sábado, 19 de abril de 2008

Papa diz que o diálogo tem uma proposta: buscar a verdade

Saúda os judeus pela Festa da Páscoa

WASHINGTON, D.C., 18 de abril de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI disse que o diálogo inter-religioso tem uma proposta além de estabelecer uma sociedade mais pacífica: o ponto principal do diálogo é buscar a verdade.

O Papa afirmou esta quinta-feira em um encontro com líderes religiosos na capital americana. O tema do encontro foi «Peace Our Hope» (Paz, nossa esperança), e aconteceu no Centro Cultural Papa João Paulo II.

O Santo Padre falou para os líderes sobre liberdade religiosa, louvando os Estados Unidos pelo fato de que pessoas de muitas religiões possam coexistir aí pacificamente.

«É de desejar que vossa experiência anime outros, sendo conscientes de que uma sociedade unida pode proceder de uma pluralidade de povos - E pluribus unum, de muitos, um -, com a condição de que todos reconheçam a liberdade religiosa como um direito civil fundamental», disse o Papa.

O Pontífice também enfatizou o valor da educação baseada na fé: «Estas instituições enriquecem as crianças tanto intelectual como espiritualmente», afirmou.

Bento XVI também expressou sua aprovação para um «interesse crescente entre os governos para patrocinar programas destinados a promover o diálogo inter-religioso e intercultural. Trata-se de iniciativas louváveis. Ao mesmo tempo, a liberdade religiosa, o diálogo inter-religioso e a educação baseada na fé tendem a algo mais que alcançar um consenso encaminhado a encontrar caminhos para formular estratégias práticas para o progresso da paz».

E ele continuou: «O objetivo mais amplo do diálogo é descobrir a verdade».

O Papa ainda quis mencionar as questões que o diálogo religioso deve embarcar: «Qual é a origem e o destino do gênero humano? Que é o bem e o mal? Que nos espera ao final de nossa existência terrena?»

«Apenas enfrentando estas questões mais profundas poderemos construir uma base sólida para a paz e a segurança da família humana: ‘onde e quando o homem se deixa iluminar pelo esplendor da verdade, empreende de modo quase natural o caminho da paz’», ele disse.

A proposta cristã

O bispo de Roma descreve o que a Igreja Católica oferece ao diálogo inter-religioso.

«Perante estes questionamentos mais profundos sobre a origem e o destino do gênero humano, os cristãos propõem Jesus de Nazaré» – disse o Papa –. «Ele é, assim acreditamos, o Logos eterno, que se fez carne para reconciliar o homem com Deus e revelar a razão que está no fundo de todas as coisas. É Ele quem levamos ao debate do diálogo inter-religioso. O desejo ardente de seguir seus passos impulsiona os cristãos a abrirem suas mentes e seus corações para o diálogo».

Ainda acrescenta: «Queridos amigos, em nosso intento de descobrir os pontos de comunhão, temos evitado talvez a responsabilidade de discutir nossas diferenças com calma e clareza. Enquanto unimos sempre nossos corações e mentes na busca da paz, devemos também escutar com atenção a voz da verdade».

«Deste modo, nosso diálogo não se deterá apenas em reconhecer um conjunto comum de valores, mas que avançará para indagar seu fundamento último. Não temos nada a temer, porque a verdade nos revela a relação essencial entre o mundo e Deus».

«Queridos amigos» – concluiu o Santo Padre –, «deixemos que nosso diálogo sincero e nossa cooperação impulsionem todos a meditar as perguntas mais profundas sobre sua origem e destino. Que os membros de todas as religiões estejam unidos na defesa e promoção da vida e a liberdade religiosa em todo o mundo. E que, dedicando-se generosamente a este sagrado dever – através do diálogo e de tantos pequenos atos de amor, de compreensão e de comunhão – sejamos instrumentos de paz para toda a família humana».

Páscoa Judaica

Depois de seu encontro com os líderes inter-religiosos, Bento XVI dirigiu um discurso especial para o povo Judeu pela sua festa da Páscoa, que inicia sábado.

«Cristãos e judeus» – disse o Papa – «compartilham esta esperança; de facto, como dizem os profetas, nós somos ‘prisioneiros da esperança’. Este vínculo permite-nos, a nós cristãos, celebrar ao vosso lado, embora a modo nosso, a Páscoa da morte e da ressurreição de Cristo, que vemos como que inseparável de vós mesmos, pois o próprio Jesus afirmou: ‘A salvação vem dos judeus’.»

«A nossa Páscoa e a vossa Pesah, apesar de distintas e diferentes, unem-nos na esperança comum que está centrada em Deus e na sua misericórdia. Isto incita-nos a cooperar uns com os outros e com todos os homens e mulheres de boa vontade, a fim de fazermos melhor este mundo para todos, à espera do cumprimento das promessas de Deus».

O Santo Padre ainda continuou: «Com respeito e amizade, peço, pois, à Comunidade Judaica que aceite os meus votos de Pesah num espírito de abertura às reais possibilidades de cooperação que se abrem diante de nós, enquanto contemplamos as urgentes necessidades do nosso mundo e olhamos com compaixão para os sofrimentos de milhões de irmãs e irmãos nossos em toda a terra».

«Naturalmente, a nossa compartilhada esperança de paz no mundo abraça o Médio Oriente e, de modo particular, a Terra Santa. Possa a recordação das misericórdias do Senhor, que judeus e cristãos celebram neste tempo de festa, inspirar a todos os responsáveis pelo futuro daquela região – onde tiveram realmente lugar os acontecimentos ligados à revelação de Deus – renovados esforços e, especialmente, novas atitudes e uma nova purificação dos corações!»

Um comentário:

Anônimo disse...

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PAX

Sinceramente tento, me esforço para ver boas coisas, mas não consigo enxergar outra coisa senão a pregação de um relativismo religioso tremendo em encontros, mensagens e outros tipos de atividades que envolvem o relacionamento com outras religiões. Isso porque, sempe me dá a impressão de "dar o braço a torcer" às "verdades" das outras religiões, enquanto que Nosso Senhor vai sempre sendo colocoado de lado.

Por exemplo, neste trecho:

«A nossa Páscoa e a vossa Pesah, apesar de distintas e diferentes, unem-nos na esperança comum que está centrada em Deus e na sua misericórdia. Isto incita-nos a cooperar uns com os outros e com todos os homens e mulheres de boa vontade, a fim de fazermos melhor este mundo para todos, à espera do cumprimento das promessas de Deus».

Pôxa, acho super estranho... A nossa esperança está em Cristo, Nosso Senhor (que é Deus, evidentemente), mas ao se dirigir ao povo judeu, temos que mudar o discurso para não causar-lhes certo escândalo, não mencionando o nome de Cristo.
É como aconteceu com a história da mudança da oração para os judeus, na Sexta-feira Santa.
O que eu li em blogs e sites tratando do tema e o que foi dito por superiores da hierarquia da Igreja, puxa, muito esquisito. Pra mim, tudo se resolveria dizendo: "Bom, é isso mesmo! Somos católicos e rezamos para que os judeus reconheçam a Cristo Nosso Senhor, como único salvador da humanidade". Pronto!
É em que acreditamos. Não temos que colocar em primeiro plano a boa relação com os judeus.
Enfim, tenho rezado muito pela Igreja e por mim também. Que Cristo, nosso Senhor e Salvador, tenha piedade de nós.