O prefeito da Congregação para o Culto divino fala sobre a renovação litúrgica conciliar
O purpurado, que celebrou no fim de semana passado o 50º aniversário de sua ordenação sacerdotal, fez balanço de seu trabalho à frente da Congregação, cuja tarefa, explicou, não é ser um «policial eclesiástico», mas simplesmente «promover o culto divino».
«Se a Igreja não reza, não vive. A liturgia é a respiração da vida da Igreja. A Igreja nasceu para adorar Deus, honrá-lo e louvá-lo. A missa é o ato mais elevado que a Igreja pode fazer, não há nada mais elevado, este é essencialmente o centro da atividade deste dicastério», explicou.
Diante das dificuldades e confusões em matéria litúrgica surgidas após o Concílio Vaticano III, o cardeal explicou que o problema «não é o Concílio em si, mas quem não o recebeu corretamente ou quem inclusive o rejeitou com os fatos».
«Há pessoas que não digeriram o que o Vaticano II disse; outras pretendem ditar a interpretação autêntica do espírito conciliar; e outras pedem inclusive um novo concílio», explicou, ainda que admitiu também que «a situação hoje é muito mais tranqüila que há 30 anos».
O cardeal afirma que muitos abusos «não se devem à má vontade, mas à ignorância. Alguns não sabem ou não são conscientes de que não sabem. Não sabem, por exemplo, que as palavras e os gestos têm raízes na tradição da Igreja. Assim, crêem ser mais originais ou criativos mudando-os».
«Frente a essas coisas, é necessário reafirmar que a liturgia é sagrada, é a oração pública da Igreja», acrescentou.
O purpurado explicou que neste momento, seu dicastério está estudando algumas mudanças na liturgia, como, por exemplo, o Ite ad Evangelium Domini annuntiandum; Ite in pace glorificando vita vestra Dominum; Ite in pace.
Outra mudança que se está estudando atualmente é a colocação do gesto da paz. «Com freqüência não se compreende plenamente o significado deste gesto. Pensa-se que é uma ocasião para apertar mão dos amigos. Mas na verdade, é um modo de dizer ao que está ao lado que a paz de Cristo, presente realmente no altar, está também com todos os homens.» Por isso, o purpurado revelou que se está estudado a possibilidade de trasladar este gesto ao momento do ofertório, «para criar um clima mais recolhido enquanto se prepara para a Comunhão».
«O Papa pediu uma consulta a todos os bispos. Depois decidirá», acrescentou.
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