálogo entre as duas confissões se havia praticamente congelado em 2003, ao ter sido nomeado bispo da Igreja Episcopaliana de New Hampshire (EUA) um candidato abertamente homossexual. Esta decisão havia provocado também uma forte ruptura interna na Comunhão Anglicana.

Em Lambeth, explica Langham, o cardeal Kasper «pôde falar francamente sobre o doloroso impacto que este e outros acontecimentos (a ordenação de mulheres) provocaram no diálogo ecumênico». Outras intervenções trataram também sobre a questão ecumênica, ainda que inicialmente não era o tema da conferência.

Ainda que não tenham adotado resoluções ao respeito, explica Langham, isso foi importante frente às reuniões informais (informal talks) realizadas este ano, especialmente através do Centro Anglicano de Roma. Assegurar a unidade e a integridade da doutrina anglicana será o ponto fundamental que permitirá a reativação do diálogo oficial.

Com relação ao diálogo com os metodistas, Langham explica que durante este ano «continuaram os encontros cordiais», e assinalou especialmente o que aconteceu em novembro, em Dublin, entre o reverendo Geoffrey Wainwright e Dom Michael Ernest Putney, bispo católico de Townsville (Austrália).

Nesse encontro se aprovou o documento conjunto Together in Holliness (Juntos em santidade), que explica os passos dados durante os 40 anos de duração do diálogo metodista-católico. Apesar dos grandes desencontros em matéria doutrinal, ambas as partes se preparam para enfrentar uma nova etapa, de elaboração de um documento conjunto que será apresentado ao Conselho Metodista Mundial em sua próxima reunião de Durban (Austrália), em 2011.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Três erros sobre a oração pelos judeus em latim da Sexta-Feira Santa 2008

Declaração do Pe. Remaud, especialista em estudos hebreus

ROMA, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A oração pelos judeus da Sexta-Feira Santa segundo o rito de João XXIII, não diz «oremos pela conversão dos judeus» mas «oremos pelos judeus», aponta a ZENIT o Pe. Michel Remaud, diretor do Instituto Cristão de Estudos Judeus e de Literatura Hebraica de Jerusalém.

Por ocasião do Oitavário pela Unidade dos Cristãos, de 18 a 25 de janeiro, a Conferência Episcopal Italiana (CEI) havia instituído uma jornada de diálogo com o judaísmo em 17 de janeiro. Os rabinos italianos não participaram, devido à aprovação por parte do Papa desta oração.

O texto do Ofício de Paixão da Sexta-feira Santa em latim, autorizado para seu uso «extraordinário» por Bento XVI, que se usou pela primeira vez na oração universal da Sexta-feira Santa de 2008, não diz «Oremus pro conversione Judaeorum» mas «Oremus et pro Judaeis», após a supressão de «perfidis», há quase cinquenta anos, pelo Papa Angelo G. Roncalli.

«Em um terreno tão delicado», como é o das relações entre cristãos e judeus, o Pe. Remaud recomenda «ser rigorosos».

Para o Pe. Remaud, a questão é a seguinte: «o cristão que expressa sua fé utilizando as fórmulas do Novo Testamento deve ser acusado de vontade de conversão quando dialoga com os judeus?».

Também, o especialista considera que é importante ter em conta os elementos litúrgicos do debate. Neste sentido, afirma, os jornais com frequência comentaram três erros.

Não é uma questão ligada à missa em latim

Antes de tudo, não é uma questão ligada à «missa em latim», pois a missa em latim também se celebra segundo o rito posterior ao Concílio Vaticano II, aprovado por Paulo VI.

É uma versão que se usa muito nas assembléias internacionais, em Lourdes e em Roma, por exemplo. Não se trata, portanto, de eleger entre a «missa em latim» ou a língua vernácula. Este é um alarme falso, declara.

«Para denominar o rito anterior à reforma de 1969 – sublinha o Pe. Remaud –, os jornalistas criaram a expressão, cômoda mas inadequada, de "missa em latim"».

Na realidade, adverte, o que distingue o antigo rito não é o uso do latim, porque o missal promulgado em aplicação da reforma conciliar está redigido originalmente em latim, e se usa contemporaneamente às suas traduções em línguas vivas».

Não é uma questão ligada à missa

Tampouco é um problema de «missa», acrescenta, porque na Sexta-feira Santa não se celebra a «missa», mas o Ofício da Paixão. Portanto, trata-se de outro alarme falso.

Quando não se celebra a «missa», a liturgia introduz, entre outras, uma oração por nossos «irmãos mais velhos», segundo a fórmula de João Paulo II, na sinagoga de Roma, em 13 de abril de 1986.

«É uma oração ‘universal’, por toda a humanidade – explica o especialista. O ofício próprio desse dia inclui uma longa série de orações nas quais se encomendam a Deus todas as categorias de crentes (também os não crentes) que integram a humanidade», precisa o Pe. Remaud.

E acrescenta que «até 1959 se rezava, entre outras intenções, em latim, ‘pro perfidis judaeis’. Mas, inclusive depois da supressão feita por João XXIII do adjetivo ‘pérfidos’, a oração continuou empregando fórmulas que se podiam considerar prejudiciais aos judeus».

«Pérfidos» não tinha em latim o sentido pejorativo que depois assumiu nas línguas vernáculas. Procede literalmente de «per» e «fides», ou seja, o que persiste ou permanece em sua fé.

A fórmula «caiu em desuso alguns anos depois, com a promulgação do missal chamado ‘de Paulo VI’», em parte, por causa do pejorativo significado que a fórmula assumiu.

Assim, a autorização de Bento XVI para utilizar este antigo missal com a fórmula emendada se usou pela primeira vez na liturgia do Ofício de Paixão da Sexta-Feira Santa de 2008.

João Paulo II, em 1984, autorizou o uso do antigo missal para os seguidores do arcebispo Marcel Lefebvre que haviam retornado à comunhão com Roma.

A antiga fórmula, portanto, foi usada durante 24 anos por algumas comunidades católicas sem que ninguém protestasse, sublinha o Pe. Remaud.

O «motu próprio» Ecclesia Dei remete, com efeito, à carta Quattuor Abhinc Annos, que diz claramente: «O soberano pontífice, desejando satisfazer estes grupos, oferece aos bispos diocesanos a faculdade de usar um indulto, para permitir aos sacerdotes e aos fiéis enumerados explicitamente no pedido apresentado a seus bispos, celebrar a Missa usando o Missal Romano editado oficialmente em 1962», observando quatro normas, entre elas que «esta celebração deverá fazer-se seguindo o Missal Romano de 1962 em latim».

Antes de dar sua autorização, Bento XVI pediu outra modificação, «proibindo inclusive a quem usa a título excepcional o missal anterior ao Concílio, tornar a utilizar já estas expressões».

«Paradoxalmente – faz notar o especialista –, é justamente a decisão de corrigir uma fórmula, julgada inaceitável e utilizada por um número muito restringido de católicos [uma vez ao ano], o que suscitou toda esta indignação.»

Não existe a palavra conversão

Há um último alarme falso surgido no debate em torno da oração: a palavra «conversão».

O Pe. Remaud destaca que «todo o debate suscitado por esta decisão se concentrou em uma palavra que não aparece no texto, ‘conversão’», e que «pedir a Deus que ilumine os corações é uma coisa, e pressionar as pessoas para tentar convencê-las é outra. A diferença é mais que de matiz».

Por isso, propõe este questionamento «mais fundamental»: se o cristão considera Jesus como «o Salvador de todos os homens» e expressa esta convicção em sua liturgia, pode-se impedir seu diálogo com quem não compartilha sua fé?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Papa convida cristãos a trabalharem pelo ecumenismo

«A unidade está conectada com a própria missão da Igreja no mundo»

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa Bento XVI interrompeu nesta quarta-feira o ciclo de catequeses que vem realizado sobre a vida e os ensinamentos do apóstolo São Paulo e dedicou a audiência de hoje a falar sobre o diálogo ecumênico, dada a coincidência com a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

O Papa dedicou a catequese de hoje a refletir sobre a passagem de Ezequiel que se escolheu como lema desta semana e na qual o profeta toma os lenhos, símbolo do Israel dividido, para realizar uma profecia sobre sua reunião futura.

Em primeiro lugar, destacou que a questão da unidade dos cristãos não é secundária, mas que «está conectada com a vida e a própria missão da Igreja no mundo», como o próprio Cristo assinalou na Última Ceia.

A Igreja, afirmou, «deve viver uma unidade que só pode derivar de sua unidade com Cristo, com sua transcendência, como sinal de que Cristo é a verdade. Esta é nossa responsabilidade: que seja visível para o mundo o dom de uma unidade em virtude da qual nossa fé se torne crível».

Por isso, convidou reiteradamente os cristãos a que tomem «consciência da urgência de trabalhar de todas as formas possíveis para chegar a este grande objetivo».

Contudo, esta unidade plena necessita como condição prévia a «purificação» dos cristãos dos «elementos estranhos à fé» e uma «maior fidelidade à vocação de Deus».

«Na dispersão entre os gentios, os israelenses haviam conhecido cultos errôneos, haviam assimilado concepções de vida equivocadas, haviam assumido costumes alheios à lei divina», explicou o Papa. «A esta renovação devemos estar abertos também nós, porque também nós, dispersos entre os povos do mundo, aprendemos costumes muito distantes da Palavra de Deus.»

«O ecumenismo verdadeiro não existe sem a conversão interior, porque o desejo da unidade nasce e amadurece na renovação da mente, na abnegação de si mesmo e no exercício pleno da caridade», acrescentou.

Passos realizados

O Papa assinalou também os «importantes gestos e passos» levados a cabo no caminho ecumênico.

«As relações entre as Igrejas e os diálogos teológicos continuaram dando sinais de convergências espirituais alentadoras», afirmou.

Por outro lado, destacou a transcendência das visitas de bispos e patriarcas ortodoxos e orientais a Roma, e especialmente a participação no passado Sínodo do patriarca ecumênico Bartolomeu I.

Também manifestou sua proximidade ao Patriarcado de Moscou, pela morte de Alexis II e a próxima eleição de seu sucessor.

Com relação às Comunhões Cristãs do Ocidente, o pontífice assinalou que «prossegue o diálogo sobre o importante testemunho que os cristãos devem dar hoje de forma concorde, em um mundo cada vez mais dividido e enfrentado tantos desafios de caráter cultural, social, econômico e ético».

Por último, o Papa convidou a tomar como modelo o apóstolo São Paulo, especialmente «seu anseio e dedicação ao único Senhor e à unidade de seu Corpo místico, a Igreja».

«Seguindo seu exemplo e contando com sua intercessão, que cada comunidade cresça no empenho da unidade, graças às diversas iniciativas espirituais e pastorais e às assembléias de oração comum, que costumam ser mais numerosas e intensas nesta ‘Semana’, fazendo-nos já saborear antecipadamente, de certa forma, o gozo da unidade plena», concluiu.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

«Humanae Vitae»: profecia científica

O presidente dos métodos católicos denuncia os perigos da pílula anticoncepcional

Por Antonio Gaspari

ROMA, quinta-feira, 8 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Apesar de ter sido publicada há 40 anos, a encíclica Humanae Vitae ainda suscita um forte debate. Para alguns, inclusive dentro da Igreja Católica, trata-se de um texto inadequado aos tempos e insuficiente nas respostas, enquanto outros sustentam que se trata de uma encíclica «profética».

Para estes últimos, o Papa Paulo VI fez bem em advertir contra o uso de anticoncepcionais, já que estes são perigosos para a saúde da mulher e para a relação dentro do casal.

Neste contexto, o doutor espanhol José María Simón Castellví, presidente da Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos (FIAMC), anunciou um texto em 4 de janeiro passado, com o título «40 anos depois da Encíclica Humanae Vitae, do ponto de vista médico», no qual se ilustram todos os problemas relativos à saúde da mulher, à contaminação ambiental e ao enfraquecimento e banalização das relações de casal que a pílula contraceptiva provocou.

Sobre esta questão, o dr. Simón Castellví concedeu esta entrevista à Zenit.

– Os críticos da Humanae Vitae sustentam que os anticoncepcionais trouxeram a emancipação feminina, progresso, saúde médica e ambiental. Mas segundo o informe da FIAMC, isso não é verdade. Pode explicar-nos por quê?

– Simón Castellví: Os anticoncepcionais não são um verdadeiro progresso nem para as mulheres nem para o planeta. Compreendo e sou solidário com as mulheres que deram a vida a muitos filhos, mas a solução não está na contracepção, e sim na regulação natural da fertilidade. Esta respeita os homens e as mulheres. O estudo que apresentamos é científico e nos diz que a pílula é contaminadora e em muitos casos anti-implantatória, ou seja, abortiva.

– O estudo sustenta de fato que a pílula denominada anovulatória, a mais utilizada, que tem como base doses de hormônios de estrogênio e progesterona, funciona em muitos casos com um verdadeiro efeito anti-implantatório. É verdade?

– Simón Castellví: É verdade. Atualmente, a pílula anticoncepcional denominada anovulatória funciona em muitos casos com um verdadeiro efeito anti-implantatório, ou seja, abortivo, porque expele um pequeno embrião humano. E o embrião, inclusive em seus primeiros dias, é um pouco diferente de um óvulo ou célula germinal feminina. Sem essa expulsão, o embrião chegaria a ser um menino ou menina.

O efeito anti-implantatório destas pílulas está reconhecido na literatura científica. Os investigadores o conhecem, está presente nos prospectos dos produtos farmacêuticos dirigidos a evitar uma gravidez, mas a informação não chega ao grande público.

– O estudo em questão sustenta que a grande quantidade de hormônios no ambiente tem um efeito grave de contaminação meio-ambiental que influi na infertilidade masculina. Você poderia nos explicar por quê?

– Simón Castellví: Os hormônios têm um efeito nocivo sobre o fígado, e depois se dispersam no ambiente, contaminando-o. Durante anos de utilização das pílulas anticoncepcionais se verteram toneladas de hormônios no ambiente. Diversos estudos científicos indicam que isso poderia ser um dos motivos do aumento da infertilidade masculina. Pedimos que se façam pesquisas mais precisas sobre os efeitos contaminadores desses hormônios.

– O estudo elaborado pela FIAMC retoma as preocupações expressas em 29 de julho de 2005 pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (International Agency for Research on Cancer), a agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual os preparados orais de combinados de estrogênio e progesterona podem ter efeitos cancerígenos. Você poderia ilustrar-nos a gravidade destas implicações?

– Simón Castellví: É grave que se esteja distribuindo um produto não indispensável para a saúde e que poderia ser cancerígeno. Esta não é uma opinião dos médicos católicos, mas da Agência da OMS que luta contra a difusão do câncer. Nós só citamos suas preocupações ao respeito.

– Você e a associação que você representa sustentam que a Humanae Vitae foi profética ao propor os métodos naturais de regulação da fertilidade. Pode explicar-nos por quê?

– Simón Castellví: O Papa Paulo VI foi profético também do ponto de vista científico. Com essa encíclica, ale alertou sobre os perigos da pílula anticoncepcional, como o câncer, a infertilidade, a violação dos direitos humanos, etc. O Papa tinha razão e muitos não quiseram reconhecer isso. Quando se trata de regular a fertilidade, são muito melhores os métodos naturais, que são eficazes e respeitam a natureza da pessoa.

– Em um artigo publicado pelo L'Osservatore Romano L'Humanae vitae. Una profezia scientifica», 4 de janeiro de 2009), você sustenta que os métodos anticoncepcionais violam os direitos humanos. Pode precisar-nos por quê?

– Simón Castellví: No 60º aniversário da Declaração dos Direitos do Homem se pode demonstrar que os meios anticoncepcionais violam pelo menos cinco importantes direitos:

O direito à vida, porque em muitos casos se trata de pílulas abortivas, e cada vez se elimina um pequeno embrião.

O direito à saúde, porque a pílula não serve para curar e tem efeitos secundários importantes sobre a saúde de quem a utiliza.

O direito à informação, porque ninguém informa sobre os efeitos reais da pílula. Em particular, não se adverte sobre os riscos para a saúde e a contaminação ambiental.

O direito à educação, porque poucos explicam como se praticam os métodos naturais.

O direito à igualdade entre os sexos, porque o peso e os problemas das práticas anticoncepcionais recaem quase sempre sobre a mulher.

– A Humanae vitae sustenta que os anticoncepcionais influenciam negativamente na relação do casal, separando o ato de amor da procriação. Você poderia explicar-nos, como homem de ciência, esta afirmação?

– Simón Castellví: A relação entre os esposos deve ser de total confiança e amor. Excluir com meios impróprios a possibilidade da procriação prejudica a relação de casal. O doar-se um ao outro deveria ser total e enriquecer-se pela capacidade da transmissão da vida.

– Substancialmente, a Humanae vitae é um documento que une e reforça os casais; por que então tantas críticas?

– Simón Castellví: Muitas das críticas foram sugeridas pelos interesses econômicos que estão por trás da venda da pílula. Outras críticas surgem daqueles que querem reduzir e selecionar a fertilidade e o crescimento demográfico. Finalmente, as críticas procedem também daqueles que querem limitar a autoridade moral da Igreja Católica.

– O que teria acontecido se a Igreja não tivesse se oposto à difusão da pílula?

– Simón Castellví: Não quero sequer pensar nisso. Só considerando o efeito abortivo das pílulas, a própria Igreja Católica seria hoje menos numerosa. Posso compreender o pensamento de milhões de mulheres que usam a pílula, mas quero sugerir que existe uma antropologia melhor para elas, a que a Igreja Católica propõe.