domingo, 30 de março de 2008

Vaticano admite regresso de tradicionalistas

Cardeal Castrillón Hoyos fala do impacto do Motu Proprio de Bento XVI sobre a liturgia pré-concliar

O homem forte do Vaticano para o diálogo com os lefebvrianos, Cardeal Darío Castrillón Hoyos, revelou que muitos cristãos que se tinham afastado da Igreja por causa das reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II “estão a regressar à plena comunhão com Roma” após o Motu Proprio de Bento XVI sobre a liturgia pré-concliar.

O presidente da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei explicou ao Osservatore Romano que a Summorum Pontificum, ao abrir a possibilidade de celebrar segundo o “rito antigo” levou a que muitos cristãos pedissem o regresso a Roma.

A este respeito, o Cardeal colombiano lembra que o Papa apenas procedeu a mudanças na “forma extraordinária” da celebração eucarística, seguindo o Missal Romano de 1062, modificado no pontificado de João XXIII.

“Não se trata de dois ritos diferentes, mas de um uso duplo do único rito romano. É a forma celebrativa que foi usada durante mais de 1400 anos, que inspirou as missas de Palestrina, Mozart, Bach e Beethoven, grandes catedrais e maravilhosas obras de pintura e escultura”, aponta.

D. Castrillón Hoyos diz que, após a decisão do Papa, um mosteiro de clausura com 30 religiosas espanholas foi já reconhecido e regularizado pela sua Comissão Pontifícia, falando ainda de grupos americanos, alemães e franceses “em vias de regularização”.

O Rito de São Pio V, que a Igreja Católica usava até à reforma litúrgica de 1970 (com algumas modificações, a últimas das quais datada de 23 de Junho de 1962) foi substituído pela Liturgia do "Novus Ordo" (Novo Ordinário) aprovada como resultado da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.

Com o Motu Próprio de 2007, Bento XVI estendeu a toda a Igreja de Rito Latino a possibilidade de celebrar a Missa e os Sacramentos segundo livros litúrgicos promulgados antes do Concílio.

Esta aprovação universal significa que a Missa do antigo Rito poderá ser celebrada livremente em todo mundo, pelos sacerdotes que assim o desejarem, sem necessidade de autorização hierárquica (licença ou indulto) de um Bispo.

Os livros litúrgicos redigidos e promulgados após o Concílio continuam, contudo, a constituir a forma ordinária e habitual do Rito Romano.

Para o presidente da Comissão Ecclesia Dei não é possível falar num “regresso ao passado”, mas num progresso, “porque agora temos duas riquezas, em vez de uma só”.

O Cardeal Castrillón Hoyos adianta que a Comissão Pontifícia está a pensar “organizar uma forma de ajuda aos seminários, às dioceses e às conferências episcopais” para uma melhor aplicação da Summorum Pontificum, admitindo ainda “promover subsídios multimédia para o conhecimento e a aprendizagem da forma extraordinária, com toda a riqueza teológica, espiritual e artística ligada à antiga liturgia”, envolvendo os grupos de sacerdotes que já usam esta forma.

A questão Lefebvre

Questionado em relação ao regresso à “plena comunhão” de pessoas excomungadas, o Cardeal colombiano fez questão de sublinhar que a questão com a Fraternidade São Pio X, fundada por Marcel Lefebvre, não se coloca nesses termos.

“A excomunhão diz respeito apenas a quatro Bispos, porque foram ordenados sem mandato do Papa e conta a sua vontade, mas os sacerdotes estão apenas suspensos. A Missa que celebram é válida, sem dúvida, mas não lícita e, por isso, não é aconselhada a participação dos fiéis, a menos que não haja outra possibilidade num Domingo”, refere.

O Bispo Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade, e outros três Bispos foram excomungados a 2 de Julho de 1988, por terem sido ordenados “ilegitimamente” no seio da Fraternidade, por parte do Arcebispo Lefebvre. A carta apostólica “Ecclesia Dei”, de João Paulo II, constatou que esta ordenação de Bispos (a 30 de Junho de 1988) constituiu “um acto cismático”.

Fellay foi recebido por Bento XVI no dia 29 de Agosto de 2005, num encontro marcado pelo “desejo de chegar à perfeita comunhão”.

“Nem os sacerdotes nem os fiéis” da Fraternidade, explica D. Castrillón Hoyos, “estão excomungados”.

A Comissão Ecclesia Dei tem como objectivo “facilitar a plena comunhão eclesial” dos fiéis ligados à Fraternidade fundada por Monsenhor Lefebvre, “conservando as suas tradições espirituais e litúrgicas”, em especial o uso do Missal Romano segundo a edição típica de 1962.

O Cardeal colombiano desvaloriza, a este respeito, as divergências existentes a respeito do Concílio Vaticano II, lembrando que tanto Bernard Fellay como os outros Bispos da Fraternidade São Pio X “reconheceram expressamente o Vaticano II como Concílio Ecuménico”.

“Também não se pode esquecer que Mons. Marcel Lefebvre assinou todos os documentos do Concílio. Penso que a sua crítica ao Concílio tenha mais a ver com a falta de clareza de alguns textos, que abriu caminho a interpretações que não estão de acordo com a doutrina tradicional”, afirma.

Segundo o Cardeal Darío Castrillón Hoyos, as maiores dificuldades “são de carácter interpretativo ou têm a ver com alguns gestos ecuménicos, mas não com a doutrina do Vaticano II”.

Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=58272

Um comentário:

anónimo disse...

Este texto contem erros, mentiras, mutilações e deturpações orientadas para denegrir e fazer acreditar favoravelmente na ideologia do modernismo. É o ponto de vista dos hereges maioritários.

É lamentável e qualquer um pode reparar nas voltas que o texto dá para tentar fazer crer em certas ideias que vão sendo repetidas. Há manipulação das frases do Cardeal que são colocadas em contextos diferentes e até opostos, jogando com o aproveitamento de frases secundárias ausentes da frase principal do parágrafo.

É lamentável que a perseguição dos modernistas à Tradição da Igreja continue ainda pior do que fora antes. Não admira que também haja uma vontade do cardeal em levar a cabo uma missão que se tem de camuflar por outra para que se vençam as corrupções que o modernismo instalou no Vaticano.