segunda-feira, 26 de maio de 2008

Papa alerta sobre «cinismo relativista» que substitui verdade na comunicação

Ao receber representantes de Faculdades de Comunicação de Universidades Católicas

Por Marta Lago

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 23 de maio de 2008 (ZENIT.org).- O Papa exorta a que a tarefa formativa dos futuros profissionais da comunicação desterre o relativismo que rejeita ou ignora apelar à verdade.

Bento XVI comentou isso ao receber em audiência, nesta sexta-feira, os participantes do Congresso de Faculdades de Comunicação Social das Universidades Católicas.

A convocação, promovida pelo Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, reúne em Roma, de 22 a 24 de maio, especialistas de 43 países em representação de 45 universidades e 13 instituições e organismos do âmbito da mídia.

No contexto de reflexão sobre a identidade e missão desses centros de formação, os participantes no encontro levam a cabo um diálogo amplo sobre a complexidade atual da comunicação.

E esta, «enquanto prefigura horizontes futuros e potencialidades sempre novas, propõe delicados problemas no campo ético», reconheceu o presidente do dicastério, o arcebispo Claudio Maria Celli, em suas palavras de saudação ao Santo Padre.

Daí que o Congresso – acrescentou o prelado – siga o conceito de «info-ética» que Bento XVI indicou – em sua mensagem para a recente Jornada Mundial das Comunicações Sociais –, orientado a assinalar a decisiva incidência dos aspectos morais na utilização dos meios de comunicação.

De fato, o Santo Padre exortou nesta sexta-feira a dar «maior atenção aos programas acadêmicos do âmbito dos meios de comunicação social, em especial nas dimensões éticas da comunicação entre as pessoas».

«É importante que esta formação jamais seja considerada como um simples exercício técnico ou como mero desejo de dar informações», advertiu; «é oportuno que seja muito mais um convite a promover a verdade na informação e a fazer nossos contemporâneos refletirem sobre os acontecimentos».

O «compromisso com as questões da verdade» deve centrar toda reflexão sobre a comunicação humana; «um comunicador pode tentar informar, educar, entreter, convencer, consolar, mas o valor final de qualquer comunicação reside em sua veracidade», afirmou o Papa.

Longe de «promover os objetivos e os propósitos do comunicador ou daqueles para quem trabalha sem considerar a verdade», «a arte da comunicação está por natureza ligada a um valor ético, às virtudes que são o fundamento da moral», refletiu.

Professor universitário durante um longo tempo, o Papa Joseph Ratzinger falou aos docentes animando-os a alimentar e recompensar «a paixão pela verdade e a bondade que sempre é forte nos jovens».

«Mas ensinai-os também que a própria paixão pela verdade, que igualmente pode ajudar-se de certo ceticismo metodológico, em particular em questões de interesse público, não deve distorcer-se nem converter-se em um cinismo relativista – acrescentou –, segundo o qual toda apelação à verdade e à beleza é habitualmente rejeitada ou ignorada.»

Quanto à identidade de uma universidade católica, não é o número de estudantes de tal fé o que a determina, recordou Bento XVI, mas sua «convicção»: «crer verdadeiramente que só no mistério do Verbo feito carne se esclarece o mistério do homem».

Desta forma, a fé permite uma aproximação mais ampla do campo da comunicação humana, que «não é um simples produto de uma mera e fortuita casualidade ou de nossas capacidades», apontou.

Da revelação bíblica se desprende – exemplificou – que a comunicação «reflete mais nossa participação no Amor trinitário criativo, comunicativo e unificador que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo».

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