quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Papa Bento XVI mostra influência de Pio XII no Concílio Vaticano II

Recolhe sua herança no 50º aniversário de seu falecimento


CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 11 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- Não é possível entender o Concílio Vaticano II sem levar em conta o magistério de Pio XII, considera Bento XVI, constatando que esse papa é, depois da Escritura, a fonte mais citada em seus documentos.

O Papa Joseph Ratzinger chegou a esta conclusão ao recolher a herança deixada à Igreja pelo pontificado de Eugenio Pacelli (1939-1958) no discurso que dirigiu neste sábado aos participantes de um congresso sobre «A herança do magistério de Pio XII e o Concílio Vaticano II», promovido pelas universidades pontifícias Gregoriana e Lateranense, no 50º aniversário da morte do servo de Deus. 

A intervenção do Papa mostra como este concílio ecumênico não supôs uma ruptura com o passado, mas seguiu a Tradição da Igreja, recebida e exposta pelo sumo pontífice, que havia precedido sua convocatória. 

«Certamente a Igreja, Corpo Místico de Cristo, é um organismo vivo e vital, que não está imobilizado no que era há 50 anos», reconheceu o Papa depois de repassar os grandes documentos do pontificado de Eugenio Pacelli. 

«Mas o desenvolvimento acontece com coerência. Por isso, a herança do magistério de Pio XII foi recolhida pelo Concílio Vaticano II e proposta às gerações cristãs posteriores.»

O Papa constatou que «nas intervenções orais e escritas apresentadas pelos padres do concílio Vaticano II se encontram mais de mil referências ao magistério de Pio XII». 

Nem todos os documentos do Concílio têm uma parte de notas, mas nos documentos que contam com isso, «o nome de Pio XII aparece mais de 200 vezes», informou. 

Isso quer dizer que, «com exceção da Sagrada Escritura, este papa é a fonte autorizada que o Concílio cita com mais freqüência». 

«Também – sublinhou –, as notas desses documentos não são, em geral, meras referências explicativas, mas com freqüência constituem autênticas partes integrantes dos textos conciliares; não só oferecem justificativas de apoio para o que afirma o texto, mas também oferecem uma chave de interpretação.»

O discurso do Papa se converteu, portanto, em uma reivindicação do papel histórico do falecido pontífice, em particular de seu magistério, pois «nos últimos anos, quando se falou de Pio XII, a atenção se concentrou de maneira excessiva em um só problema, tratado geralmente de maneira unilateral». 

«Independentemente de outras considerações, isso impediu uma visão adequada de uma figura de grande profundidade histórico-teológica como a de Pio XII», considerou. 

«Não surpreende, portanto – disse seu sucessor – que seu ensinamento continue difundindo luz ainda hoje na Igreja.»

«Na pessoa do Sumo Pontífice Pio XII, o Senhor fez à sua Igreja um dom excepcional, pelo qual todos devemos agradecer-lhe», afirmou. 

Conclusões do congresso 

Em suas palavras de saudação ao Papa, o arcebispo Rino Fisichella, reitor da Universidade Pontifícia Lateranense, mostrou como «o magistério de Pio XII, recolhido principalmente em suas 43 encíclicas e em seus numerosos discursos, não só foi propedêutico para o Concílio, mas marcou positivamente seu desenvolvimento». 

Por isso, ao explicar o espírito do Vaticano II, disse: «Não vigora a lei da descontinuidade, mas a de uma continuidade que se realiza em um desenvolvimento harmonioso, capaz de mostrar o progresso da doutrina sem alteração alguma». 

Por sua parte, na audiência, o Padre Gianfranco Ghirlanda, S.J., reitor da Universidade Pontifícia Gregoriana, explicou ao Papa que o congresso, que se celebrou na sede das duas universidades, «sublinhou mais uma vez a profundidade do magistério de Pio XII, que foi uma fonte riquíssima de tantos documentos do Concílio Vaticano II, assim como do magistério pós-conciliar».

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