domingo, 14 de setembro de 2008

Bento XVI: rito extraordinário em latim não se opõe ao Concílio

Afirmou aos jornalistas do vôo papal antes de aterrissar na França

PARIS, sexta-feira, 12 de setembro de 2008 (ZENIT.org).- É infundado ver na publicação do «motu proprio» sobre o rito extraordinário da missa em latim, como se celebrava antes do Concílio Vaticano II, uma volta atrás, afirmou nesta sexta-feira o Papa Bento XVI aos jornalistas que o acompanhavam durante o vôo papal à França.

Como é tradicional, o Papa se aproximou dos 70 jornalistas que o acompanhavam no avião e respondeu, durante cerca de 10 minutos, quatro perguntas, antes de aterrissar no aeroporto parisiense de Orly.

Liturgia

Diante da pergunta de se é um retrocesso para a Igreja a publicação do motu proprio Summorum Pontificum sobre o rito extraordinário em Latim na missa (7 de julho de 2007), o Papa explicou que «é um medo infundado, pois este 'motu proprio' é simplesmente um ato de tolerância, com um objetivo pastoral, para pessoas que foram formadas nesta liturgia, que a amam, que a conhecem e querem viver com esta liturgia».

«É um pequeno grupo, pois supõe uma formação em latim, uma formação em certa cultura. Mas me parece uma exigência normal da fé e da pastoral para um bispo de nossa Igreja ter amor e tolerância por estas pessoas e permitir-lhes viver com esta liturgia», reconheceu o Papa.

«Não há oposição alguma entre a liturgia renovada pelo Concílio Vaticano II e esta liturgia. Cada dia, os padres conciliares celebraram a missa segundo o rito antigo e, ao mesmo tempo, conceberam um desenvolvimento natural para a liturgia em todo este século, pois a liturgia é uma realidade viva, que se desenvolve e que conserva em seu desenvolvimento sua identidade.»

«Portanto, há certamente acentos diferentes, mas uma identidade fundamental que exclui uma contradição, uma oposição entre a liturgia renovada e a liturgia precedente. Creio que existe uma possibilidade de enriquecimento pelas duas partes.»

«Está claro que a liturgia renovada é a liturgia cotidiana do nosso tempo», concluiu.

Laicidade

A primeira pergunta havia sido sobre a laicidade. O jornalista perguntou ao Papa se por causa desta visão da separação entre a Igreja e o Estado a França está perdendo sua identidade cristã.

«Parece-me evidente hoje que a laicidade não está em contradição com a fé. Eu diria inclusive que é um fruto da fé, pois a fé cristã era, desde o início, uma religião universal, portanto, não se identificava com um Estado e estava presente em todos os Estados.»

«Para os cristãos, sempre estava claro que a religião e a fé não eram políticas, mas que faziam parte de outra esfera da vida humana, indicou. A política, o Estado, não eram uma religião, mas uma realidade profana com uma missão específica e as duas deviam estar abertas mutuamente.»

Neste sentido, o Papa disse aos cristãos de hoje neste mundo secularizado: «é importante viver com alegria a liberdade de nossa fé, viver a beleza da fé, e mostrar ao mundo de hoje que é belo ser crente, que é belo conhecer Deus, Deus com um rosto humano em Jesus Cristo, mostrar a possibilidade de ser crente hoje, e inclusive que é necessário para a sociedade de hoje que haja homens que conhecem Deus e que, portanto, possam viver segundo os grandes valores que Ele nos deu e contribuir com a presença de valores que são fundamentais para a construção e sobrevivência de nossos Estados e sociedades».

Amigo da França

Outra pergunta dos jornalistas permitiu ao Papa confessar sua admiração pela França e sua cultura.

«Amo a França, a grande cultura francesa, sobretudo, claro está, as grandes catedrais, e também a grande arte francesa, a grande teologia.»

Após recordar que manteve contatos com alguns dos maiores teólogos e pensadores franceses do século XX, confessou que esta bagagem de amizades e experiências: «determinou realmente, de maneira profunda, meu desenvolvimento pessoal, teológico, filosófico e humano».

Lourdes

Por último, o Papa falou do motivo central de sua viagem ao país, a visita a Lourdes por ocasião dos 150 anos das aparições da Virgem Maria.

O dia da festa de Santa Bernadete, a jovem testemunha destas aparições, «é também o dia de meu nascimento. Por este motivo, eu me sinto muito próximo dessa pequena santa, dessa pequena jovem, pura, humilde, que falou com Nossa Senhora».

«Encontrar esta realidade, esta presença de Nossa Senhora em nossa época, ver os passos dessa pequena jovem que era amiga de Nossa Senhora e, por outro lado, encontrar Maria, sua Mãe, é por outro lado um acontecimento muito importante para mim.»

«Naturalmente, não vamos para encontrar milagres. Vou para encontrar o amor da Mãe, que é a verdadeira cura para todas as dores e para ser solidário com todos os que sofrem, no amor da Mãe. Este me parece um sinal muito importante para a nossa época», declarou.

O Pe. Federico Lombardi S.J., diretor da Sala de Informação da Santa Sé, pediu aos jornalistas que viajavam com o Papa que apresentassem as perguntas por escrito. Foram lidas em francês e o Papa respondeu neste idioma.

Segundo declarou o Pe. Lombardi, estas 4 respostas «deram verdadeiramente um tom, uma inspiração a quem deseja acompanhar o Santo Padre, compreendendo verdadeiramente o espírito de sua peregrinação e de sua visita à França».

Jean-Marie Guénois, correspondente do jornal «Le Figaro», que se encontrava no avião pontifício, explicava que em seu encontro com os jornalistas, «o Papa parecia muito sereno e em boa forma».


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9 comentários:

Anônimo disse...

Vocês acreditam mesmo nesta bobajada do Santo Padre? A Missa Nova não se opõe a Missa Tradicional? A laicidade não etá em contradição com a Fé?
Ou seja, o Papa negou umas quantas verdades de Fé neste texto e vocês o publicam como algo inofensivo, emanado do bondoso coração do Vigário de Deus.
Vocês "conservadores" são mais perniciosos que os modernistas clássicos. Isso é ser morno, ser fraco, ser ingênuo, ser... pusilânime. Isto eu digo porque vocês não são burros e conhecem um pouco mais de doutrina que a maioria. É assustador!

Ecclesiae Dei disse...

Gente... não me conformo como podem ainda não entender algo que é tão simples, mesmo quando vem da boca do Santo Padre...

Anônimo disse...

A laicidade é um fruto da fé?

Então quando a Igreja ensinava o contrário, ensinava algo contra a fé?

Os que preferem "errar com o papa" aceitam qualquer coisa colocada sob o angélico aspecto: "da boca do Santo Padre".

Penso que o comment acima necessitaria de um reparo:

"Gente... não me conformo como podem ainda não entender algo que é tão simples, AINDA QUE VENHA da boca do Santo Padre..."

Fausto

Anônimo disse...

A dificuldade não é em entender, mas em acreditar que isso vem da boca do Santo Padre. Ou seja, como digerir heresias da boca de nosso Pai, do comandamente da barca de Pedro. Não somos sedevacantistas, mas não podemos obedecer o erro, pois se o fizéssemos seríamos desobedientes a Deus e a santa doutrina de sua sempre santa Igreja.
Quanto a frase "melhor errar com o Papa..." muito cuidado com seu significado. Até Dom Bosco que costumava usá-la, assim que descobriu que Pio IX era maçom, pediu aos seus jovens que não cantassem mais "viva o Papa!" mas "viva o Papado!".
Obediência cega só a Deus.

Anônimo disse...

de Wilson.

Queridos irmãos em Cristo, de todos os pecados que nos infestam, o orgulho nos faz "superiores" a todos e cegos a tudo, nos equipara a protestantes que acreditam não precisarem da Santa Igreja Católica para sua salvação, e a vaidade é o que nos impele a demonstrar nossa "maior qualificação" na avaliação de nossa fé. Irmãos católicos que discordam da opinião do Papa, devem se manifestar de forma humilde e submissa, pois esta é a forma dos que não buscam apenas a sua exaltação. Se a liturgia na língua vernácula trouxe benefícios para a salvação de muitos, permitir a celebração em latin àqueles que possuidores de uma cultura diferenciada assimilam a contextualidade da liturgia não trará malefícios. Todos os ritos devem conduzir para a salvação. A laicidade do estado jamais existirá, pois o cidadão do poder civil é o mesmo fiél (ou infiel), mas a Igreja deve lutar para que todos estejamos sob uma mesma fé e assim o estado laico agiria com a fé de seus prepostos, com a fé de nossa igreja. A Igreja deve repetir ainda hoje ..."não peço que os tire do mundo, mas que os preserve do mal".
Para a vaidade, a humildade.
Para o orgulho, a fé.
Na paz de Cristo

Ecclesiae Dei disse...

é... o Wilson acima disse tudo!

Anônimo disse...

Quais foram estes beneficios? A destruição da igreja?

Anônimo disse...

Caro Wilson, salve Maria.

Compreendo bem sua boa intenção. E até louvo pessoas que se manifestem dessa maneira.
Mas não é, definitivamente, um determinado tom que dita uma intenção.
Uns possuem um tom mais sereno, outros mais "alterado". E isso não quer dizer que auqele age bem e este age mal.
Não vejo "falta de submissão" ao Santo Padre nos comentários. Vejo sim uma indignação justa à respeito de temas que inquietam a consciência de muitos católicos nos dias de hoje. Falando de mim, serei sempre submisso à Roma. não tenha dúvidas.

Quanto à questão do latim na liturgia, não tem absolutamente nada a ver com cultura, isso é ridículo. Posso então, concluir disso que antes do CVII os cristãos eram dotados de uma cultura elevada, pois as Missas eram em latim? Sabemos que isso não é verdade.
Você diz que a liturgia antiga não trará "malefícios"... é claro que não trará "malefícios". Nunca trouxe. Esse seu comentário, me desculpe Wilson, mas parece que não conhce bem o tema do que está falando, com respeito mesmo, de verdade.
Imagine a liturgia antiga trazendo "malefícios". Isso deve ser dito, sem dúvida nenhuma, à respeito da nova liturgia, com a língua vernacular, com a língua "angelical", participação do povo com danças, palmas e um belo desfecho bem humorado regado ao bom e velho "parabéns à você".
Wilson, compreendo que a confusão nos nossos dias é imensa. Se alguns reclamam que na Idade Média as pessoas não tinham acesso à informação (blah!), hoje temos informação até demais. Informações boas e más. A difuculdade é discernir. E aos seus ouvidos tem chegado informações não muito boas, creio eu, pois dizem que "...a laicidade nunca existirá..."
Fiquei, sinceramente, confuso com isso que escreveu. Não entendi.
a laicidade do Estado é diamentralmente oposta ao reinado social de Nosso Senhor e você me diz que ela não existe porque o Estado age com a fé das próprias pessoas. Depois cita uma passagem à respeito de tirar-nos ou não do mundo... o que tem a ver uma coisa com a outra?

A confusão é grande, meu caro.

Rezemos para que possamos ser conduzidos por Deus para fora dela.

Mais que a aparência bonita que existe em um discurso sereno, o que nos importa é a caridade.
E essa, não existe se não estiver sob a "tutela" da verdade. Por isso, prefiro um discurso duro, mas verdadeiro, que o ameno, mas confuso, ambíguo,falso.

Já dizia um Santo que não me vem à memória, agora:
"Tempos difíceis de se viver; tempos gloriosos de se viver".

Fraternalmente

fausto

Anônimo disse...

Muito bem, Fausto. E os parabéns são pela sensatez em suas exposições e pela caridade que demonstrou com o colega.
Eu fiz uso de um tom um pouco mais agressivo apenas para mostrar o sentido católico da obediência, que não se obedece ao mal, ainda que viesse de um anjo mesmo. Longe de mim querer me antecipar ao Magistério. Muito pelo contrário, é o desejo de obedecer a Igreja de Sempre (não essa nascida do satânico vaticano II).
Veja Fausto, como não estão cegos somente os modernistas aloprados (rcc, teologia da libertação, focolares, neocatecumenato...) mas ainda mais tristemente os ditos "conservadores" que este site (falsitatis) representa tão bem. Nessas horas me vem à mente o "...assim porque és morno e não és quente nem frio, vomitar-te-ei de minha boca...". Em matéria de Fé não se pode titubear. A crise é de fé, é de inteligência e é aguda; e é por isso mesmo que não podemos nos permitir o acomodamento do oficialismo. Não é preciso enxergar o interior dos cardeais para perceber a má Fé dos homens da Igreja de hoje. Bento XVI não dá sinais de arrependimento nem boa vontade com relação àqueles que se mantiveram firmes na Fé e na liturgia de sempre. O Mottu Proprio foi um avanço sim, mas convenhamos, é ainda muito tênue, muito pouco diante do estado quebrantado que se encontra a flageladíssima Igreja e ainda mais vindo de um modernista hegeliano notório como Bento XVI.
Rezemos, rezemos, rezemos...