quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Bento XVI: «Estamos em dívida com o Concílio Vaticano II»

Mensagem aos participantes do Congresso sobre João Paulo II e o Concílio

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 28 de outubro de 2008 (ZENIT.org).- «Os documentos conciliares não perderam sua atualidade com o passar do tempo», mas ao contrário, «revelam-se particularmente pertinentes em relação às novas instâncias da Igreja e da presente sociedade globalizada». Foi o que afirmou hoje o Papa Bento XVI, em uma extensa mensagem aos participantes do Congresso Internacional «O Vaticano II no Pontificado de João Paulo II», organizado pela Pontifícia Faculdade Teológica São Boaventura - Seraphicum - e pelo Instituto de Documentação e de Estudo sobre o Pontificado de João Paulo II. 

Segundo o Papa, «todos nós somos verdadeiramente devedores deste extraordinário acontecimento eclesial», do qual recorda que teve «a honra de participar como especialista». 

«Tornar acessível ao homem de hoje a salvação divina foi para o Papa o motivo fundamental da convocação do Concílio, e foi com esta perspectiva que os Padres trabalharam», explica Bento XVI.

Neste sentido, o Papa elogiou a figura e obra do Papa João Paulo II, «que naquele Concílio ofereceu uma contribuição pessoal significativa como Padre conciliar, da qual se converteu depois, por vontade divina, em executor primário durante os anos de seu pontificado». 

João Paulo II «acolheu praticamente em todos os seus documentos, e ainda mais em suas decisões e em seu comportamento como pontífice, as instâncias fundamentais do Concílio Ecumênico Vaticano II, do qual se converteu em intérprete qualificado e testemunha coerente», afirma. 

O Concílio, acrescenta, «brotou do coração de João XXIII, mas é mais exato dizer que em último termo, como todos os grandes acontecimentos da história da Igreja, brotou do coração de Deus, de sua vontade salvífica». 

«A múltipla herança doutrinal que encontramos em suas constituições dogmáticas, nas declarações e nos decretos, estimula-nos ainda agora a aprofundar na Palavra do Senhor para aplicá-la ao hoje da Igreja, tendo muito presentes as necessidades dos homens e mulheres do mundo contemporâneo, extremamente necessitado de conhecer e experimentar a luz da esperança cristã.»

O pontífice augura aos congressistas que se aproximem «dos documentos conciliares para buscar neles respostas satisfatórias aos muitos interrogantes de nosso tempo», seguindo o exemplo de São Boaventura, padroeiro do Seraphicum, instituição que organizou este congresso. 

«A sede de salvação da humanidade, que animava os Padres conciliares, orientando seu empenho na busca de soluções a tantos problemas atuais, não estava menos viva no coração de São Boaventura frente às esperanças e às angústias dos homens de seu tempo», acrescenta. 

«A meta última de todas as nossas atividades deve ser a comunhão com o Deus vivo. Assim, também para os Padres do Concílio Vaticano II, o fim último de todos os elementos da renovação da Igreja foi guiar ao Deus vivo revelado em Jesus Cristo», conclui o Papa. 

3 comentários:

Anônimo disse...

Realmente a palavra dívida aqui é essencial. O papa colocou-a foi do lado errado: é o Concílio Vaticano II que está em dívida com a Igreja de sempre, ao criar uma nova religião, uma nova doutrina.

Alessandro Lima disse...

Prezada Magdalia. Notoriamente você se coloca em caminho contrário daquele definido pelos últimos Papas (João XXIII, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI). Seria demais achar que é muita pretensão sua conhecer a doutrina católica mais do que estes últimos pontífices? Deixe se seguir gurus metidos a cruzados e que só dão com os burros na água. Para o seu bem, siga o Papa.

Anônimo disse...

Em Santo Atanásio (e em muitos outros casos), também vimos em determinado momento que era lícito "colocar-se em caminho contrário" ao [mal]ensinamento papal.
Ora, em respostas de vocês (VS) a alguns leitores, não é nada raro ler coisas do tipo: "...bom, quanto a isso, o que o papa quis dizer é que ..."
Devolvo a pergunta: Não seria muita pretensão sua, caro Alessandro, querer conhecer o que o papa quis dizer? O que ele disse é o que está dito e pronto.
Agora, se o Papa disser "X" e eu quiser interpretar como "Y", por achar que interpreto as coisas do papa melhor do que ele quer escrever, isso sim me parece pretencioso.
Não se pode ter como continuidade de ensino católico, os valores de uma revolução comunista e liberal, mesmo "cristianizados".
O fato é que como fruto do "conhecimento doutrinário dos últimos papas" e a manutenção da Nova igreja do CVII, o que temos?
Uma igreja mais próxima do povo? mais participativa, mais democrática? Talvez... Mas com certeza, muito mais mundana, mais liberal, consequentemente, menos santa do que aquela que hj nos apresentam como sendo a "ditadora" igreja do pré concílio.

Cordialmente

fausto.