domingo, 9 de dezembro de 2007

Ato de veneração à Imaculada Conceição na Piazza di Spagna

Homilia do Santo Padre na Piazza di Spagna

ROMA, domingo, 9 de dezembro de 2007 (ZENIT.org).- Publicamos a seguir a homilia pronunciada pelo Santo Padre durante o Ato de Veneração à Imaculada, na Piazza de Spagna, em Roma, na tarde desse sábado, no dia em que a Igreja comemora a festa da Imaculada Conceição de Maria.

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Caros irmãos e irmãs:

Em uma ocasião já tradicional, nós nos encontramos aqui, na Piazza di Spagna, para oferecer nossa homenagem floral a Nossa Senhora, no dia em que toda a Igreja celebra a festa de sua Imaculada Conceição. Seguindo os passos de meus predecessores, também eu me uno a vós, caros fiéis de Roma, para estar com afeto e amor filiais aos pés de Maria, que há 150 anos já vela do alto desta coluna sobre nossa cidade. O gesto de hoje é, portanto, um gesto de fé e de devoção que nossa comunidade cristã repete todos os anos, quase para confirmar o próprio empenho de fidelidade Àquela que, em todas as circunstâncias da vida cotidiana, nos assegura sua ajuda e sua proteção materna.

Esta manifestação religiosa é, ao mesmo tempo, uma ocasião para oferecer aos que vivem em Roma ou passam alguns dias como peregrinos e turistas, a oportunidade de sentirem-se, ainda que na diversidade das culturas, uma única família que se reúne em torno de uma Mãe que partilhou as fadigas quotidianas de cada mulher e mãe de família. Uma mãe, antes de tudo, singular, escolhida por Deus para uma missão única e misteriosa, de gerar à vida terrena o Verbo eterno do Pai, vindo ao mundo para a salvação de todos os homens. E Maria, Imaculada na sua concepção virginal – assim a veneramos hoje com devoto reconhecimento –, percorreu sua peregrinação terrena sustentada por uma fé intrépida, uma esperança sólida e um amor humilde e ilimitado, seguindo os passos de seu filho Jesus. Esteve próxima dele com solicitude materna, do nascimento ao Calvário, onde assistiu à sua crucifixão repleta de dor, mas imóvel na esperança. Ela depois experimentou a alegria da ressurreição, no alvorecer do terceiro dia, do novo dia, quando o Crucificado deixou o sepulcro, vencendo para sempre e de forma definitiva o poder do pecado e da morte.

Maria, em cujo seio virginal Deus se fez homem, é nossa Mãe! Do alto da cruz, de fato, Jesus, antes de consumar seu sacrifício, entregou-a como mãe e a Ela nos confiou como seus filhos. Mistério de misericórdia e de amor, dom que enriquece a Igreja de uma fecunda maternidade espiritual. Voltamos nosso olhar a Ela, sobretudo neste dia, caros irmãos e irmãs, e, implorando sua ajuda, dispomo-nos a ter seu materno ensinamento como tesouro de todos. Esta nossa celeste Mãe não nos convida somente a fugir do mal e a fazer o bem seguindo docilmente a lei divina inscrita no coração de todo cristão? Ela, que conservou a esperança ainda em meio à prova, não nos pede senão que não percamos a força quando o sofrimento e a morte batem à porta de nossas casas? Não nos pede para guardar fielmente o nosso futuro? A Virgem Imaculada não nos exorta a sermos irmãos uns dos outros, todos comungando o empenho de construir juntos um mundo mais justo, solidário e pacífico?

Sim, caros amigos! Mais uma vez, neste dia solene, a Igreja mostra Maria ao mundo como sinal de segura esperança e de definitiva vitória do bem sobre o mal. Aquela que invocamos como «cheia de graça» nos recorda que somos nós todos irmãos e que Deus é nosso Criador e Pai. Sem Ele, ou ainda pior, contra Ele, nós, homens, não podemos mais encontrar o caminho que conduz ao amor, não podemos mais construir uma paz estável.

Acolham os homens de cada nação e cultura esta mensagem de luz e de esperança: acolham-no como dom das mãos de Maria, Mãe de toda humanidade. Se a vida é um caminho, e este caminho se torna freqüentemente escuro, duro e fatigoso, esta estrela poderá iluminá-lo? Em minha encíclicaSpe salvi, publicada no início do Advento, escrevi que a Igreja se volta para Maria e a invoca como «estrela da esperança» (n. 49). Em nossa viagem comum no mar da história, necessitamos de «luzes de esperança», de pessoas, isto é, que trazem luz de Cristo «e oferecem assim orientação para nossa travessia» (ibid.). E quem melhor que Maria pode ser para nós «Estrela da esperança»? Ela, com seu «sim», com a oferta generosa da liberdade recebida do Criador, consentiu com a esperança dos milênios de encontrar a realidade, de entrar neste mundo e na sua história. Por seu intermédio, Deus se fez carne, tornou-se um de nós, e construiu sua morada no meio de nós.

Por isso, animados pela filial confiança, dizemos-lhe: «Ensinai-nos, Maria, a crer, a esperar e a amar como vós; indicai-nos o caminho que conduz à paz, o caminho em direção ao reino de Jesus. Vós, Estrela da esperança, que trepidante nos atendeis na luz sem fim da Pátria eterna, brilhai sobre nós e guiai-nos na vivência de cada dia, agora e na hora de nossa morte. Amém!»

Tradução do original em italiano por José Caetano. Revisão: Aline Banchieri

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