quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Congresso da Cúria confirma ensino da Igreja sobre a eutanásiad

VATICANO - Na audiência aos participantes do Congresso organizado pela Pontifícia Academia para a Vida, Bento XVI afirma “mais uma vez, a firme e constante condenação ética de toda forma de eutanásia direta, segundo o plurissecular ensinamento da Igreja”

Cidade do Vaticano (Agência Fides) - “Ao lado do doente incurável e do moribundo: orientações éticas e operacionais” foi o tema do Congresso organizado pela Pontifícia Academia para a Vida na ocasião da XIV Assembléia geral da Academia. Dirigindo-se aos participantes, recebidos em audiência no dia 25 de fevereiro, o Papa Bento XVI recordou que cada vida terrena que se vai é “um novo nascimento e uma existência renovada, oferecida pelo Ressuscitado a quem não se opôs voluntariamente a seu Amor. Com a morte se conclui a experiência terrena, mas através da morte abre-se também, para cada um de nós, para além do tempo, a vida plena e definitiva… Para a comunidade dos fiéis, este encontro do moribundo com a Nascente da Vida e do Amor representa um dom que tem valor para todos, que enriquece a comunhão de todos os fiéis. Sendo assim, ele deve receber a atenção e a participação da comunidade, não somente da família, dos parentes próximos mas, nos limites e nas formas possíveis, de toda a comunidade que esteve ligada à pessoa que está morrendo. Nenhum fiel deveria morrer na solidão e no abandono”.

Além da comunidade cristã, “empenhada em acompanhar e celebrar com seus membros o mistério da dor e da morte e o alvorecer da nova vida”, toda a sociedade, por meio de suas instituições de saúde e civis “é chamada a respeitar a vida e a dignidade do doente grave e do moribundo”. O Papa destacou o dever das instituições de saúde da sociedade em manifestar “a solidariedade do amor, a salvaguarda e o respeito pela vida humana em cada momento de seu desenvolvimento terreno, principalmente quando ela sofre de uma doença ou está em fase terminal”. “Mais concretamente - continuou Bento XVI -, trata-se de assegurar a cada pessoa que precise o apoio necessário por meio de terapias e tratamentos médicos adequados, individuais e geridos segundo os critérios da proporcionalidade médica, sempre levando em conta o dever moral de prescrever (por parte do médico) e de acolher (por parte do paciente) os meios de preservação da vida que, na situação concreta, sejam ‘ordinários’. No que diz respeito, por sua vez, às terapias significativamente arriscadas ou que sejam consideradas prudentemente ‘extraordinárias’, o recurso a elas poderia ser considerado moralmente lícito, mas facultativo. Além disso, é preciso sempre assegurar a todas as pessoas os tratamentos necessários e adequados, além do apoio às famílias mais sofridas pela doença de um de seus componentes, principalmente se é grave e prolongada”.

O Papa desejou que, a reboque da regulamentação do trabalho, sejam reconhecidos direitos específicos dos familiares “no momento da doença terminal de um de seus membros”, uma vez que “uma sociedade solidária e humanitária não pode não considerar as difíceis condições das famílias que, às vezes por um longo período, devem suportar o peso do sustento domiciliar com doentes graves não auto-suficientes… Numa sociedade complexa, intensamente influenciada pelas dinâmicas da produtividade e de demandas da economia, as pessoas frágeis e as famílias mais pobres correm o risco, nos momentos de dificuldade econômica e/ou de doença, de ficarem abaladas”.
Nas grandes cidades é cada vez maior o número de pessoas idosas e sozinhas, mesmo em momentos de doença grave e de proximidade da morte. “Nessas situações - continuou o Santo Padre -, os impulsos eutanásicos tornam-se mais prementes, principalmente quando existe uma visão utilitarista em relação às pessoas. Por esse motivo, aproveito a oportunidade para reafirmar, mais uma vez, a firme e constante condenação ética de toda forma de eutanásia direta, segundo o plurissecular ensinamento da Igreja”.

Na parte final de seu discurso, o Santo Padre auspiciou que o esforço conjunto da sociedade civil e da comunidade dos fiéis “deve se voltar para que todos possam viver não só com dignidade e responsabilidade, como também atravessar o momento da dificuldade e da morte na melhor condição de fraternidade e de solidariedade, mesmo quando a morte acontece numa família pobre ou no leito de um hospital… para todo homem que sofre e, especialmente, para quem se aproxima do momento da morte, sejam oferecidas e testemunhadas a solidariedade e a caridade. A sociedade, por seu lado, não pode deixar de assegurar o sustento das famílias que pretendem se empenhar para ter em casa, às vezes por longos períodos, doentes que sofrem de doenças degenerativas (tumores, neuro-degenerativas, etc.) ou aqueles necessitados de uma ’assistência que exige um grande empenho”.
(S.L.) (Agência Fides 26/2/2008)

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